Domingo, 10 de janeiro de 2010 - 19h04
Globo Rural
A safra de pequi no Parque Indígena do Xingu, e Mato Grosso, vai de novembro a dezembro. Nessa fase, os Kuikuros juntam milhares de frutos, mas para ter pequi o ano todo, é preciso armazenar o produto. Eles coziam os frutos e colocam a polpa dentro de cestos de taquara forrado com folhas. Depois o recipiente é tampado. Com uma vara eles fincam o cesto cheio de polpa de pequi no fundo da lagoa. No friozinho da água a polpa fermenta, mas não estraga.
O pequi é uma das frutas mais ricas em vitamina A e também contém vitaminas C e B, além de proteínas e outros micronutrientes. Com sua polpa as mulheres fazem vários pratos. O doce de pequi não leva açúcar. Aliás aqui não existe açúcar de cana. Elas selecionam as espécies de pequi mais adocicadas e cozinham durante horas, até o açúcar da fruta se concentrar no fundo da panela.
Um prato muito apreciado pelos Kuikuros é a sopa de castanha de pequi. Leva pimenta verde, água e castanha cortada em pedacinhos. É um prato salgado. O sal deles é feito de aguapé, planta aquática muito comum em lagoas e rios. Depois de secar ao sol o aguapé é queimado. Suas cinzas levam vários dias para apurar a cor. O sabor é picante e se assemelha ao da raiz forte usada na culinária japonesa.
O oléo de pequi deles é rico em betacaroteno. É com ele que as índias amaciam os cabelos e protegem a pele dos raios de sol.
Dos rios e lagos da reserva eles tiram os peixes. Os índios do alto Xingu caçam muito pouco. Eles apreciam muito mais as carnes brancas que as vermelhas.
Outro produto importante aqui é a mandioca. De suas raízes eles fazem farinha e polvilho, depositados dentro das ocas. O polvilho é usado no preparo do mingau e do beijou. A qualquer hora do dia tem alguém espalhando polvilho numa forma de barro quente, semelhante a uma chapa, e preparando beijou. Ele faz o papel do pão. Um pedaço de peixe embrulhado num beijou vira sanduíche de peixe.
Todo ano a festa do pequi tem um festeiro que é o organizador do evento. Este ano o festeiro é o Uguisapa. Ele diz que sua família vai oferecer o que tem de melhor para o beija-flor. A mulher dele, Yalucu, prepara tachadas de minguau de pequi com farinha de mandioca. É o pagamento de uma promessa feita ao beija-flor.
Ela diz que já foi vítima de uma doença provocada pelo espírito dele. Sentia dores horríveis pelo corpo todo e não conseguia dormir porque tinha visões que perturbavam o sono. “O pajé que me curou. Depois ele pediu ao meu marido que organizasse esta festa para o beija-flor. Se ele ficar feliz com nossa homenagem a safra de pequi vai ser sempre boa e a gente vai ter saúde na aldeia”, diz ela.
O parque indígena do Xingu tem 2.600 hectares. Tamanho equivalente ao estado do Sergipe. Fica na região nordeste de Mato Grosso, zona de transição do cerrado e Amazônia. É a maior floresta contínua do Estado. Dentro do parque, cortado pelo rio Xingu e seus afluentes, moram cinco mil índios de quatorze etnias. O parque indígena do Xingu faz divisa com o município de Canarana. |
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