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Hidrelétricas do Madeira

Leilão de linhas de transmissão do rio Madeira em abril


Maurício Capela - Valor Econômico 

O leilão dos 2,45 mil quilômetros de linhas de transmissão das hidrelétricas do rio Madeira deverá acontecer até abril de 2008. A informação é da Empresa de Pequisa Energética (EPE), companhia do Ministério de Minas e Energia, e uma das responsáveis pela definição da data, da tecnologia empregada e do valor da obra. No mercado, estima-se que a linha poderá custar entre US$ 1,7 bilhão e US$ 4 bilhões.

Empreendimento fundamental para que os 6,45 mil megawatts (MW) das duas usinas, Santo Antônio e Jirau, conectem-se ao Sistema Interligado Nacional, a definição do orçamento da obra vai depender da tecnologia que será colocada em prática. E a discussão na EPE gira em torno da chamada corrente contínua, corrente alternada ou da combinação entre as duas. A tendência, contudo, é que a empresa do ministério opte pela tecnologia contínua no maior trecho, entre Porto Velho (RO) e Araraquara (SP), e depois use a alternada.

"Muito provavelmente o governo vai escolher a corrente contínua até Araraquara. Daí em diante, deverá utilizar a alternada até Atibaia (SP)", afirma uma fonte do setor. A EPE estima que a construção dos 2 mil quilômetros de linha dure três anos.

De acordo com Rafael Fchechtman, engenheiro elétrico e diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), a corrente contínua tem perdas menores de energia, mas exige uma tecnologia quase que exclusiva, ou seja, desenhada especificamente para atender os detalhes do projeto. "Já a corrente alternada possui uma tecnologia disponível no mercado, apesar de ter perdas maiores no transporte do insumo", afirma Fchechtman. "A corrente contínua tem metade das perdas em comparação à alternada", completa.

O mercado, contudo, aposta que a EPE e as demais instituições envolvidas na preparação do leilão vão optar pela combinação das duas. E isso na prática acaba repetindo a experiência que o Brasil teve quando construiu a usina hidrelétrica de Itaipu. Neste caso, entre as subestações de Foz do Iguaçu (PR) e Ibiúna (SP), a distância percorrida pela energia na corrente contínua é de 800 quilômetros.

Na época da construção, a tecnologia desenvolvida contou com o respaldo da sueca Asea, que anos depois tornou-se a multinacional ABB. "Foi a Asea que forneceu aquele equipamento para as linhas de Itaipu", lembra o diretor da CBIE.

Entre os possíveis competidores, ninguém fala sobre o assunto. Mas é voz corrente no setor que se o governo resolver adotar o modelo contínuo na maior parte do trajeto das linhas de transmissão, apenas uma companhia ou um grupo de empresas poderá arrematar o lote. "Se não for assim, fica impossível delimitar responsabilidade. Na corrente contínua, não há como separar tal grupo responde por este trecho e outro comanda aquele pedaço", acrescenta outra fonte do setor.

Entre os interessados aparecem as construtoras espanholas, Abengoa, Isolux e Cobra, além da brasileira Alusa, todas com força na disputa. Também há quem aposte na colombiana ISA, que controla a Cia. de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), e na italiana Terna como fortes candidatas à obra.

 

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