Terça-feira, 22 de março de 2011 - 17h39
O autor nos leva as corredeiras e cachoeiras do rio Madeira, no trecho que vai de Santo Antônio até Guajará-Mirim, fronteira com a Bolívia, para nos contar a história de Diaruí.
Discorre sobre o povo Karipuna que por causa das brigas entre as tribos, no início do Século XIX, saiu da bacia do rio Tapajós em direção ao Oeste para habitar a bacia do rio Jaci Paraná, e nos leva ao contato desse povo com o homem branco no final do Século XIX, que fizera com que esses índios se deslocassem, no início do século seguinte, para as cabeceiras do rio Mutum Paraná.
Desses contatos o mais importante foi quando da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que trouxe no seu rastro, de maneira definitiva, a acelerada exploração dos seringais e a decadência desse povo, uma vez que o trajeto da construção atravessava, principalmente, os domínios das tribos Karipuna.
Foi nesse cenário que aconteceu a história de Diaruí, encontrado pelos engenheiros da construção da ferrovia, com a perna necrosada, abandonado no “caminho do progresso”.
O narrador envereda por esse choque de culturas, crenças e mitos, chegando à dúvida do conflito psicológico de determinados personagens que chegam, às vezes, em não saberem mais no quê acredita.
Amor e ódio aparecem em determinados momentos com redobrado vigor e a vingança é o ingrediente que dá vida a essa narrativa, onde a sede de riqueza faz as pessoas passarem, sem escrúpulos, sobre o sofrimento dos oprimidos cujos gritos de socorro são abafados pela pujança da floresta Amazônica.
PERFIL DO AUTOR
Antônio Cândido nasceu num seringal meio perdido lá para as bandas do “Igarapé dos Botos” no Município de Humaitá – AM, mudando-se para Porto Velho ainda criança, onde fixou residência e permanece até hoje. Sua primeira experiência artística foi no teatro, com apenas 10 anos de idade. Logo em seguida mergulhou pela poesia e dela nunca emergiu. Tornou-se a própria. Considerado o poeta de Porto Velho, tanto nas suas colaborações literárias publicadas no jornal Alto Madeira, como no seu livro “Marcas do Tempo”, Antônio Cândido canta Porto Velho com seus bairros, ruas, travessas, vielas e outros logradouros. É autor da bandeira e o brasão do município de Porto Velho; da bandeira e hino do município de Costa Marques e dos hinos dos municípios de Jarú e Cerejeiras. Recebeu homenagens da Câmara Municipal como o Título – Amigo de Porto Velho, Cidadão Honorário de Porto Velho e a comenda José do Patrocínio, alusiva aos 100 anos da Abolição da Escravatura.
Sua grande paixão pela cidade de Porto Velho é demonstrada no poema que tem seu nome, além da história da legendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, toda contada em poesia, no livro “Madeira-Mamoré – O Vagão dos Esquecidos” (1ª Edição, 1998; 2ª Edição, 2000). É autor também do livro Enganos da Nossa História, publicado pela Edulfro. É membro da Academia de Letras de Rondônia.
Fonte: Luciana Oliveira
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