Sábado, 21 de setembro de 2013 - 12h23
por Ricardo Teles / kanidé

O cacique Almir Narayamoga Suruí na aldeia Apetanha. Cacoal, Rondônia, maio de 2012.
Almir Suruí trouxe o mundo pós-moderno Floresta Amazônica adentro. Na Terra Indígena Sete de Setembro, fronteira entre Rondônia e Mato Grosso, firmou uma inédita parceria de povos indígenas brasileiros com a empresa americana Google para usar documentação digital e mapeamento por satélite como ferramentas de conservação. Além disso, os suruís (ou Paiter, o “Povo Verdadeiro”, como se autodenominam) foram pioneiros na venda de créditos de carbono, com uso do mecanismo de recompensa financeira pelo não desflorestamento, o Redd. “Os suruís usam a tecnologia para se reconectar com suas raízes”, diz o líder de uma etnia que teve seu primeiro contato apenas em 1969. Com os brancos, vieram as doenças, o álcool e a disputa pela terra. Os paiters foram reduzidos a meros 200 indivíduos, menos de 5% de sua população, na época do contato de 5 mil índios (parte dessa saga foi captada pelas lentes de Jesko von Puttkamer, em 1971, para uma reportagem de NATIONAL GEOGRAPHIC).
Como aconteceu o contato com o Google?
Em 2006, na universidade, conheci o Google Earth. Pude observar nossa reserva com a mata intacta, mas cercada por uma região desmatada para a produção agropecuária. Com ajuda da ONG Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), fui à sede do Google, nos Estados Unidos, e falei com a engenheira Rebecca Moore. Não pedi nada, apenas convidei a empresa a me ajudar a mostrar ao mundo a luta pela conservação.
Quais projetos surgiram dessa parceria?
Fomos capacitados no uso de ferramentas para disponibilizar na internet nossas denúncias. Em parceria com outras entidades, construímos um plano de 50 anos que orienta a vida da comunidade e o uso sustentável dos recursos naturais da reserva. Os jovens são protagonistas nessa tarefa: aprenderam legislação ambiental, uso de GPS e de câmeras fotográficas, cartografia, técnicas de abordagem. Estão aptos para aferir a fauna e a flora e para circular à procura de invasões de madeireiros e caçadores.
Isso gerou tensão? Você continua recebendo ameaças?
Eu e outros 12 líderes do povo Paiter vivemos pressionados por aqueles que desejam invadir a terra indígena. Fui avisado de que tinham contratado pistoleiro para me matar. Desde maio de 2012, estou sendo escoltado pela Força Nacional na região de Cacoal, com apoio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
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