Sexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Cultura

Opinião: A escola como mobilizadora nacional




Eliezer Pacheco*

Ultimamente tem sido muito enfatizada a valorização do professor como forma de melhorar a educação brasileira. Isto é absolutamente correto. Sem educadores qualificados, motivados e com salários dignos é impossível uma educação de qualidade. Da mesma forma, há a necessidade de escolas equipadas com laboratórios, bibliotecas e recursos didático-pedagógicos. Entretanto, mesmo com a solução de todas estas questões, ainda teríamos dificuldades de aprendizagem, já que os principais problemas se originam do lado de fora das instituições educacionais. Estas dificuldades da sociedade, aliás, permeiam a escola. E não poderia ser diferente, pois, nesse caso, ela seria uma redoma, algo artificial.

A escola precisa se ocupar das questões sociais que a atingem direta ou indiretamente. Tais problemas não têm sido tratados como questões concernentes à educação, quando, de fato, o são. É difícil ocorrer uma aprendizagem adequada com famílias desagregadas, pais com baixa ou nenhuma escolaridade e inexistência de ambientes favoráveis ao estudo. Portanto, os entraves cruciais da educação têm de ser enfrentados com políticas de emprego, salário, distribuição de renda, habitação, saneamento, transporte, etc.

Nosso país, a partir do Governo Lula, vem enfrentando estas questões e adotando importantes iniciativas na área educacional, cujos resultados, a médio e longo prazo, acontecerão. Estes, contudo, demandam uma geração inteira para se fazerem sentir. Devem os educadores e a sociedade apenas aguardar as conseqüências destas iniciativas? Parece-nos que não.

Embora os indicadores apontem para avanços importantes a partir das políticas de inclusão, distribuição de renda e investimentos em educação, a herança secular deve ser enfrentada por políticas que envolvam a escola e sejam focadas no seu público alvo, ou seja, pais e alunos.

As escolas públicas, além da parte pedagógica, deveriam ter uma coordenação de políticas sociais, responsável pela articulação entre os membros da comunidade escolar e as políticas públicas de saúde, habitação, saneamento, etc. Também de medidas em andamento promovidas pelo governo, como melhoria da merenda escolar, turno inverso e transporte.

Isso passa diretamente pela estruturação dos serviços sociais dentro das instituições escolares, os quais devem englobar também ações de formação política, cultural, desportiva, bem como ações de extensão, de atenção e cuidado com a saúde dos educandos e educadores, além de encaminhamento dos educandos a oportunidades de inclusão sociolaboral. A comunidade escolar deve ser vista como um todo. Por isso, as escolas devem compreender a educação dos pais de seus alunos como parte de suas tarefas, encaminhando-os para a alfabetização, escolarização e profissionalização. É necessário ter conhecimento da situação de cada família e tomar todas as medidas no sentido de prover soluções aos problemas sócio-econômicos que impedem o educando de ter um bom desempenho.

A presidenta Dilma tem apontado o combate à miséria como sua prioridade. Desta forma, nenhuma instituição pública pode se omitir, especialmente a escola, do papel que desempenha nas comunidades. A perspectiva educacional deve ser transversal e permear todas as políticas públicas como espinha dorsal das ações do Estado, transformando-o em um Estado educador.

É necessário, ainda, resgatar a dimensão política do fazer docente, no convencimento de que estas tarefas são parte do ser educador e do exercício da cidadania. Recuperar e qualificar o debate político-pedagógico como base de uma educação de qualidade. O debate político entre os educadores foi substituído pelo debate sindical, importante para a categoria, mas insuficiente para responder aos grandes desafios da educação. A escola é a instituição pública de maior capilaridade em todo o país e, portanto, a que tem melhores condições de articular uma grande mobilização nacional em defesa do conhecimento e da emancipação.

*É professor e secretário de educação profissional do MEC


Fonte: Rosália Silva / Jornalista/IFRO

Gente de OpiniãoSexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Associação Diversidade Amazônica capacita alunos de Vilhena com oficina de fotografia

Associação Diversidade Amazônica capacita alunos de Vilhena com oficina de fotografia

Entre os meses de fevereiro e março deste ano, alunos da Escola Estadual Shirlei Ceruti, localizada em Vilhena, foram agraciados com uma oportunidad

Projeto Cultura Itinerante movimenta Fortaleza do Abunã com apresentações de capoeira, teatro e boi-bumbá

Projeto Cultura Itinerante movimenta Fortaleza do Abunã com apresentações de capoeira, teatro e boi-bumbá

O projeto Cultura Itinerante contemplou com várias apresentações artísticas, no sábado (23), a população do distrito de Fortaleza do Abunã e comunid

Festival Estudantil Rondoniense de Artes está com inscrições abertas até 30 de abril

Festival Estudantil Rondoniense de Artes está com inscrições abertas até 30 de abril

Com o intuito de despertar a valorização da regionalidade, preservação da identidade e o sentimento de pertencimento cultural, o Festival Estudantil

Inscrições para artesãos exporem produtos na Rondônia Rural Show Internacional estão abertas pelo Governo de RO

Inscrições para artesãos exporem produtos na Rondônia Rural Show Internacional estão abertas pelo Governo de RO

As inscrições para artesãos de todo o Estado para exposição e comercialização dos produtos de artesanatos, no espaço da 11ª Rondônia Rural Show Inte

Gente de Opinião Sexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)