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Meio Ambiente

Tuxauas se sentem como novos guardiães da fronteira


 
Cansado de brigar com autoridades e indígenas, último grande comerciante branco de Mutum foi embora

O último grande comerciante não-índio do vilarejo de Mutum, conhecido como Pedro Gaúcho, foi embora na semana passada. Cansou de brigar com as autoridades e os índios. O tuxaua Faustino Pereira da Silva, de 46 anos, comemorou sua saída. Para ele, foi mais um passo para os índios assumirem o controle da região, às margens do Rio Maú. Do lado de lá ficam as montanhas e as florestas da Guiana Inglesa.

Mutum - nome de um pássaro que não se encontra mais por ali - já foi uma movimentada vila de garimpeiros, com quase 2 mil pessoas, armazéns, posto policial, prostíbulos e até uma pista de cascalho para pousos e decolagens de aviões. Até os anos 90, pepitas de ouro e diamantes eram catados por ali quase à flor do solo e no leito dos rios. Hoje ainda podem ser encontrados, mas com escavações mais profundas.

Quando a Raposa Serra do Sol ganhou corpo, Mutum acabou engolida pela área indígena e os não-índios foram avisados que teriam que deixar o lugar. A maioria já partiu. Os poucos que resistem devem ser visitados pela Polícia Federal.

À medida que a vila se esvazia de brancos, os índios dos arredores vão se mudando para lá. Instalam-se nas casas abandonadas e tentam estabelecer novas regras comunitárias: querem desestimular o garimpo entre indígenas, vetar a venda de bebida alcoólica nos bares, animar os chefes de família a retomarem antigas lavouras.

O lugar tem 188 habitantes, segundo levantamento do tuxaua Faustino. A luz elétrica dali e das aldeias ao redor provém de geradores movidos a óleo diesel. Em vários lugares eles são desligados após a novela das 8 da Globo. Mas podem ficar ligados até mais tarde nos dias em que TV transmite jogos.

Na tarde de quarta, no horário do jogo entre Brasil e Suécia, quase não se via homens nas ruas de Mutum. A tranqüilidade ainda não foi totalmente estabelecida na comunidade. No início deste mês, 12 casas foram queimadas por dois índios guianenses, que estão presos em Boa Vista. Acredita-se que o ato tenha sido encomendado por antigos moradores.

Outra causa de conflitos é o fato de parte da comunidade não aceitar até hoje o fato de a vila ter sido englobada pela reserva. Eles preferem a situação anterior - e até formaram uma associação para defender essa causa. Ela se opõe ao Conselho Indigenista de Roraima, da qual Faustino faz parte.

O dinheiro que circula em Mutum provém quase integralmente de aposentadorias rurais e do Bolsa-Família. Uma pequena parte sai das mãos de índios que insistem em garimpar.

Entre os tuxauas, porém, ouve-se cada vez mais falar em projetos de auto-sustentação, como a piscicultura, o cultivo de frutas, a pecuária.

Fonte: Estado de S. Paulo

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