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Meio Ambiente

Cultura da mandioca é prioridade para desenvolvimento do agronegócio acreano


 

Cultivada de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País, a mandioca é o alimento mais presente na mesa do brasileiro. Na região Norte, a cultura tem grande importância econômica e social, servindo de fonte de alimento e renda para milhares famílias de pequenos agricultores. Um projeto desenvolvido pela Embrapa Acre (Rio Branco), permitirá a produtores de diversos municípios o acesso a tecnologias para melhoria da produção e processamento agroindustrial da mandioca.

Financiado com recursos oriundos de emenda parlamentar de autoria do deputado federal Fernando Melo (PT/AC), o projeto “Transferência de tecnologias para desenvolvimento do agronegócio no estado do Acre” tem como principal objetivo o desenvolvimento da cadeia produtiva da mandioca. Suas ações concentram-se na implantação de núcleos de capacitação em tecnologias para processamento da mandioca e ampliação da área plantada com a cultura.

“O apoio de parlamentares sensíveis à visão de desenvolvimento sustentável do estado tem possibilitado investimentos em pesquisas prioritárias para a região e em transferência de tecnologias para as comunidades rurais”, afirma Judson Valentim, chefe geral da Unidade.

Considerado grande incentivador do processamento da mandioca como fonte de renda, Fernando Melo acredita que além de fortalecer os setores estaduais ligados à agricultura, o projeto vai contribuir para aproximar a Embrapa dos municípios. “Queremos levar tecnologias para os lugares mais longínquos do Acre. O maior beneficiado com estas ações será o pequeno produtor”, diz o parlamentar.

Núcleos de tecnologias

O projeto envolve recursos da ordem de R$ 5,8 milhões, com execução em 2009 e 2010. Este ano, a Unidade recebeu R$ 3,4 milhões para construção de dois Núcleos para Processamento Agroindustrial e Aproveitamento de Mandioca, em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, aquisição do Núcleo Móvel de Tecnologia da Mandioca e execução parcial do programa de mecanização de áreas agrícolas degradadas.

Batizados de Nutec, os Núcleos de Tecnologia da Mandioca destinam-se ao atendimento de demandas de agricultores, por meio da transferência de tecnologias sustentáveis. Francisco de Assis Silva, chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Acre, explica que o objetivo é melhorar a produção e fortalecer a agricultura familiar no estado, especialmente na região do Juruá, onde estão os maiores plantios de mandioca.

“Estas estruturas também vão preparar produtores e técnicos para a realização de processos agroindustriais da mandioca e aproveitamento de resíduos gerados na produção de farinha. Outra finalidade é o desenvolvimento de novos subprodutos da mandioca e de métodos de controle de qualidade na produção”, afirma.

De acordo com o chefe geral da Unidade, Judson Valentim, estes espaços vão contribuir para elevar o padrão de qualidade e agregar valor à farinha de mandioca como alternativa para garantir a diversificação da produção no campo, geração de renda para o produtor e segurança alimentar para o consumidor.

A grande novidade do projeto é o Nutec Móvel, carreta equipada com mini estrutura de laboratório, fecularia e padaria. O veículo percorrerá diversos municípios como uma espécie de escola itinerante, levando capacitação comunidades distantes, voltada para processos agroindustriais com mandioca e frutas regionais. Segundo a pesquisadora Joana Leite, uma das idealizadoras da iniciativa, a estrutura foi pensada a partir das dificuldades de acesso a tecnologias, da população rural do interior devido às grandes distâncias.

Alternativas ao uso do fogo

Dados do IBGE (2007) revelam que no Acre existem aproximadamente 32 mil hectares plantados com mandioca. Parte destas áreas está degradada pelo uso intensivo da terra, sem práticas de manejo adequadas, com reflexos na produção agrícola e pecuária. Muitas propriedades enfrentam problemas com a redução da capacidade produtiva dos plantios de mandioca, decorrentes da tradição secular de derruba e queima. De acordo com Valentim, em algumas áreas, a queda na produtividade ultrapassa 50%.

Como ação inicial, o programa de mecanização vai recuperar 300 hectares de áreas degradadas nos municípios de Acrelândia, Plácido de Castro, Senador Guiomard, Bujari, Porto Acre e Capixaba. Sua finalidade é fomentar a produção de farinha de mandioca e aumentar a produção de alimentos. A ação tem a parceria de prefeituras, associações de produtores, Sebrae e governo do Acre e beneficiará cerca de 300 famílias de produtores.

Em fase de conclusão, a seleção das propriedades prioriza áreas do entorno das casas de farinha construídas pelo programa “102 Casas de Farinha”, financiado pela Fundação Banco do Brasil. A Embrapa Acre repassará às prefeituras microtratores com implementos, além de insumos agrícolas, sementes e fertilizantes.

Segundo Fernando Melo, uma das grandes dificuldades para o pleno funcionamento das milhares de casas de farinha espalhadas pelo estado é a produção insuficiente. “O Acre dispõe de estrutura de agroindústria e mercado para a mandioca, mas não há matéria prima para atendimento efetivo da demanda. Queremos ampliar o potencial de produção e o caminho é o acesso ao conhecimento”, enfatiza.

O conjunto de trituração de capoeiras (Tritucap), tecnologia alternativa ao uso do fogo, desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA) é uma das novidades tecnológicas adotadas na recuperação das áreas. O Acre será o segundo estado a dispor da tecnologia, que permite cortar e triturar de forma mecanizada a vegetação, usada como cobertura morta para proteger o solo e adubar as plantas.

Serão adquiridos dois conjuntos de trituração para atender os municípios do Território do Alto Acre e Vale do Juruá. “Nossa proposta é implantar novos sistemas de cultivo, em substituição aos tradicionais, com aplicação de tecnologias que possibilitem o desenvolvimento sustentável da produção agrícola, pecuária e florestal. Os produtores precisam de fonte de renda, mas conciliar crescimento da produção com conservação ambiental somente é possível a partir do uso de tecnologias”, avalia Valentim.

Fonte: Francisco de Assis Correa Silva / Embrapa Acre

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