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Gente de Opinião

Yêdda Pinheiro Borzacov

CAIARI, O ENCANTO DOS SEUS CANTOS, O PRANTO DOS SEUS DESENCANTOS


Desde que cheguei em Porto Velho nos idos  de 1942, acompa­nhando meus pais Christina  Struthos Pinheiro e Ary Tupinambá Penna Pinheiro, pelo trem da Estrada de Ferro Madeira­Mamoré, apenas com dois anos de idade, oriunda da minha cidade natal, Guajará-Mirim, residi no Caiari. Mudei-me apenas em 1965, ano em que contraí núpcias com Eduardo Borzacov e fomos morar no Areal.

Caiari, um bairro que começava no início do campo de aviação (assim era chamado o aeroporto) na av. Pinheiro Machado, entre as av. Farqhuar e Presidente Dutra, fazendo divisa com a rua José do Patrocínio, esquina com a rua Gonçalves Dias até a av. Pinheiro Machado.

Caiari, velho e querido Caiari, que hoje se debruça sobre a poeira de tantas lembranças, rompe o tempo e escala a história· ... seu nome deveu-se à associação com o antigo nome do rio Madeira:  Caiary ...

Caiari, belo nome, significa amar, no idioma inca, coragem e resolução no hebraíco e na língua aruaca, rio dos cedros ...

Lá, foram instaladas, entre 1908  e 1910 as três caixas d'água, provenientes de Chicago - EUA, símbolo da identidade de Porto Velho, guardando a história e tradição da cidade, alimentando e amalgamando a cultura expressa em nossa rondonidade.

Lá, foi construída uma praça, denominada Aluízio Ferreira, em homenagem a um dos seus mais ilustres moradores e que, na década de 1930, quando Diretor da E.F. Madeira-Mamoré, pleiteou e conseguiu a liberação de recursos financeiros do Ministério de Viação e Obras Públicas, visando a construção de casas para os operários e funcionários da ferrovia, surgindo, assim, o bairro Caiari, inicialmente bairro tipicamente ferroviário, acordando cedinho com a sirene da Madeira­-Mamoré chamando para a lida diária.

Lá, vivia-se em estilo conservador. Seus moradores se conheciam pelos nomes e as senhoras colocavam cadeiras de vime nas calçadas, a partir das 18 horas, quando então as vizinhas atualizavam as novidades, enquanto as crianças brincavam livremente, alegres, felizes e as moças namoravam sob a vigilância atenta das mães, avós e tias. Às 22 horas, as portas das casas eram fechadas e as ruas imergiam no silêncio.

Lá, pela manhã, passava o verdureiro anunciando a cada porta da freguesia: verdureiro!  enquanto armava o cavalete, nele equilibrando o tabuleiro do qual as donas de casa iam escolhendo os legumes e verduras para o cardápio do dia. Não havia agrotóxicos.  Algumas famílias contrata­vam o peixeiro e ele mandava o peixe desejado:  tambaqui,  tucunaré,  pirarucu,  pacu,  sardinha,  jatuarana, pescada, (peixe de couro nem pensar, fazia mal para a pele)... tempo em que não havia supermercado, nem peixe congelado.

Lá, o Presidente da República Getúlio Vargas, em 1940, hospedou­-se em belo casarão de pinho-de-Riga, ocasião em que foi discutida a importância da criação do Território Federal do Guaporé e, consequente­mente, a significação da nossa identidade cultural e social.

Lá viveram os primeiros ecologistas de Rondônia: Ary Tupinambá Penna Pinheiro e Edgar de Souza Cordeiro, sempre alertando para o perigo do desmatamento que está ocorrendo hoje e para o fim do extrativismo conservacionista, o que também aconteceu.

Lá, o poeta e declamador José Alves de Lira, em noites de boemia, declamava, comovido, os versos de Vespasiano Ramos, poeta maranhen­se falecido em Porto Velho ... "Prometeste voltar/ Não voltes, Cristo:! Serás preso, de novo, às horas mudas, / Depois de novos e diversos atos, / Porque, na terra, deu-se, apenas, isto:! Multiplicou-se o número de Judas / E vai crescendo a prole de Pilatos.

