Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Pesquisa responsabiliza empresas de São Paulo por destruição da Amazônia



Bruno Bocchini
Agência Brasil

São Paulo - Pesquisa divulgada nesta semana em São Paulo mostra a responsabilidade na destruição da floresta amazônica de empresas que atuam no Sudeste do país. O estudo Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia expôs casos de 13 organizações que se beneficiam direta ou indiretamente do desmatamento da maior floresta do planeta.

A pesquisa foi feita por iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo e executada pelas organizações não-governamentais Repórter Brasil e Papel Social Comunicação.

"A pesquisa comprovou que existe uma relação comercial não-sustentável entre empresas de São Paulo e empresas que compram produtos da Amazônia, que fazem o beneficiamento de matérias-primas vindas da Amazônia. Na base do processo produtivo existem fornecedores que são sistematicamente multados pelos órgãos ambientais ou que são proprietários de áreas embargadas, ou que estão na 'lista suja' do trabalho escravo", explicou Marques Casara, um dos coordenadores do estudo.

A empresa Quatro Marcos, quarto maior frigorífico do país em número de abates e fornecedora de carne bovina para o varejo paulistano, é uma das citadas na pesquisa. De acordo com o estudo, a organização apresenta graves problemas ambientais e trabalhistas e comprou gado de empregador que figura na "lista suja" do trabalho escravo.

A unidade localizada em Juara, no bioma amazônico, teve suas atividades embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em junho de 2008 por operar sem licença ambiental.

Por meio da sua assessoria de imprensa, o frigorífico afirmou que a posição oficial da empresa já havia sido entregue aos pesquisadores. No texto, a organização diz que a empresa por meio da "contratação de uma consultoria externa vem passando por um momento de reestruturação e reorganização de processos das suas atividades".

A resposta também diz que "com uma nova gestão definida e em plena ação vêm se desenhando caminhos a serem seguidos pelo frigorífico, por meio da definição de estratégias, e, como não poderia ser diferente, pela sua importância no cenário nacional e mundial, a questão de sustentabilidade estará sendo devidamente desenvolvida e trabalhada".

Outro caso apresentado no estudo é da Metalsider, empresa mineira, fornecedora de ferro-gusa para a indústria automobilística, que mantém relações comerciais com a A.S. Carvão e Logística, organização que aparece na atual lista de trabalho escravo. Procurado pela reportagem, o diretor da empresa, Bruno Melo Lima, afirmou que a Metalsider tem atualmente centenas de fornecedores e que seria "inviável" manter um funcionário em cada um deles para analisar as condições de trabalho.

Lima ressaltou ainda que a empresa faz visitas e alertas freqüentes a seus fornecedores. No entanto, mesmo estando ciente da situação da Carvão e Logística, Lima não confirmou que a Metalsider tenha deixado de consumir matérias-primas da fornecedora.

Aos pesquisadores, a Metalsider afirmou que havia sido informada que a fornecedora firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público "e que, por isso, a manutenção do nome desta empresa em lista suja é um equívoco que está sendo solucionado pela mesma". "Desta forma, aguardamos posicionamento desta empresa, inclusive para que exclua o nome daquela lista, sob pena de não mais efetivarmos transações comerciais", completou a Metalsider.

Os pesquisadores advertem, no entanto, que o TAC não representa uma reparação que possibilitasse a retirada do nome da lista suja. "Eles têm total responsabilidade sobre a origem da matéria-prima. Eles têm total responsabilidade sobre as empresas que eles ajudam a existir por conta da compra de produtos. Hoje em dia já existem mecanismos de monitoramento de cadeias produtivas bastante eficientes e que podem ser usados pelas empresas", ressaltou o coordenador da pesquisa.
   
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reconheceu a importância do estudo e afirmou que encaminhará os dados aos setores de fiscalização. "Todo o material que me foi entregue será amanhã [hoje, dia 16] colocado na mão da fiscalização do Ibama e será procedida com o máximo rigor a apuração dos responsáveis", afirmou em São Paulo, após participar da formalização de pactos entre empresas e governo para garantia do cumprimento de direitos sociais e da preservação dos recursos naturais.


 

Gente de OpiniãoSexta-feira, 12 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Soltura de Quelônios no vale do Guaporé

Soltura de Quelônios no vale do Guaporé

Há cerca de 39 anos atrás um Quilombola, nascido no Vale do Guaporé, preocupado com o possível extermínio dos Quelônios (Tracajás, Tartarugas e outr

Ecoporé realiza segundo mutirão de plantio da campanha “Folião Vira Árvore” no IFRO Calama

Ecoporé realiza segundo mutirão de plantio da campanha “Folião Vira Árvore” no IFRO Calama

A Ecoporé realiza nesta sexta-feira, 5 de dezembro, com  concentração às 15h, no IFRO Campus Calama, o segundo mutirão de plantio da campanha Para

Prefeitura destaca ação dos Caiaqueiros que recolheram resíduos no rio Madeira

Prefeitura destaca ação dos Caiaqueiros que recolheram resíduos no rio Madeira

Durante a Agrotec 2025, iniciativa da Prefeitura de Porto Velho, os Caiaqueiros que participaram da corrida de voadeiras também realizaram uma ação am

Ação ‘Somos Todos Guaporé’ recolhe 2 toneladas de resíduos e reforça consciência ambiental em Pimenteiras do Oeste (RO)

Ação ‘Somos Todos Guaporé’ recolhe 2 toneladas de resíduos e reforça consciência ambiental em Pimenteiras do Oeste (RO)

A ação Somos Todos Guaporé realizou mais uma expedição de limpeza no Rio Guaporé, em Pimenteiras do Oeste (RO), entre os dias 23 e 28 de novembro. A

Gente de Opinião Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)