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Pará prepara o Círio, a maior festa amazônica


Peregrinos chegam a Belém para a maior concentração popular e religiosa da região norte brasileira. Feira do Miriti expõe na praça artesanato de qualidade feito em Abaetetuba, nordeste do estado. 


Agência Amazônia  (*) 

BELÉM, PA – O sacrifício e as promessas começam sempre antes da maior romaria popular da Amazônia e uma das festas mais conhecidas do mundo. O Pará abriu oficialmente, nesta sexta-feira, as romarias do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Grupos de peregrinos que viajam por rodovias ou em barcos estão chegando à capital do Estado do Pará, procedentes de Castanhal, São Caetano de Odivelas e Santo Antônio do Tauá e outras localidades. 

Eles vêm determinados a chegar caminhando a pé até a Basílica de Nazaré. Um deles foi o motorista Carlos Teixeira, fez o percurso Castanhal-Belém pela 12ª vez. Os festejos e as celebrações religiosas reúnem cerca de dois milhões de pessoas a cada ano. 

A festa do Círio de Nazaré tem muitas cores. Colorido retratado nos tradicionais brinquedos de miriti, arte que ganha novas formas e tratamento, movimentando a economia do município de Abaetetuba, nordeste paraense, que gira em torno do aproveitamento da palmeira do miriti e do açaizeiro. O resultado do trabalho de 148 artesãos pode ser conferido até o dia 12 de outubro na 9ª edição da Feira do Miriti, na Praça Waldemar Henrique, junto com a Feira do Círio, que reúne artesãos de diversas regiões do estado. 

A organização da Feira do Miriti espera que o volume de negócios gerados este ano seja da ordem de R$ 350 mil, superando em mais de R$ 100 mil o do ano passado, quando o evento fechou mais de 50 negócios. A promoção é do Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas do Pará em parceria com a Associação dos Produtores de Brinquedos e Artesanato em Miriti, de Abaetetuba. O Sebrae também promove a Feira do Círio, que chega à sua 13ª edição. 


Réplicas de animais e objetos de fibra
 

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Artesanato de miriti é muito procurado durante os festejos. Produtos também são exportados por artesãos de Abaetetuba /EUNICE PINTO

Além das réplicas de animais, casas, quadros, barcos, flores e outros objetos de fibra de miriti, o espaço foi ambientado com fitas de promesseiros. Alegria e demonstração de fé marcaram a celebração de abertura, seguida pela procissão que levou uma berlinda de miriti com a imagem da santinha ao centro dos estandes, onde houve a benção do padre Reginaldo Barbosa, de Abaetetuba. Em seguida, mais colorido e música com o Arrastão da Pavulagem e os shows de músicos da terra.
 
Para o presidente da Associação, Desidério Antônio Neto, o movimento do primeiro dia já é um indício de que o "casamento" das feiras deu certo. Durante a missa, ele agradeceu ao Sebrae pelo apoio que tem dado à associação, ao governo do Estado e às prefeituras de Belém e de Abaetetuba. Para Neto, a feira é uma ótima oportunidade para os artesãos comercializarem e divulgarem suas peças, que já foram expostas pelo Brasil e na Europa.

"O artesanato feito com o miriti é maravilhoso, digno de galeria", elogiou o aposentado paulista Rinaldo Filho, apontando a qualidade do designer das peças e a criatividade dos artistas. Ele chegou ontem a capital paraense e seguiu do aeroporto direto para a feira, a convite do amigo paraense, Ederaldo Santos, professor de folclore. "Poder mostrar isso para quem vem de fora é motivo de orgulho e fico envaidecido de mostrar os detalhes das obras", disse Santos. 

Os brinquedos feitos de miriti também encantaram a socióloga Martinha Rebelo e seu marido, o químico industrial Edmilson Vianna. "A gente já conhecia o (brinquedo) tradicional, como a cobra e o roque-roque, mas está mais diversificado. Dá vontade de comprar tudo", comentou Martinha Rebelo. Vianna disse que a cor, o movimento e a leveza do artesanato chamaram a atenção da filha deles, que mora no Texas e encomendou 50 peças, as quais pretende usar no trabalho com crianças autistas. 


E o profano também se destaca
 

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Romeiros desembarcam no porto de Belém para participar das delebrações religiosas e da maior festa popular da Amazônia /LUCIVALDO SENA

BELÉM – Entre a romaria da trasladação e a procissão do Círio de Nazaré, acontece em Belém do Pará uma das manifestações públicas mais animadas da Amazônia: a Festa da Chiquita, organizada pelo movimento gay da cidade. O evento tem o caráter profano do Círio e ocorre na Praça da República, centro da capital, um dos pontos de parada da berlinda que conduz a imagem da padroeira dos paraenses. 

A Festa da Chiquita nasceu como bloco carnavalesco, idealizado por um grupo de homossexuais e simpatizantes de Belém, em meados da década de 1970, em um país conturbado pela ditadura militar. O evento ainda era chamado de Festa das Filhas da Chiquita e o objetivo era contestar e criticar a estrutura política, e ainda aproveitar a ocasião para a diversão.
 
O bloco saia do extinto presídio São José, agora espaço São José Liberto, e percorria as ruas da cidade até chegar ao Bar do Parque, na Praça da República. Hoje, mais de 30 anos depois, a Chiquita começa no sábado, assim que a procissão da trasladação passa, e termina na madrugada de domingo, horas antes do início da maior procissão que leva a imagem da padroeira da Catedral até a Basílica de Nazaré. 

Este ano, o tema da festa é "A Chiquita sem crise", em alusão ao momento vivido pela economia mundial e pela falta de apoio de muitos empresários belenenses que negaram ajuda ao evento, alegando falta de dinheiro. Segundo o organizador da festa, o cantor Eloi Iglesias, a Chiquita "é um momento de avaliação de todos os campos, da economia, da política, da cultura. É a festa da espontaneidade".

Vinícius Monteiro, membro do Grupo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Travestidos Orquídeas e que participa da festa pelo quarto ano, lembra que Chiquita é considerada parte integrante do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, reconhecida, tal qual o Círio, como patrimônio imaterial da cultura brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). "As diversas referências ao Círio e à própria Nossa Senhora de Nazaré na festa das filhas da Chiquita apresentam, assim, um caráter de resistência, de contestação, de busca de espaço e reconhecimento social pelos homossexuais (dossiê do Círio, Iphan)". 

(*) Com informações da Agência Pará. 

Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia  é parceira do Gentedeopinião

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