Lá, nasceram e consolidaram-se amizades de infância, espontâ­neas, verdadeiras, sinceras.

Passeando pelo Caiari, andei ... andei no espaço de uma geração ... vivenciando passagens ... a infância e os sonhos correndo pelas calçadas e ruas ... a adolescência que não me sai da retina ... o tempo buscando o antigamente.

Tempo das belas festas de aniversários infantis ... mesas repletas

de guloseimas e guaraná "Andrada", "Mauá", "Baré" ... Aniversários de

Elody, Alfredo e Moacyr Cordeiro; José Maurício e Linda Maria Bustani; Vera Maria Britto; Nina Rosa, Raimundo, Fernando Henrique e Júlio Borralho de Medeiros; João Bosco Teixeira; Odélia Soares Heitor; Leonor e Luís Antônio  Gusman; João Baury; Roosevelt Pierre Maturim; Joaquim, Manoel e Corina Monteiro.

Tempo da Escola Getúlio Vargas, dirigida pela professora Leonice Mota de Carvalho e da primeira escola de datilografia da cidade, do  Professor Tales Alves de Souza.

Tempo em que surgiu a decisão de tornar a Virgem de Nazaré, Padroeira do recém criado Território Federal do Guaporé... era a colônia dos paraenses prestando homenagem à sua Padroeira.

Tempo em que eram celebradas as rezas das Santas da devoção das senhoras, como Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora da Conceição, cujas imagens em madeira eram levadas durante os meses de maio e dezembro, respectivamente, cada noite para uma residência, onde se rezava o terço e cantava-se as ladainhas. Guardo ainda em minha memória olfatativa o aroma das flores que enfeitavam os oratórios, em mistura com o leve odor de cera das velas que choravam nos altos candelabros.

Tempo das "10 MAIS ELEGANTES", promoção da coluna "Pingos Sociais", do jornal "O Guaporé". As expoentes máximas da elegância eram

quase todas moradoras do Caiari: Elba Cantuária ... Silvia Correia ...

Alzirinha Gorayeb ... Alzenita Gondim... Helena Erse ... Lili Tabosa.

Tempo em que as pessoas se conheciam e se respeitavam, não havia assaltantes nos obrigando a trancafiar nossa liberdade atrás de grades de segurança e cadeados ... não havia jovens pouco respeitosos escancarando as quatro portas de seus carrões, para todo o bairro ouvir também, em exagerados decibéis, o barulho que suas curtíssimas sensibili­dades crêem que seja música.

Tempo das brincadeiras lúdicas... pernas de pau... papagaios de papel... petecas... cabo-de-guerra... manja... telefones de caixas de fósforo e cordões... rodas.

Tempo em que a porta da entrada da casa costumava ficar aberta, entre às 7 até às 22 horas, e a privacidade era resguardada por um portão apenas encostado em um muro baixo perto da calçada, de modo que pessoas estranhas aos moradores esperavam, enquanto alguém da casa vinha para atendê-Ias. Podia-se manter a porta aberta e viver com sossego e tranquilidade.

Tempo em que inexistia televisão e as informações chegavam pela Hora do Brasil, sintonizado nos pequenos aparelhos de ondas curtas e que trazia as notícias da política partidária, das decisões do governo federal, dos decretos, enfim, noticiava com quais canetadas o presidente da república resolvia os nossos destinos, para bem ou para mal. Foi por meio desse programa que o Caiari soube da criação do Território Federal do Guaporé. Memorável noite de setembro, em casa dos meus pais festejava-se o meu batizado e o aniversário de meu pai, com um jantar preparado pelas exímias quituteiras, minha avó Sinhá, minha babá Chica e a cozinheira paraense, Sabá. Quando a notícia foi divulgada o céu do Caiari se iluminou de alegria e de foguetes, e nas ruas ecoaram gritos de vivas à Aluízio Ferreira, artífice da criação do Território, e ao Presidente Getúlio Vargas, o criador.

