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Hidrelétricas do Madeira

JIRAU: Camargo Corrêa e Suez negociam megaconsórcio para disputar leilão



Bastou combinar uma percepção de deságio baixo e de que há um concorrente forte na disputa para que o leilão da segunda hidrelétrica do rio Madeira, Jirau, apresente um novo roteiro.

Se em Santo Antônio, a primeira usina do Madeira e que foi licitada em dezembro de 2007, três consórcios ameaçaram travar uma disputa histórica, em Jirau a expectativa recai sobre dois grupos. E essa redução não passa de jogo de cena, porque os principais atores do processo de venda da primeira usina também deverão estar no pregão de Jirau. A diferença é que agora estão juntos.

Marcado para 19 de maio próximo, o leilão de Jirau deverá transformar concorrentes de ontem em parceiros de hoje. Ou seja, a multinacional franco-belga Suez e a brasileira Camargo Corrêa estão muito perto de fechar uma aliança que deverá acirrar ainda mais a disputa pela usina.

O Valor apurou que Camargo Corrêa e Suez se reuniram na tarde de ontem.

E a discussão já não girava mais se haveria uma junção de forças, mas sim sobre a participação de cada um no novo consórcio.

A idéia inicial é que Suez assuma 52% e a Camargo fique com 8%. Os outros 40% seriam divididos igualmente pelos parceiros de antes, Chesf e Eletrosul, controladas pela Eletrobrás. Mas essa alta participação estatal não agrada a Suez, que defende uma parcela menor.

Segundo a assessoria de imprensa da Eletrosul, o consórcio está formado até segunda ordem. Mas o percentual dos quatro grupos ainda não está definido completamente. Camargo Corrêa e Suez, por outro lado, não quiseram comentar o assunto.

Em Santo Antônio, Suez e Eletrosul formaram uma parceria, ao passo que Camargo Corrêa e Chesf encabeçaram outro consórcio.

No entanto, o empreendimento foi arrematado pelo grupo liderado por Odebrecht e Furnas, que ofereceu um preço 35% menor que o valor teto de R$ 122 por megawatt/hora (MWh) estabelecido pelo governo federal, causando espanto em quase todo o setor elétrico brasileiro.

E Odebrecht e Furnas, assim como os demais membros do consórcio, estarão juntos em Jirau. Contudo, a julgar pelo último movimento da Suez, a disputa promete ser acirrada.

Ontem, o consórcio Energia Sustentável, que hoje acomoda a empresa, mas que provavelmente terá outros membros, anunciou que vai realizar um leilão para os consumidores livres de energia.

A idéia é comercializar parte dos 30% do insumo, que, segundo as regras de licitação de Jirau, poderá ser destinada ao mercado livre. E a venda desse volume será feita na próxima sexta-feira, dia 16, três dias antes do licitação da usina.

Portanto, analistas acreditam que se for bem sucedida, o consórcio ganhará fôlego para dar um deságio menor que o concorrente. O preço do MWh desse leilão da Suez não foi ainda divulgado.

Com capacidade instalada de 3,3 mil megawatts (MW), Jirau entregará efetivamente 1,975 mil MW de energia. E, segundo as regras do edital, ficará com a usina quem oferecer o maior deságio em relação aos R$ 91 por MWh estabelecidos como preço-teto.

Os consórcios deverão se inscrever até 12 de maio próximo.

(Fonte: Valor Econômico/Maurício Capela

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