Terça-feira, 11 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Com aquecimento atípico dos oceanos, seca atinge Amazônia



Deogracia Pinto
Radiojornalismo

Agência Brasil, Brasília – A seca não é mais assunto exclusivo da Região Nordeste. Nos últimos anos, outras regiões do país têm registrado o fenômeno, inclusive a Floresta Amazônica, que passou por dois eventos de seca, em 2005 e em 2010. A do ano passado, aliás, foi considerada a mais agressiva dos últimos 100 anos.

Segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Paulo Brando, dois ciclos climáticos causaram o fenômeno na floresta: o El Niño e o aquecimento do Atlântico Norte. Os dois eventos de seca da Amazônia, na avaliação de Brando, tiveram, provavelmente, a mesma causa, o aquecimento do Atlântico Norte, que mudou os ventos e tirou parcialmente a umidade que vai do Atlântico para o continente.

O pesquisador diz que ainda não é possível contabilizar os danos causados ao ecossistema. De acordo com ele, se as emissões dos gases de efeito estufa continuarem nos níveis atuais, a Amazônia poderá sofrer um aumento significativo da temperatura e diminuição das chuvas, acima da variação global média.

Fenômeno natural, caracterizado pelo atraso na ocorrência de chuvas ou na distribuição irregular, a seca acaba prejudicando as plantações agrícolas. O problema é muito comum no Nordeste brasileiro. De acordo com registros históricos, o fenômeno aparece com intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por períodos de três, quatro e, excepcionalmente, até cinco anos. As secas são conhecidas, no Brasil, desde o século 16.

Normalmente, a seca se manifesta com intensidades diferentes, dependendo do índice de precipitações pluviométricas. Quando há uma deficiência acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que necessitam as plantações, a seca é absoluta.

O município de Seridó, na Paraíba, por exemplo, fica na região do Semiárido, em plena Caatinga, bioma que se concentra no Nordeste e ocupa cerca de 12% do território nacional. Ali, a falta de chuvas pode durar até cinco meses. O prefeito de Seridó, Francisco Alves, relata que, em 2009, as chuvas foram tão escassas que os produtores perderam 70% das plantações. Lá, a principal fonte de renda é a agricultura.

Pesquisadores dizem que a seca é um fenômeno ecológico que se manifesta na redução da produção agropecuária, provoca uma crise social e se transforma em um problema político. As consequências mais evidentes das grandes secas são a fome, a desnutrição, a miséria e a migração para os centros urbanos.

O diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus, esclarece que o governo está implementando programas sustentáveis para a Caatinga. “A política para a região envolve também uma ação bastante articulada para se trabalhar a recuperação e o uso sustentável nessa perspectiva de minimizar o risco de desertificação”, afirma.

Segundo especialistas, para diminuir o avanço da desertificação, são necessárias ações para conservação do solo, da água e das florestas. É preciso também medidas de contenção de desmatamentos, queimadas, uso de agrotóxicos e a sensibilização da população, principalmente das comunidades rurais.


Foto ilustrativa/divulgação
 

Gente de OpiniãoTerça-feira, 11 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Cheia histórica do Rio Guaporé desafia desova das tartarugas e acende alerta ambiental em Rondônia

Cheia histórica do Rio Guaporé desafia desova das tartarugas e acende alerta ambiental em Rondônia

O ciclo de vida das tartarugas-da-Amazônia é um verdadeiro espetáculo natural que se repete todos os anos nas margens do Rio Guaporé, localizado na d

MPF defende assistência técnica ao produtor rural em Rondônia como forma de proteger o meio ambiente

MPF defende assistência técnica ao produtor rural em Rondônia como forma de proteger o meio ambiente

O Ministério Público Federal (MPF), representado pelo procurador da República Gabriel de Amorim, com atuação na área ambiental, participou hoje (31

Ecobarreiras reforçam ações da Prefeitura de Porto Velho contra alagamentos e poluição dos igarapés

Ecobarreiras reforçam ações da Prefeitura de Porto Velho contra alagamentos e poluição dos igarapés

A Prefeitura de Porto Velho, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), através dos Serviços Básicos, vem ampliando o uso das ecoba

ONGs acionam Justiça para barrar perfuração na Foz do Amazonas

ONGs acionam Justiça para barrar perfuração na Foz do Amazonas

Oito organizações de movimentos ambientalista, indígena, quilombola e de pescadores artesanais entraram na quarta-feira (22) com ação na Justiça Fede

Gente de Opinião Terça-feira, 11 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)