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Exército fecha 70 lojas que reajustaram preços na Venezuela



Autoridades venezuelanas fecharam nesta segunda-feira cerca de 70 estabelecimentos comerciais sob a acusação de aumentarem os preços para se aproveitarem da desvalorização do bolívar. Na última sexta-feira, o presidente Hugo Chávez havia derrubado a cotação da moeda local em relação ao dólar. 

BBC Brasil

Desde 2005, o governo mantinha a moeda americana a 2,15 bolívares. Agora, para produtos essenciais, como comida, remédio e máquinas, a cotação passou para 2,6 bolívares por dólar. Para os demais produtos, o aumento foi de quase 100%, chegando a 4,3 bolívares por dólar.

Com o objetivo de impedir que os comerciantes aumentassem imediatamente o preço dos produtos que foram importados pela cotação antiga, Chávez pediu aos venezuelanos que denunciassem qualquer remarcação de preços.

Ele também ordenou ao Exército que assuma o controle do que chamou de "empresas especuladoras".

Empresas fechadas

No domingo, Hugo Chávez afirmou: "Alguns burgueses, oligarcas (...) estão dizendo que, por causa das medidas anunciadas na sexta, eles terão de aumentar todos os preços. De maneira alguma vamos aceitar!"

Com base nisso, o Instituto para a Defesa das Pessoas e o Acesso a Bens e Serviços (Indepabis) inspecionaram 96 comércios e fecharam, com ajuda do Exército, 70 deles, segundo a agência estatal ABN. Os principais alvos foram as grandes redes de supermercados.

Os venezuelanos por sua vez, trataram de correr às lojas para tentar aproveitar os preços sob a cotação antiga. A reportagem da BBC flagrou uma fila que dobrava a esquina em uma famosa loja de eletrodomésticos na capital Caracas. Um dos consumidores, parecendo pouco otimista em relação à alta nos preços, disse que "mais vale uma lavadora na mão do que cem voando".

Inflação

O presidente venezuelano justificou a desvalorização dizendo que o plano vai reduzir as importações e estimular as exportações do país. No entanto, críticos afirmam que a medida vai alavancar a inflação no país, que já é a mais alta da América Latina.

Segundo dados oficiais, a inflação venezuelana em 2008 foi de 30% e a do ano passado chegou a 25%.

Comerciantes locais afirmaram à BBC que ainda não sabem quando nem quanto, mas que inevitavelmente os preços vão subir.

O panorama inflacionário é explicado em parte pelo controle do câmbio. Para importar, as empresas do país precisam de autorização do governo, que fornece os dólares para a transação. Quando os recursos não são suficientes, os empresários recorrem ao mercado paralelo de dólar, em que a moeda vale mais de 6 bolívares, ou desistem da troca complementar, o que muitas vezes os obriga a sofrer com falta de insumos e equipamentos.

Com isso, o país enfrenta uma queda na oferta de produtos, e a consequência é a inflação.

Para o professor da Universidade Católica Andrés Bello, Ronald Balza, a recente desvalorização vai gerar um cenário de escassez. Em entrevista à BBC, Balza explicou que em 2010, por ser ano eleitoral, o governo vai aumentar gastos públicos. Com mais dinheiro em circulação e importações mais caras, a tendência é a escassez e a consequente inflação.

Omar Barboza, presidente-executivo do partido de oposição Um Novo Tempo (UNT), disse à agência Efe que o novo plano é "um duro golpe no estômago do povo venezuelano e tem o objetivo imediato de gerar dinheiro para o governo em um ano eleitoral".

Com a desvalorização da moeda, a receita do país tende a aumentar, já que grande parte dela é gerada pela venda de petróleo em dólar.

Já Rodrigo Cabezas, ex-ministro das Finanças de Chávez, aprova a medida recente. "O que temos de conseguir com o equilíbrio cambial, em um contexto de recuperação dos preços do barril de petróleo e de uma política fiscal responsável, é retroceder o movimento dos preços na Venezuela", disse à BBC.

Em sua visão, o país entrou "em uma espécie de parêntese para recuperar o caminho do crescimento econômico e da estabilidade cambial e monetária".

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