Segunda-feira, 27 de junho de 2016 - 05h01
Silvio Persivo (*)
Não sei se vocês ainda lembram, mas, a afastada presidente Dilma, lá pelo começo de março, fez, em rede nacional, um discurso culpando a crise mundial pelos problemas do Brasil e pedindo paciência aos brasileiros. Recebeu, como bela e imediata resposta, pelo país inteiro, e ainda mais nas grandes capitais, gritos, vaias, xingamentos, panelas batendo e buzinas protestando contra seu pedido bizarro. Não era para menos, pois, no seu discurso, no Dia da Mulher, teve o desplante de dizer que as dificuldades que o país estava passando resultavam da crise financeira mundial e da "maior seca da história", e completou com assombrosa falta de senso que "Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos. Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida. Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar. Mas lhe peço paciência e compreensão, porque esta situação é passageira". Incrível, mas, teve a coragem de dizer que o Brasil tem condições de vencer os "problemas temporários" e que o governo absorveu, até o ano passado, todos efeitos negativos da crise e que "agora" tem "que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade”, de forma que a vitória "será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento”. São palavras de quem, como se viu a forma com que foi festejado seu afastamento, se encontrava completamente fora da realidade.
A cristalina verdade é que o brasileiro não tem mais paciência nem compreensão. Os números da violência refletem isto, mas, não são frutos apenas dos roubos gritantes e sorrateiros, como no caso ora revelado dos consignados, e da corrupção que a Lava Jato já mostrou ser sistêmica. É muito mais do que isto. A revolta do brasileiro, que se revela diariamente, vem de que os políticos que deveriam ser os canais de resolução dos problemas da sociedade viraram solucionadores de seus próprios problemas. A sociedade brasileira acordou ao ver que, além de arcar com uma carga monstruosa de impostos, de carregar no lombo o desperdício e a corrupção, ainda por cima suporta a mais hedionda burocracia do mundo. É incrível a carga de exigências de atestados, de documentos, de comprovações que os brasileiros enfrentam a cada dia. Até em bancos oficiais, que deveriam primar por atender ao público, para se ser atendido, é preciso enfrentar três filas ou para pagar impostos se sofre com emissões de guias, com cadastros, com senhas e acessos que não funcionam. A verdade é que, qualquer coisa pública no Brasil, funciona sempre contra o brasileiro. O governo nos ensina que só temos deveres, seja de pagar impostos, de prestar informações, de estar com tudo em dia, mas, por outro lado, e os direitos? Os direitos, como se comprova parece que se restringem aos cidadãos de primeira classe, os poderosos e os políticos, ou aos que nada tem que são assistidos como “coitadinhos”. Enfim, chegamos ao cúmulo do absurdo quando o Partido dos Trabalhadores, ao ascender, perseguiu, justamente, quem trabalha. Não é de estranhar, portanto, que não haja mais paciência nenhuma nem com a política, nem com governos. O Brasil precisa, inclusive para voltar a ter paciência, de menos governo, menos impostos e menos ainda de burocracia.
(*) É professor de Economia Internacional da UNIR-Fundação Universidade Federal de Rondônia e Professor Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos-NAEA da Universidade Federal do Pará-UFPª.
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