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Meio Ambiente

Maior friagem em 16 anos é registrada em Rondônia



Daniel Panobianco – O que os supercomputadores diziam há 15 dias sobre um possível resfriamento intenso na Amazônia pôs muito meteorologista de molho e pensar em ditar seu prognóstico. Ora os modelos aumentavam, ora diminuíam a intensidade do ar polar. O fato é que ele veio e em uma intensidade que ficará marcada na história da climatologia.

Além de provocar intensas nevascas na Argentina e no Chile, matar mais de 30 pessoas em países da América do Sul, 18 apenas no Brasil, e uma quantidade ainda incalculável de animas no Pantanal e sudoeste do Paraná, a histórica onda de frio ganhou neste sábado um grande reforço do que os pesquisadores costumam chamar de "baleia polar". Um intenso sistema de Alta pressão, com núcleo de inacreditáveis 1045 hPa (hectopascais) no norte da Argentina e que hoje foi o grande responsável por um resfriamento surreal até na Amazônia.

Ainda ontem, os efeitos desta potente onda de frio foram sentidos no Acre e em Rondônia. Epitaciolândia, no sul acreano, às 15 horas (Brasília) tinha apenas 13,7°C de temperatura máxima do dia e Vilhena, no sul rondoniense, apenas 14,7°C também de temperatura máxima em 24 horas. Um recorde absoluto. Nunca, usando por base os dados da estação convencional da REDEMET (Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica), que opera em Vilhena desde 1973, registrou-se uma temperatura máxima tão baixa, mesmo que esta fora aferida em outra estação, a automática do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). De um modo geral fez frio praticamente o dia todo na cidade.

E neste sábado, como previsto, antecipado e monitorado de perto por quem não pensou duas vezes que esta seria "a temperatura" observada em solo rondoniense, eis a constatação. Vilhena amanheceu sob frio congelante para os padrões amazônicos de apenas 7,6°C. Isto mesmo fez apenas 7,6°C na cidade que registra as menores temperaturas na Região Norte do Brasil.

O titulo de menor temperatura mínima observada em Vilhena ainda é de 3,4°C no dia 19 de julho de 1975, quando outra clássica onda de frio invadiu o Brasil chegando até mesmo em Roraima e ultrapassando a Linha do Equador. Em 1994, outra intensa friagem também atingiu em cheio a Amazônia provocando resfriamento, com mínima de apenas 5,6°C em Vilhena.

Para quem acordou cedo, pode sentir, além da temperatura ambiente, o vento gélido de 37 km/h, o que gerou sensação térmica de -5°C (cinco graus negativos) na ‘Cidade Clima’.

Nas demais cidades de Rondônia também esfriou muito. Em Ariquemes, a mínima chegou a 12,2°C; Em Cacoal fez frio de 10,6°C ao amanhecer; E em Porto Velho, a mínima alcançou os 15,0°C entre as 6 e 7 horas (horário local). Todos os dados foram computados por estações meteorológicas automáticas operadas pelo INMET. Já as PCDs (Plataformas de Coletas de Dados) aferiram para mínimas de:

Ariquemes: 12,5°C

Cacoal: 10,0°C

Costa Marques: 10,8°C

Guajará-Mirim: 10,5°C

Ji-Paraná: 10,6°C

Machadinho d’Oeste: 12,4°C

Porto Velho: 14,5°C

 

A cobertura de nuvens durante a madrugada frustrou um resfriamento mais acentuado das temperaturas. A umidade diminui e a nebulosidade também até o final deste sábado, o que pode favorecer em um resfriamento ainda maior na próxima madrugada. A mais intensa friagem dos últimos 16 anos (desde 1994) em Rondônia deve perdurar até a próxima terça-feira (20), com frio ainda pela noite, madrugada e inicio da manhã e rápido aquecimento no período da tarde. O mês de julho ainda pode reservar uma sétima friagem em território rondoniense e logo na primeira semana de agosto, marcas tão expressivas quanto as verificadas hoje, podem se repetir.

Dados: INMET – REDEMET – CPTEC/INPE
(Foto/Reprodução: Vitor Paniágua)
(Fonte: De olho no tempo)

 

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