Domingo, 19 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Hidrelétricas do Madeira

Usina do Madeira vai mexer com o ranking do setor


A usina de Santo Antônio e seus 3,15 mil megawatts (MW) estão longe de serem só um projeto. Além do gigantesco custo de construção, estimado em R$ 9,5 bilhões, e de ser capaz de afastar o fantasma do racionamento de energia no país, a hidrelétrica que vai à leilão nesta segunda-feira também poderá alterar substancialmente o ranking dos geradores de energia no Brasil.  

Em outras palavras, uma vitória da estatal Chesf, por exemplo, daria ao grupo a condição de ter o dobro de energia que a maior empresa privada no país, a Tractebel, controlada pela multinacional franco-belga Suez. Agora, se a Tractebel ficar com a obra, encosta em Furnas e reduz a dianteira da Chesf. Isso, sem contar a competição natural que pode existir entre as estatais.  

"Pode haver realmente uma briga entre Furnas e Chesf pelo rótulo de maior geradora de energia no país", avalia o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). Um relatório da Ativa Corretora, no entanto, pondera que a disputa quanto às posições no ranking da geração é algo que interessa muito aos grupos privados, como CPFL Energia, a espanhola Endesa e a própria Suez.  

Hoje, a maior geradora de energia do país é Itaipu com seus 14 mil MW. E seu controle é dividido meio a meio entre o governo brasileiro, que repassou os 50% à estatal Eletrobrás, e o Paraguai. Em tese, portanto, a holding Eletrobrás seria dona de 7 mil MW, mas na prática 95% da energia é consumida pelo Brasil. Agora, nem o consumo e tampouco a capacidade fazem parte dos números de suas controladas (Chesf, Eletronorte, Eletrosul ou Furnas), já que esses dados são consolidados na holding.  

Sendo assim, quem assume a condição de maior geradora de energia no país é a Chesf, seguida por Furnas. E é justamente essa competição, já que as duas controladas da Eletrobrás estão em consórcios distintos na briga pela usina de Santo Antônio, é que poderá alterar o ranking no país.  

O leilão de Santo Antônio será disputado por três consórcios. No Madeira Energia, Furnas tem participação de 39% ao passo que a Cemig detém 10%. O restante é dividido entre as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, além de um fundo que reúne os bancos Banif e Santander.  

Já no Energia Sustentável, a Suez detém 51% e a estatal Eletrosul fica com 49%. E no Consórcio de Empresas Investimentos de Santo Antônio (Ceisa), a Chesf detém 49% e CPFL Energia e Endesa têm cada uma 25,05%. Os 0,9% estão nas mãos da construtora Camargo Corrêa.  

No exercício feito pelo Valor e que obedeceu as respectivas participações de cada grupo gerador no seu consórcio, fica claro que em vitória do grupo da Chesf, a estatal dispara no ranking. De acordo com os dados coletados, a Chesf alcançaria 12,14 mil MW e deixaria a Tractebel com os atuais 5,9 mil MW e Furnas com 8,9 mil.  

Em caso de vitória ou de Furnas ou de Tractebel, a Chesf ainda ficaria no topo da lista, mas veria sua distância em relação aos demais grupos cair bastante. Sob esta perspectiva, a situação mais desconfortável para a Chesf ocorreria se Furnas ficasse com a obra, porque ela saltaria dos atuais 8,9 mil para 10,14 mil MW de potência instalada.  

Mas se a Suez desbancar os adversários e vencer o leilão, Chesf manteria o posto de número um com folga, mas Furnas não teria a mesma sorte. Em outras palavras, a Tractebel alcançaria os 7,5 mil MW de capacidade e ficaria a pouco mais de mil MW de Furnas. Além disso, a multinacional ainda conseguiria ultrapassar a Eletronorte, que tem hoje 7,4 mil MW. A Eletronorte não disputará Santo Antônio, porque não depositou as garantias necessárias. 

Fonte: Jornal Valor Econômico - Maurício Capela, de São Paulo 

Gente de OpiniãoDomingo, 19 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Iniciadas as obras de proteção das margens do rio na região da Madeira-Mamoré

Iniciadas as obras de proteção das margens do rio na região da Madeira-Mamoré

A população de Porto Velho pode comemorar o início das obras que fazem parte do importante projeto de revitalização do complexo da Estrada de Ferro

Hidrelétrica Santo Antônio completa quatro anos de geração

Hidrelétrica Santo Antônio completa quatro anos de geração

Porto Velho, março de 2016.Dia 30 de março marca os quatro anos desde o início de geração da Hidrelétrica Santo Antônio, localizada no rio Madeira, em

Estudantes de engenharia elétrica do acre visitam Jirau

O canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Jirau foi cenário de estudo dos estudantes do primeiro período do curso de Engenharia Elétrica da Universida

Governo faz mega desapropriação em Belo Monte

BRASÍLIA – A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) formalizou na última terça-feira (3) a última desapropriação de terras para a construção da

Gente de Opinião Domingo, 19 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)