Sexta-feira, 12 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Floresta em pé é mais lucrativa, defende pesquisador


Luana Lourenço
Agência Brasil

Brasília - É mais rentável manter uma floresta em pé do que derrubá-la para implantar pastagens ou plantar soja, por exemplo. O argumento faz parte de um estudo de pesquisadores da organização não-governamental (ONG) Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que será apresentado integralmente durante a Conferência das Partes (COP) da Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bali (Indonésia), em dezembro.

“O trabalho fez uma avaliação dos custos de oportunidade relacionados com a diminuição do desmatamento: calculamos o quanto nós deveríamos pagar a um produtor para ele não fazer a derrubada e manter a floresta”, afirma Paulo Moutinho, coordenador de pesquisa do Ipam.

O desmatamento contribui significativamente para a emissão de gases de efeito estufa porque, com a derrubada, o gás carbônico (CO2) estocado nos tecidos das árvores é liberado na atmosfera. Se o desmatamento foi feito por queimadas, além de gás carbônico, são liberados outros gases de efeito estufa, como o metano, cerca de 20 vezes mais prejudicial para o aquecimento global que o CO2.

Dados da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, mostram que 75% das emissões brasileiras de CO2 são oriundas da mudança no uso da terra, majoritariamente pela conversão de florestas em atividades de agricultura e pecuária.

Segundo Moutinho, considerando-se o preço médio de US$ 5 (cerca de R$ 9) por tonelada de carbono que deixaria de ser lançado na atmosfera, a compensação seria mais atrativa para os agricultores que a derrubada da floresta para pastagens e até para plantação de soja, em regiões em que a produtividade do grão é baixa. O dinheiro, segundo o pesquisador, viria do chamado mercado de carbono e de financiamentos de países ricos que se comprometeriam no âmbito da Convenção da ONU.

“Esse mecanismo vai dar um valor que hoje não existe para a floresta. Desmata-se muito em grande parte porque a floresta não tem valor em pé. É comum ouvir na Amazônia que 'floresta boa é floresta derrubada'”, comenta.

O mecanismo dos pesquisadores do Ipam, definido como redução compensada de desmatamento, é semelhante à proposta brasileira apresentada na última reunião das partes em 2006 (COP-12 em Nairóbi, no Quênia) e que deve ser retomada no próximo encontro da ONU. Em linhas gerais, a proposta sugere o financiamento de medidas de redução de emissões de gases do efeito estufa em países em desenvolvimento, principalmente ligadas à diminuição comprovada do desmatamento.

Na avaliação de Moutinho, o tema deverá ganhar mais espaço na reunião da ONU este ano. “Ao discutir emissões por uso da terra, principalmente por desmatamento, você cria uma situação em que países em desenvolvimento que têm grandes extensões de florestas contribuam mais para reduzir o problema do aquecimento global”, analisa.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 12 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Incra e Instituto Amazônia+21 firmam acordo para desenvolvimento sustentável em assentamentos de Rondônia

Incra e Instituto Amazônia+21 firmam acordo para desenvolvimento sustentável em assentamentos de Rondônia

O Instituto Amazônia+21 e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) formalizaram, na tarde desta quinta-feira, 11, um acordo de

Primeira edição da pesca manejada em 2025 retira 160 pirarucus do Rio Cautário e gera mais de R$ 90 mil em renda comunitária

Primeira edição da pesca manejada em 2025 retira 160 pirarucus do Rio Cautário e gera mais de R$ 90 mil em renda comunitária

O governo de Rondônia realizou a primeira edição da pesca manejada de 2025 no Rio Cautário, alcançando resultados expressivos. Entre os dias 15 de a

A Santo Antônio Energia também foi condenada a pagar R$ 500 mil de indenização por danos morais coletivos

A Santo Antônio Energia também foi condenada a pagar R$ 500 mil de indenização por danos morais coletivos

O Ministério Público Federal (MPF), em conjunto com o Ministério Público do Estado de Rondônia (MPRO), obteve uma vitória judicial que obriga a conc

STF garante orçamento para proteção ambiental em Rondônia após atuação do MPRO

STF garante orçamento para proteção ambiental em Rondônia após atuação do MPRO

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, em decisão divulgada nesta quinta-feira (28/8), o Governo de Rondônia a abrir créditos extraordinários p

Gente de Opinião Sexta-feira, 12 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)