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Capacidade negociação e tolerância no legado de Mandela


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Yara Aquino*
Agência Brasil

Brasília – A capacidade de negociar com diferentes setores foi uma das características marcantes do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, líder da luta contra o apartheid, o regime de segregação racial que vigorou no país de 1948 a 1994, em que a minoria branca detinha todo poder político e econômico e a maioria negra cumpria as regras da legislação separatista. É o que representantes do movimento negro, do governo brasileiro, artistas, parlamentares e militantes da área de direitos humanos destacam na personalidade Mandela, morto no dia 5 deste mês, e enterrado neste domingo (16), em Qunu, cidade onde passou a infância.

Eles avaliam o legado de Mandela para esta e para as futuras gerações. O ex-presidente, que passou 27 anos na prisão, combateu o  apartheid, e conquistou o respeito de adversários e críticos pelos esforços em busca da paz. Em 1983, ele dividiu o Prêmio Nobel da Paz om o então presidente da África do Sul Frederik de Klerk.

O diretor executivo da Educafro, Frei David Santos, ressalta a capacidade estratégica de negociação de Nelson Mandela com diferentes setores como um aprendizado a ser aplicado nas lutas dos movimentos sociais. “Ele teve a coragem de trabalhar com a situação de oposição fazendo todos servirem à causa do povo negro e à causa da paz.”

O coordenador do Centro de Cultura Negra do Maranhão, Maurício Paixão, considera as atitudes do ex-presidente da África do Sul uma inspiração para que os negros busquem um país mais justo e uma sociedade fortemente democrática. “Este é o exemplo que o Mandela nos deixa e faz com que dialoguemos com a sociedade e fortaleçamos a população negra. Isso faz também com que os executores de políticas públicas pensem e repensem sobre uma política que realmente inclua e não exclua, principalmente a população negra.”

O cantor e secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Netinho de Paula, destaca o sucesso que Mandela alcançou ao atuar de forma diplomática para alcançar seus ideais. “Dois momentos são marcantes para mim. O primeiro é quando ele resolve ir para a luta armada. E o segundo, quando ele passa pela prisão e, então, entende que a diplomacia tem mais poder que a violência, que as armas”, diz Netinho, que é também vereador licenciado.

Para a coordenadora executiva do Geledés – Instituto da Mulher Negra, Sueli Carneiro, o apreço pela liberdade e a determinação para combater o racismo são importantes ensinamentos que Nelson Mandela deixa para o futuro. “A questão essencial do pensamento dele [Mandela] é não permitir que o racismo nos contamine. Não permitir que venhamos a reproduzir as mesmas perversidades que o racismo promove. Não permitir que o ódio e o revanchismo nos governem na nossa luta”, disse.

A coerência política ao longo de sua trajetória e o compromisso com a luta da classe trabalhadora são os exemplos de Mandela a serem seguidos por governantes e militastes, diz João Paulo Rodrigues, integrante da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). “A coerência política de Mandela ao longo de tantos anos de vida pública e de luta é um elemento importante. Mandela conseguiu se manter firme, do ponto de vista das suas posições ideológicas, mesmo quando estava preso e também quando estava à frente do governo”, lembrou Rodrigues.

A secretária executiva da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Patrícia Barcelos, cita a luta pela liberdade e a resistência como elementos da jornada de Mandela a serem aplicados no dia a dia. “Mandela deixou um legado de tolerância das relações entre as pessoas. A luta dele demonstrou que, por meio da tolerância, do reconhecimento entre os povos, é que se alcançaria a paz.”

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A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), ativista do movimento negro, disse esperar que o Brasil se espelhe nas atitudes do líder sul-africano. “Espero que o Brasil acorde para o exemplo de Mandela e possa dar um tratamento à maioria a população, que ainda é excluída, a essa maioria que ainda tem que brigar pelas terras quilombolas.”

O cantor Martinho da Vila aponta o desapego de Mandela ao poder como um caminho a ser trilhado também pelos políticos brasileiros. “Um exemplo que ele deu para os políticos foi o desapego ao poder. O poder tem um atrativo: quase todos os que assumem uma função poderosa não querem sair nunca mais. Ele [Mandela], se quisesse, se perpetuaria como presidente até a sua morte, mas ele foi eleito, cumpriu o seu período e promoveu eleições”, observou.

Mandela ficou 27 anos preso em decorrência de sua luta em favor da igualdade racial, da liberdade e da democracia. Ele foi o primeiro presidente negro da África do Sul, de 1994 a 1999. Mandela morreu no ultimo dia 5, aos 95 anos, em decorrência de problemas respiratórios

*Colaboraram Beatriz Pasqualino, Graziele Bezerra, Juliana Cézar Nunes e Tâmara Freire, repórteres da RádioAgência

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