Terça-feira, 23 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

CONCESSÃO DE FLORESTAS: Brasil não sabe gerenciar...


Para Ab'Saber, concessão de florestas mostra que o Brasil não sabe gerenciar seus recursos

José Carlos Mattedi
 Agência Brasil


Brasília - O geógrafo Aziz Ab'Saber, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professor emérito do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), criticou o anúncio feito ontem (21) pelo Ministério do Meio Ambiente da primeira área pública a ser licitada para concessão, a Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em Rondônia.

"Tenho absoluta certeza que o exemplo, mais uma vez, mostra que o Brasil continua não sabendo gerenciar sua floresta. Estão, agora, privatizando a floresta. Não pensam no futuro. Tenho raiva da ignorância ambiental que existe nesse governo. Estou indignado", frisou Ab'Saber. Aos 83 anos, ele ressaltou que o anúncio feito pela ministra Marina Silva é uma das "maiores tristezas" de sua vida.

Segundo ele, a exploração de áreas ditas auto-sustentáveis "é uma ação anti-brasileira em relação à biodiversidade", e o aluguel de Flonas para particulares "é um absurdo". Para Ab'Saber, as áreas serão exploradas por organizações não-governamentais estrangeiras e vão gerar pouca renda para as comunidades locais.

"Minha indignação está relacionada com os conhecimentos que tenho da Amazônia, que são de várias décadas. Quando começarem a exploração das Flonas, vamos ter uma destruição progressiva da Amazônia. Mas, minha maior indignação é por saber que, dentro do Ministério do Meio Ambiente, ninguém entende de exploração auto-sustentada de florestas tropicais", afirmou ele, em entrevista por telefone à Agência Brasil.

Para Ab'Saber, o melhor manejo para a floresta envolveria o reaproveitamento de áreas já devastadas, a partir da borda da floresta, para o plantio e o uso do solo.

A unidade de conservação do Jamari tem 220 mil hectares de extensão, dos quais 90 mil serão alvo da concessão. A exploração da floresta prevê pagamento pelo usos dos recursos naturais e manejo sustentável, que é a retirada de uma quantidade de produtos que não prejudiquem a recuperação da mata. Dentro da área podem ser explorados madeira, frutos, sementes, resinas, óleos etc. Também serão permitidas atividades de serviços como turismo ecológico.

A licitação irá levar em contra os critérios de preço e técnica. Danificar o menor número de árvores e criar o maior número de empregos diretos, por exemplo, são itens que podem fazer a diferença na pontuação entre os concorrentes. A concessão de florestas públicas pode ser liberada por um período que vai de cinco a 40 anos. Podem participar das licitações empresas brasileiras, independentemente da origem do capital, desde que estejam instaladas no país. 

Gente de OpiniãoTerça-feira, 23 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

Você sabe o que são os famosos créditos de carbono? E como eles funcionam, você sabe? Na série especial “Carbono: desafios e oportunidades” recebemos

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

O Grupo de Pesquisa de Recuperação de Ecossistemas e Produção Florestal, coordenado pelas Dra. Kenia Michele de Quadros e Dra. Karen Janones da Roch

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pau-de-balsa é uma espécie florestal nativa da Amazônia e já é utilizada de forma artesanal na Colômbia para extração de ouro.Agora, cinco instituiçõ

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Neste ano em que completa 35 anos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) comemora o impacto do trabalho

Gente de Opinião Terça-feira, 23 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)