Terça-feira, 27 de agosto de 2024 - 11h08
Neste
agosto, por uma série de razões, inclusive uma palestra que tive de ministrar
sobre a questão da estabilidade e do desenvolvimento no Brasil, acabei deixando
para lá a homenagem devida ao nosso santo Arnaldo de Soissons (1040–1087),
também conhecido como Arnold ou Arnulf de Oudenburg. Ele é um santo católico
belga, padroeiro dos coletores de lúpulo e dos cervejeiros. Nascido na vila de
Tiegem, na região de Flanders, Santo Arnaldo foi um soldado antes de se
estabelecer na abadia de São Medardo, em Soissons, na França.Nos seus três
primeiros anos de vida religiosa viveu como eremita e depois assumiu o posto de
abade no monastério. Segundo a sua hagiografia, o santo não queria o título e
tentou fugir, mas um lobo o forçou a voltar. Cerca de 1080 foi nomeado bispo de
Soissons. Um padre, anos depois, tentou tomar
seu lugar como bispo, o que interpretou como um sinal e renunciou o episcopado,
retirando-se para fundar o mosteiro de São Pedro, em Oudenburg, onde começou a
fabricar cerveja- uma bebida tida como imprescindível, com a epidemia da Peste
Negra na Europa e sem abundância de água própria para consumo. Santo Arnoldo
promoveu o consumo de cerveja entre os camponeses da região, como um “dom da
saúde” que a bebida evocava. Efetivamente, naqueles tempos, seus esforços
fizeram muito pela população local ao ensinar a fazer cerveja e a bebê-la ao
invés de água. Como não existia saneamento básico, somado a que na produção de
cerveja se fervia o mosto acima da temperatura de pasteurização (não havia
pasteurização ainda), era realmente mais saudável beber cerveja que água (esta
é uma opinião bastante moderna e, hoje, bastante difundida) . Seu trabalho salvou muitas vidas e sua fama
em relação à cerveja se espalhou. Muitos milagres foram atribuídos a ele. Por
exemplo, o teto da cervejaria da abadia desabou, comprometendo o abastecimento.
Santo Arnoldo, então, pediu a Deus para multiplicar as sobras da bebida e suas preces foram atendidas, para
a alegria dos monges e da comunidade. Também introduziu novas técnicas na
fabricação da cerveja. Montando um cesto para formação de colmeias, percebeu
que os cones de palha serviriam como filtros. Daí que em muitas pinturas, ou
representações suas, apareça retratado segurando cestos com abelhas ou
segurando uma espécie de pá usada para macerar o malte. Há outros santos que
são tidos também como padroeiros da cerveja, como São Columbano, São Patrício, Santo Arnulfo de Metz, São Venceslau e Santa Brígida
de Kildare e Hildegarda de Bingen. Nada estranho porque a fabricação de cerveja
é imemorial, segundo consta foram os sumérios, 8 mil anos atrás, que iniciaram
sua produção, mas o nome cerveja vem mesmo dos gregos e romanos, que aprenderam
a arte da fabricação com os egípcios. Vem mesmo é de Ceres, a deusa da
agricultura, dos grãos. Ou seja, do pão e da cerveja. Ceres visia,
termo que deu origem à palavra cerveja, que significa “Aos olhos de Ceres”. Santo
Arnaldo morreu jovem, com 47 anos, e foi canonizado no ano de 1121 depois de
seus milagres serem reconhecidos pela Santa Sé. A festa litúrgica é comemorada
no dia 14 de agosto. Um brinde a Santo Arnaldo de Soissons, pois!
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