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Após massacre, garimpo em reserva indígena segue ativo


Reserva teria capacidade para produzir R$ 40 milhões em diamantes por mês
Uma região que foi cenário de um massacre há três anos pode voltar a viver momentos de violência. Em abril de 2004, 29 garimpeiros que invadiram uma reserva indígena em Rondônia, em busca de diamantes, foram mortos a tiros por índios cintas largas. Vinte e quatro índios foram indiciados, mas até hoje ninguém foi preso.
Um decreto do governo federal proibiu a exploração dos diamantes na reserva. Mas ela voltou a funcionar, gerando o risco de um novo massacre. "Foi proibido somente para os pobres, para aqueles necessitados que iam lá tirar um pouquinho para ganhar uma porcentagem. Mas para aqueles outros não. Ele funciona até hoje", acusa Edith Rodrigues, que perdeu o irmão no massacre de 2004. A Polícia Federal tenta impedir o funcionamento do garimpo, mas são apenas 24 agentes para tomar conta da região ao redor da reserva.
Em Rondônia existem quatro aldeias da tribo cinta larga. Cerca de 1,3 mil índios vivem numa área que tem aproximadamente o tamanho do estado de Sergipe. Espigão d´Oeste é a cidade mais próxima de uma das quatro aldeias, a Roosevelt, onde aconteceu o massacre de 2004.
Estudos mostram que a área esconde uma das maiores reservas de diamantes do mundo, com capacidade para produzir R$ 40 milhões por mês. No auge do garimpo, os caciques compraram carros importados, casas e outros bens que eles passaram a valorizar após o contato com os brancos.
Problemas
O primeiro contato com os cintas largas foi feito em 1969. A descoberta dos diamantes na reserva Roosevelt, há oito anos, trouxe problemas para os cintas largas.
"Os índios normalmente são pouco habituados com o valor do dinheiro. Então, quando fazem a venda de diamantes, eles vêm para a cidade e gastam esse dinheiro de forma rápida, às vezes até inconseqüente. Muitos comerciantes hoje são credores desses índios, que estão em grande maioria endividados", explica Rodrigo de Souza Carvalho, delegado da Policia Federal, que há dois anos está em missão na Operação Roosevelt, em Pimenta Bueno, interior de Rondônia.
Conflito
O chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral, Deolindo de Carvalho Neto, aponta que a atividade do garimpo conta com a conivência das lideranças indígenas. "A atividade, se não fosse feita com aquiescência dos lideres, seria muito difícil ou impossível entrar na reserva", garante.
Desde a época do massacre, centenas de máquinas de mineração foram apreendidas. As estradas que levam à aldeia estão cercadas, mas os garimpeiros sabem como furar o bloqueio."O que eles fazem é contornar as estradas, varando por dentro da selva e ingressando para dentro do garimpo", conta o delegado Mauro Sposito.
O cacique da tribo, Marcelo cinta larga, reconhece ter conhecimento do garimpo. Segundo ele, a solução para o conflito entre índios e garimpeiros "não legalização para o homem branco trabalhar, mas para que o povo indígena brasileiro possa trabalhar e extrair a sua riqueza natural, não só do garimpo, mas de outros", diz.
De acordo com o delegado Mauro Sposito, é preciso definir logo o que deve ser feito. "Se será explorado por alguma outra empresa, se será explorado pelos próprios indígenas. Tem que ter uma definição, pois a falta dela é que causa essa situação de tensão na área. O que todos na região mais temem é a repetição de um massacre como o de 2004", alerta. "Tanto há risco dos garimpeiros matarem os índios, quanto há risco dos índios matarem os garimpeiros", afirma.
Celso Fantini, delegado do Sindicato dos Garimpeiros, reforça essa preocupação. "Sem sombra de dúvida, se for descoberto nas áreas adjacentes uma área que seja rica como era a grotinha, provavelmente haverá um novo massacre, até em proporções maiores", prevê.
Fonte: G1

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