Quarta-feira, 27 de outubro de 2010 - 13h59
Luiz Antônio Alves
Agência Brasil, Brasília - A morte do ex-presidente argentino Néstor Kirchner na madrugada de hoje (27), aos 60 anos, já está provocando nos meios políticos análises e especulações sobre o futuro do país, principalmente porque toda a movimentação já se encaminhava para a sucessão da presidente Cristina Kirchner, nas eleições presidenciais do ano que vem. Um dos aspectos mais importantes que estão sendo salientados nessas análises é que o Casal K, como Nestor e Cristina são conhecidos, não deu a devida importância ao estado de saúde do ex-presidente.
Os problemas de Néstor Kirchner começaram em fevereiro passado, quando o ex-presidente foi hospitalizado para uma cirurgia na carótida. No dia 11 de setembro, Kirchner passou por uma angioplastia para a colocação de um stent, prótese metálica instalada no interior de artérias coronarianas obstruídas por gordura, para normalizar o fluxo sanguíneo.
Alguns analistas dizem que o Casal K não tornou pública a preocupação com a saúde do ex-presidente para não transformá-la no episódio central da política argentina. O analista Eduardo van der Kooy acredita que a morte de Kirchner sinaliza tempos difíceis para a corrente política conhecida como kirchnerismo, que nada mais é do que um prolongamento do peronismo, denominação genérica aplicada ao Movimento Nacional Justicialista e que remete ao ex-presidente Juan Domingo Perón, que governou a Argentina de 1946 a 1955 e de 1973 a 1974.
Outra dúvida levantada pelos analistas políticos argentinos é como a presidente Cristina Kirchner levará o mandato até o fim sem o apoio do marido, considerado a verdadeira força por trás do governo. Além de se preocupar com o governo em si, caberá a Cristina Kirchner comandar o processo sucessório dentro do Partido Justicialista, que era dirigido pelo marido.
Os problemas políticos da presidente Cristina Kirchner começaram no ano passado, quando os candidatos que a apoiavam em vários distritos eleitorais argentinos perderam as eleições legislativas, que renovaram o Congresso Nacional. Foi a primeira vez que o kirchnerismo sofreu derrota desse porte, que significou a perda da maioria política no Congresso. Na província de Buenos Aires, o ex-presidente Kirchner e o partido oficialista Frente para a Vitória perderam a liderança para o candidato da oposição, Francisco de Narvaez. Buenos Aires representa 38% do eleitorado argentino.
Em março de 2007, novo revez político para o Casal K. Pela primeira desde que assumiu a cadeira presidencial, Cristina Kirchner perdeu influência nas comissões no Congresso. Na ocasião, os partidos de oposição conseguiram quórum suficiente para controlar 13 das 25 comissões que atuam no parlamento argentino. Depois de obter a maioria, a oposição conseguiu aprovar uma série de medidas consideradas inadequadas pelo governo, como a convocação do ministro da Economia, Amado Boudou, para prestar contas ao Congresso.
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