Domingo, 30 de dezembro de 2007 - 12h36
Marco Antônio Soalheiro
Agência Brasil
Brasília - A presença do Brasil com destaque entre os maiores exportadores de carne do mundo intensifica pressões em áreas da floresta amazônica que já sentiram os efeitos da atividade pecuária. A avaliação é do diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Flávio Montiel da Rocha.
Em entrevista à Agência Brasil, ele informou que entre as áreas que exigem maior capacidade de monitoramento estão o norte do estado de Mato Grosso e o Pará, nas regiões da Terra do Meio, do Novo Repartimento e de Cumaru do Norte, além das proximidades da BR-163, que liga as cidades de Cuiabá (MT) e Santarém (PA).
"A pecuária exerce papel maior que a agricultura na linha de frente do desmatamento. É o grande vetor de conversão da floresta em outros usos econômicos", afirmou Montiel. Ele ressalvou, porém, que a responsabilidade pela devastação não pode ser atribuída apenas a um setor. A extração ilegal de madeira, por exemplo, é geralmente a atividade que abre frentes para posterior entrada da pecuária.
Montiel argumentou ainda que o aumento do rebanho bovino na Amazônia, apontado em recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não se deu necessariamente em função da expansão da área de pastagem na região, mas da intensificação da atividade, com melhor aproveitamento de áreas já devastadas e subutlizadas.
A partir de decreto assinado neste mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ibama estrá trabalhando na definição de 30 a 35 municípios da Amazônia, que seriam responsáveis por mais de 50% do desmatamento na região, para receberem ações prioritárias do órgão em 2008. Caberá ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ( Incra) fazer o recadastramento de todas as propriedades rurais existentes.
Um sistema de monitoramento para corte raso e exploração seletiva permitiria um acompanhamento mais rigoroso, pelo Ibama, do desmatamento nestes locais. "O sistema permitirá identificar se a derrubada é oriunda de plano de manejo aprovado ou de atividade ilegal, o que nos dá a condição de antecipar o combate antes que o corte raso venha a ocorrer", explicou Montiel.
Ele informou que como o monitoramento por geoprocessamento e imagens de satélite é feito a cada dez ou 15 dias, e um desmatamento grande envolve até 50 dias de atividade, é possível ao Ibama fazer autuações em flagrante.
O Ibama tem hoje cerca de 1.770 fiscais no país, designados por portaria com poder de polícia. O efetivo, segundo Montiel, é deslocado e concentrado na Amazônia em períodos mais críticos: "O fiscal é antes de tudo um agente federal, que não está vinculado a um estado."
Mas o diretor do Ibama condiciona a redução de 59% no desmatamento da Amazônia nos últimos três anos a ações integradas realizadas em parceria com a Polícia Federal, Exército, Marinha, Polícia Militar e órgão estaduais de meio ambiente: "O efetivo cresce para mais de 4 mil pessoas. Com o apoio logístico e policial, a capacidade de intervenção fica muito maior."
Segundo o Ibama, desde 2004 as ações de combate ao desmatamento na Amazônia reduziram em mais de 410 milhões de toneladas a emissão de carbono na atmosfera e pouparam mais de 600 milhões de árvores.
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