Tempo da amizade e da solidariedade... No fim da década de 1940, numa madrugada enluarada, um belo casarão de pinho-de-Riga, localizado às proximidades do prédio onde estão instaladas hoje as Secretarias Municipais de Administração e Fazenda, às margens do Madeira, incendiou-se e ardeu completamente, assustando terrivelmente as famílias do Caiari que, passado o susto inicial, ajudaram prontamente na extinção do fogo, face a inexistência de um corpo de bombeiros, e depois abrigando as famílias que lá residiam.

Tempo da rádio Difusora do Guaporé... e da bela voz do saudoso Petrônio Gonçalves.

 Tempo em que a garotada, munida com varas e latas de goiabada vazias, saiam em busca das tanajuras - formigas de bumbum avantajado e, após a caçada, eram armadas pequenas fogueiras onde se assavam os bumbuns dos insetos, servidos com farofa...

Tempo em que se podia ver o verde de seus quintais... o viço das hortaliças e verduras das suas hortas.

Caiari, bairro onde as casas e as ruas tinham um ar fraternal e acolhedor...

Caiari, bairro que para compreendê-Io é necessário senti-Io como um todo...

... presenteou-me com amizades ternas e fieis.

Caiari musical, valorizando a música regional no tempo e no espaço... Valter Bártholo... Nélio Martins... Paulo Santos... Joaquim Bártholo, o Carola... Terezinha Loira.

Caiari carnavalesco, do bloco dos "Juritis"... Flaert Brasil. ..

Eglantine Bayma ... Lindomar Soares ... Terezinha e Mariquita Marques ...

Hely Morheb... Célia e Cléia Menezes ... Rute Cantanhede        Orquídea

Lima ... Etelvina, Dimas e Divancy Oliveira ... Corina Monteiro Abelardo

Castro ... Rubens Rodrigues ... Rosa Amélia Ribeiro ... Darcy Couceiro   .

Terezinha Trindade ... Lucila Bacelar Fernando e Sérgio Figueiredo         .

Plínio Benfica... Lúcia Alves de Souza Humberto Leite ... Maria Helena e

Maria Ângela Pires... Júlio Cesar Pontes... Aricy Biloia... das fantasias "Viúva Alegre" ... “Índlo” ... “Pirata” ... “Cavalheiro”...

Caiari Cultural, berço de uma das maiores pianistas do Brasil, intérprete de Mozart, Liszt, Bach e Chopim ... Linda Maria Bustani ... do grande violonista, Paulo Santos (o Presidente da República João Figueiredo mandava buscá-Io, em Goiânia, onde residia, para recitais e saraus no Palácio da Alvorada, em Brasília)... do embaixador Maurício Bustani.

Da Escola de Samba Pobres do Caiari... dos sambas enredos famosos ... Sinhazinha e a Abolição... Brasil de Norte a Sul. .. Estrada de Ferro Madeira- Mamoré... Ceará, Terra de Iracema.

Dos blocos Galo da Meia Noite ... do Alho ... do Pinto ... do Rio Caiary ...

Ponto de encontro da saída da Banda do Vai Quem Quer, na av.

Carlos Gomes e na praça das Caixas D'Água.

Dos grandes mestres e mestras, formadores de várias gerações...

Ary Tupinambá Penna Pinheiro ... Sebastiana Mendes Brito ... Raimundo Eirado ... Wilmen Tafner Pereira Lima... Marise Castiel... Estela

Compasso ... Maria do Carmo Ribeiro ... Maria José Fiúza Soares... Estela

Paz ... Maria Angélica de Oliveira ... Hilda Queiroz ... Ena Lago Rocha ... Clenir Medeiros Pontes ... Flora Cotrin... Matilde Rabelo Macedo ... Judith Holder ... Elvira Santos ... Matilde Afonso dos Santos ... Leôncio Cunha ... Nélio Lins Guimarães ... latir Eirado ... Eleide Ribeiro... Floripes Carvalho... Odaléa Sadeck... Terezinha Bártholo ... Lourenço Pereira Lima ... Acrísio Leite ... Zuleide, Zoraide e Zuíla Paiva... Antônio  Vasconcelos... Herbert Alencar ... Gertrudes Holder ... Nilde Mota ... Otávio Félix dos Santos ... Enos Eduardo Lins ... Dorival França ... José Otino de Freitas ... Irecê Alencar ... Edna, Isa e Nelly Granjeiro...

