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Meio Ambiente

El Niño e aumento populacional podem ser causas de variação no nível do rio Negro



No último domingo (24), o rio Negro, em Manaus (AM), alcançou o nível mais baixo já registrado (13,63 m). Um ano e quatro meses antes, no mesmo local, as medições apontaram a maior cheia desde 1902, quando o rio alcançou 29,77 m. Para especialistas da ANA (Agência Nacional das Águas), do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e do CPRM (Serviço Geológico do Brasil), órgãos que estudam o caso, é cedo para afirmar se é o homem o responsável por mudanças tão radicais no nível do rio num período tão curto de tempo ou se isso a que estamos assistindo é apenas uma variação normal do ciclo da natureza.

Por causa da seca do rio neste mês, 37 dos 62 municípios do Amazonas estão em estado de emergência. Comunidades estão isoladas, já que a maior parte dos barcos, principal meio de transporte da região, não consegue navegar. De acordo com a Defesa Civil amazonense, cerca de 62 mil famílias foram afetadas pela falta de água no rio Negro.

Joaquim Gondim, superintendente da ANA e responsável pelo monitoramento de eventos hidrológicos críticos, diz que é necessário tempo para identificar as causas desses dois eventos extremos registrados em menos de dois anos na região. Ele diz acreditar que, se nos próximos anos não forem identificadas secas e cheias fortes, os números de 2010 e 2009 não passarão de alterações comuns.

- A medição do nível [do rio] começou em 1902. De lá para cá, as maiores secas haviam sido registradas em 1906 e 1963. Então, ocorrer nesse ano, seguindo esse padrão, não é anormal. Ao que parece, não está havendo uma variabilidade climática normal no ciclo da natureza. Se foi o homem ou o clima que causou esses eventos, só vamos saber nos próximos anos. 

Para Lucia Gularte, meteorologista do Inmet do Amazonas, porém, tanto a seca como a cheia do rio foram causadas por eventos já conhecidos.

- Todo mundo está concordando que ainda não dá para ter uma explicação sólida. Mas o fato já é conhecido, consolidado. O que está acontecendo é que o El Niño e a La Ninã, que são cíclicos e repetitivos, estão se repetindo em um prazo menor de tempo. Desde 2003 que não temos um ano de normalidade no clima, e isso está provocando mudanças em todos os sistemas meteorológicos do continente, aumentando a força de eventos normais, como a cheia e a seca. 
 

Aumento populacional

Apesar de não haver consenso, algumas causas estão sendo estudadas para explicar a seca, que, diferentemente da cheia, não é comum no Amazonas. O aumento populacional ao longo do curso dos rios amazônicos, principalmente na região de Manaus, pode ter influenciado na seca deste ano, segundo Lucia.

- O mais provável é que essa mudança seja natural, normal. Mas uma hipótese é que o aumento da população que vive perto do rio pode ter intensificado o processo, pois mais gente polui os mananciais, mais gente consome água e mais gente desmata a mata ciliar.

O CPRM (Serviço Geológico do Brasil) é o responsável por realizar a medição dos rios na bacia amazônica, em um trabalho que vem sendo feito desde 1902. Daniel Oliveira, gerente de hidrologia do órgão, concorda com Lucia Gularte.

- Não descartamos a hipótese de que o homem possa ter causado também [a seca]. Como o efeito estufa pode ter dado a sua contribuição. Mas tudo vai depender do comportamento dos rios daqui para frente.

 Clique AQUI e assista ao vídeo:

 

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