Sexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Pesquisa responsabiliza empresas de São Paulo por destruição da Amazônia



Bruno Bocchini
Agência Brasil

São Paulo - Pesquisa divulgada nesta semana em São Paulo mostra a responsabilidade na destruição da floresta amazônica de empresas que atuam no Sudeste do país. O estudo Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia expôs casos de 13 organizações que se beneficiam direta ou indiretamente do desmatamento da maior floresta do planeta.

A pesquisa foi feita por iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo e executada pelas organizações não-governamentais Repórter Brasil e Papel Social Comunicação.

"A pesquisa comprovou que existe uma relação comercial não-sustentável entre empresas de São Paulo e empresas que compram produtos da Amazônia, que fazem o beneficiamento de matérias-primas vindas da Amazônia. Na base do processo produtivo existem fornecedores que são sistematicamente multados pelos órgãos ambientais ou que são proprietários de áreas embargadas, ou que estão na 'lista suja' do trabalho escravo", explicou Marques Casara, um dos coordenadores do estudo.

A empresa Quatro Marcos, quarto maior frigorífico do país em número de abates e fornecedora de carne bovina para o varejo paulistano, é uma das citadas na pesquisa. De acordo com o estudo, a organização apresenta graves problemas ambientais e trabalhistas e comprou gado de empregador que figura na "lista suja" do trabalho escravo.

A unidade localizada em Juara, no bioma amazônico, teve suas atividades embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em junho de 2008 por operar sem licença ambiental.

Por meio da sua assessoria de imprensa, o frigorífico afirmou que a posição oficial da empresa já havia sido entregue aos pesquisadores. No texto, a organização diz que a empresa por meio da "contratação de uma consultoria externa vem passando por um momento de reestruturação e reorganização de processos das suas atividades".

A resposta também diz que "com uma nova gestão definida e em plena ação vêm se desenhando caminhos a serem seguidos pelo frigorífico, por meio da definição de estratégias, e, como não poderia ser diferente, pela sua importância no cenário nacional e mundial, a questão de sustentabilidade estará sendo devidamente desenvolvida e trabalhada".

Outro caso apresentado no estudo é da Metalsider, empresa mineira, fornecedora de ferro-gusa para a indústria automobilística, que mantém relações comerciais com a A.S. Carvão e Logística, organização que aparece na atual lista de trabalho escravo. Procurado pela reportagem, o diretor da empresa, Bruno Melo Lima, afirmou que a Metalsider tem atualmente centenas de fornecedores e que seria "inviável" manter um funcionário em cada um deles para analisar as condições de trabalho.

Lima ressaltou ainda que a empresa faz visitas e alertas freqüentes a seus fornecedores. No entanto, mesmo estando ciente da situação da Carvão e Logística, Lima não confirmou que a Metalsider tenha deixado de consumir matérias-primas da fornecedora.

Aos pesquisadores, a Metalsider afirmou que havia sido informada que a fornecedora firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público "e que, por isso, a manutenção do nome desta empresa em lista suja é um equívoco que está sendo solucionado pela mesma". "Desta forma, aguardamos posicionamento desta empresa, inclusive para que exclua o nome daquela lista, sob pena de não mais efetivarmos transações comerciais", completou a Metalsider.

Os pesquisadores advertem, no entanto, que o TAC não representa uma reparação que possibilitasse a retirada do nome da lista suja. "Eles têm total responsabilidade sobre a origem da matéria-prima. Eles têm total responsabilidade sobre as empresas que eles ajudam a existir por conta da compra de produtos. Hoje em dia já existem mecanismos de monitoramento de cadeias produtivas bastante eficientes e que podem ser usados pelas empresas", ressaltou o coordenador da pesquisa.
   
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reconheceu a importância do estudo e afirmou que encaminhará os dados aos setores de fiscalização. "Todo o material que me foi entregue será amanhã [hoje, dia 16] colocado na mão da fiscalização do Ibama e será procedida com o máximo rigor a apuração dos responsáveis", afirmou em São Paulo, após participar da formalização de pactos entre empresas e governo para garantia do cumprimento de direitos sociais e da preservação dos recursos naturais.


 

Gente de OpiniãoSexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

Você sabe o que são os famosos créditos de carbono? E como eles funcionam, você sabe? Na série especial “Carbono: desafios e oportunidades” recebemos

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

O Grupo de Pesquisa de Recuperação de Ecossistemas e Produção Florestal, coordenado pelas Dra. Kenia Michele de Quadros e Dra. Karen Janones da Roch

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pau-de-balsa é uma espécie florestal nativa da Amazônia e já é utilizada de forma artesanal na Colômbia para extração de ouro.Agora, cinco instituiçõ

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Neste ano em que completa 35 anos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) comemora o impacto do trabalho

Gente de Opinião Sexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)