Bairro onde foi instalada a primeira biblioteca pública de Porto Velho ... Raymundo Morais.

Bairro dos historiadores Esron Penha de Menezes e Ary Tupinambá Penna Pinheiro ... do artista plástico Leôncio Cunha... da declamadora e atriz Labibe Bártholo... do poeta José Oceano Alves... da companheira de colunismo social de jornal "O Guaporé", Lindomar Soares ... da "mãezona" das crianças do Educandário Belisário Pena, Nadir Ivo Albuquerque ... do declamador José Lira.

Caiari das minhas infância e adolescência, dos canteiros floridos que encantavam e me faziam sonhar ... acompanhei o crescimento das suas árvores que vi plantarem e nos dias de verão ajudei a aguar.

Dos diminutos jardins encantadores cheios de begônias, hortências, jasmins, margaridas, rosas vermelhas, brancas e amarelas, das residências dos Silveira Britto, dos Souza Cordeiro, dos Penna Pinheiro, dos Monteiro, dos Castanheira, dos Meio e Silva, dos Bártholo.

Caiari das famílias dos Clímaco de Medeiros, dos Freitinhas, dos Figueiredo, dos Teixeirinha, dos Oliveirinha, dos Pontes de Menezes, dos Madeira, dos Almeida, dos Soares, dos Claro de Campos, dos Heitor, dos Mendes, dos Souza, dos Lessa, dos Lira, dos Amorim, dos Gorayeb, dos Lins, dos Nascimento, dos Dias, dos Carvalho, dos Lima, dos Pio, dos Mota, dos Dias Pinto, dos Erse, dos Bilóia, dos Gondim, dos Maués, dos Ribeiro, dos Castro, dos Granjeiro, dos Pequeno Franco, dos Rivero, dos Bustani, dos Gusman, dos Gaya, dos Cotrim, dos Cunha, dos Marcelino, dos Holder, dos Queiróz, dos Paz, dos Rodrigues, dos Compasso, dos Gervais, dos Dantas, dos Alves, dos Tourinho, dos Bacelar, dos Nobre, dos Cantanhede, dos Viana Tabosa, dos Sadeck, dos Fontes, dos Morheb, dos Assunção, dos Ferreira, dos Freitas, dos Pereira Lima, dos Albuquerque, dos Gouveia, dos França, dos Nóbrega da Rocha, dos Fanaia, dos Brito, dos Azevedo, dos Miranda, dos Pirralho, dos Candury, dos Pinheiro, dos Paraguaçu, dos Couceiro, dos Davis, dos Maturim, dos Santos, dos Arruda, dos Duarte, dos Mascarenhas, dos Peixinhos, dos Maia, dos Alencar, dos Medeiros Pontes, dos Silva, dos Macedo, dos Alleyne, dos Guimarães, dos Bringel, dos Barcania, dos Maia, dos Oceano Alves, dos Lopes, dos Corbeiro Kaúla, dos Lopes, dos Moreira Jorge, dos Coelho, dos Castanheira.

Caiari rindo às gargalhadas sonoras ao ouvir os "causos" e histórias contadas pelas vovós recostadas nas cadeiras de embalo, e silenciando com o toque de recolher das crianças.

Caiari um bairro não somente de bem estar, mas também de bem Ser.

Caiari das moças bonitas, brejeiras, faceiras ... das Rainhas dos Estudantes, Lúcia Lago e Edna Granjeiro ... da Miss Território Federal do Guaporé, Arlete Fontes ... das Rainhas e Princesas do Carnaval dos Clubes Internacional e Bancrévea ... da 1ª Rainha das Debutantes, Jesulinda Carvalho.

Dos vencedores dos concursos das fantasias mais luxuosas do Bancrévea Clube ... Elna Castro, Vlademir Carvalho, José Ney Martins,

Deolinda Gonçalves, Corina Monteiro.

