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Meio Ambiente

Plantas medicinais são avaliadas no tratamento de doenças em peixes



A criação de grandes quantidades de peixes em uma mesma área pode comprometer a saúde deles. Para prevenir e controlar o aparecimento de doenças é freqüente o uso de produtos químicos que causam preocupações no âmbito ambiental. Como alternativa a essa terapêutica, a Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) está pesquisando o cultivo e a utilização de plantas medicinais na piscicultura.

Os principais estudos hoje em andamento, segundo o pesquisador Francisco Célio Chaves, responsável pelo laboratório de Plantas Medicinais e Fitoquímica da Embrapa, estão avaliando o uso do cipó-alho (Adenocalymna alliaceum), planta regional de composição semelhante ao alho, na prevenção de parasitos de brânquias do tambaqui.

Outro ramo da mesma linha de pesquisa está tratando do uso dos óleos extraídos de plantas medicinais/aromáticas no controle de parasitos de brânquias do tambaqui com resultados promissores do óleo de alfavaca (Ocimum gratissimum).

Dessa forma, explica o pesquisador Luis Antonio Inoue, a proposta de uso de plantas com conhecidas características medicinais/terapêuticas é uma alternativa interessante para amenizar os problemas apresentados, proporcionando ainda melhor qualidade do pescado, livre de produtos químicos.

Além disso, o seu uso causaria menor risco ambiental – quando usados corretamente -, e significaria menor custo no bolso do produtor, levando-se em conta a economia na compra de medicamentos, cujos preços usualmente são altos. "Acreditamos ainda que para o futuro os mercados mais exigentes de peixes de cultivo vão solicitar cada vez mais alimentos que não tiveram nenhum contato com produtos químicos, como já vem ocorrendo com produtos de origem vegetal e também de alguns animais",salienta o pesquisador.

Segundo a pesquisadora Cheila Boijink, doenças em peixes são causadas geralmente por microorganismos oportunistas que atacam sempre que os animais encontram-se debilitados por motivos diversos como o manuseio de peixes mal feito, mudanças drásticas na temperatura da água, má alimentação etc.

Os problemas mais freqüentes são os observados por infestações causadas por fungos, como Argulus spp., Trichodina spp., Chilodonella spp., Epistylis spp., Ichthyophytirus multifilis, Lernaea cyprinicea etc. Bacterioses são também bastante observadas nas estações de piscicultura, principalmente as causadas pelos Streptococus spp. E Flavobacterium columnaris.

A principal estratégia para o controle de enfermidades em piscicultura é a prevenção, realizando-se as conhecidas “Boas Práticas de Manejo – BPM´s” para manutenção da qualidade da água, boa alimentação, ausência de estímulos estressantes e manuseio de animais somente em condições extremamente favoráveis e necessárias, realizados por trabalhadores experientes e bem treinados.

Mas segundo a pesquisadora, nem sempre é possível haver o controle de todas as variáveis ambientais dos sistemas de cultivo. ´´O acontecimento de um evento inesperado como a ocorrência de uma frente fria ou chuva repentina pode reduzir a temperatura da água de maneira abrupta, favorecendo os microorganismos patogênicos´´, exemplifica. ´´Nesse caso, as doenças se manifestam e o controle dessas envolve o uso de produtos químicos, muitas vezes com alto potencial tóxico.

O uso de plantas medicinais na piscicultura é bastante antigo, principalmente nos países asiáticos. Na China existe uma indústria já consolidada, que produz, beneficia e comercializa produtos a base de plantas medicinais para peixes, que atuam no controle e prevenção de doenças de importância econômica como as infestações por Lernae sp, Argulus spp, Trichodina spp e até a septicemia hemorrágica em carpas. O alho (Allium cepa) vem sendo indicado na piscicultura em diversos países para diferentes espécies de peixes.

No hemisfério norte há o relato do uso experimental do alho em larga escala para o salmão na prevenção de infestação do “sea lice” (Lapeophtheirus salmonis), um parasito que traz sérios prejuízos a indústria desse pescado. No Brasil, trabalhos da Unesp (Jaboticabal SP) descrevem efeitos do alho na diminuição de Monogenea Anacanthorus penilabiatus nas brânquias de pacu Piaractus mesopotamicus.

De maneira similar foi encontrado pela Embrapa Amazônia Ocidental característica de prevenção e controle de parasitos de brânquias do tambaqui, utilizando-se ração comercial adicionada de alho fresco, comprado no mercado local, na proporção de 45g/kg de ração.

Mais informações: Luis Antonio Kioshi Aoki Inoue, Cheila de Lima Boijink e Francisco Célio Maia Chaves - pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental.

Fonte:EMBRAPA AMAZÔNIA OCIDENTAL/Maria José Tupinambá (114 MTb-AM)

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