Caiari, reduto dos cutubas, ala política partidária da coligação PTB e PSD, de Aluízio Pinheiro Ferreira ... quando os cutubas perdiam a eleição os peles-curtas varriam acintosamente as calçadas do bairro.

Caiari, bairro do jornal "O Guaporé", criado em 1956 por um grupo culto, intelectual, e que ao tomar posição, com valentia e destemor, em 1972, sobre a criminosa erradicação da E. F. Madeira-Mamoré, teve seu diretor, Emanuel Pontes Pinto e o jornalista Ary de Macedo, intimados a comparecer ao 5° Bec Const, ocasião em que foram advertidos que o assunto Madeira-Mamoré não deveria ser mais abordado ... época da repressão militar.

Caiari, bairro chorando amargamente quando a Vila Operária "Francisco Erse" foi demolida e continuou chorando e lamentando-se com a destruição do acervo mobiliário e literário da Academia de Letras de Rondônia em 2004, por um secretário estadual de cultura irresponsável, inconsequente e inculto.

Caiari brincalhão, irreverente, apelidando seus moradores ...

Marquesa dos Santos, aquela senhora que mantinha um "caso" com o Governador do Território ... Deusa do Asfalto, aquele funcionário responsável pelo asfaltamento da av. Presidente Dutra, asfalto que quando o sol aquecia muito amolecia e os saltos da época, Luís XV, enfiavam-se naquela massa estranha, danificando-os. Os peles-curtas, prontamente chamavam-no, "asfalto dos cutubas" ... aquela família portadora de narigão, eram os Tucanos ... aquele casal parecidíssimo com os personagens da revista infantil "Tico-Tico", Faustina e Zé Macaco ... aquele médico que inventava equipamentos, o Professor Pardal e o seu filho, o Lampadinha ... aquele sujeito mentiroso, o Fifi Lorotoffi ... aquela senhora nascida no Líbano, não sei porque chamada de Maria Turca ... , aquela política corajosa, determinada, guerreira, possuidora de pernas muito finas, a Canela de Sabiá... aquele jovem comprido, melancólico, dono de uma voz agradável, Balada Triste das Garotas ... aquela senhora inimiga dos felinos, não podia ver um gato que, záz-tráz, era um gato morto na certa, a Mata-Gato ... aquele jovem muito branco, o Rato Branco ... aquele político da UDN que falava e escrevia baboseiras, o Clodoveu ... aquele ferroviário que trabalhava com serviços de telegráfo, o Rádio ... aquela menina sapeca e endiabrada, a Pipira ... as três irmãs professoras, solteironas e muito feias, a Peste, a Fome e a Guerra ... o menino obeso, barrigudo, o Buchudo ... e, ainda, Contra-Deus, apelido dado a um jogador do Ferroviário ... Frei Papinha, alcunha de um gordo ferroviário que não dispensava uma papinha ... Cláudio Pintada ... aquela morena de olhos amarelados, porta-estandarte do bloco "Os Juritis", portadora de um avantajado bumbum, a Tanajura ... aquele médico moreno, namorador, conquistador, o Tucuxi ... o feio sacristão da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, o Beleza e, ainda ... o Barrão ... o Zé Doido.

Caiari dos tipos populares que por lá perambulavam ... Morcego ... Macaco      Cachimbão ... Zé Quirino... Pacato...Roberto Carlos (Wellington Feitosa) ...   Berico.

Das grandes modistas ... Agostinha Moreira Jorge ... Floripes Carvalho ... Alba Dantas.

Da culinária típica amazônica com seus ingredientes e temperos próprios, utensílios específicos e formas determinadas de preparar.

Ao lembrar-me do Caiari que vi e vivi, meu coração fica mais leve e minha alma sorri ao constatar o quanto ele me ensinou: não haver limites para as pessoas que possuem a capacidade de escrever e sonhar.

Os tempos da mudança evaporaram-se ... Porto Velho cresceu e o Caiari antigo agora é somente um bairro que, tal como meus pensamentos, corre suavemente na minha memória.

Yêdda Pinheiro Borzacov.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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