Domingo, 8 de maio de 2016 - 19h25
Silvio Persivo(*)
É claro que os que usam viseiras ideológicas, que são bem menos do que se possa imaginar, e os que ganharam ou ganham, ou queriam ganhar com o governo Dilma, vão continuar sempre a dizer que o impeachment dela é um golpe. Se foi um golpe foi o primeiro golpe popular da história brasileira. Há até mesmo os mais sem parcimônia que utilizam a velha e surrada defesa de que só os governos do PT fizeram algo em favor dos pobres. O grande problema disto são os números, que, apesar de imensamente torturados nos tempos atuais, não conseguem mais esconder o malogro inevitável de um governo que teve como pretensão contrariar a lógica mais comezinha. Basta apontar que não existe um caso de desenvolvimento real via estado. Países desenvolvidos, todos os conhecidos, são de livre mercado e, mais do que isto, só com livre mercado pode existir liberdade.
Mas, os pecados dos governos do PT, além do pecado original de desejar que o estado dominasse tudo, passam também pelos erros primários de condução da administração pública. Lula, que saiu com uma aprovação recorde, no seu primeiro governo foi responsável pelo “Mensalão”, obra que por si só, já merecia o impeachment que ele havia pedido para todos os governos anteriores. E mais responsável ainda por, quando navegava em mar de brigadeiro, tendo herdado um país com todas as condições de criar um futuro melhor, sentou-se em cima do marketing para refazer sua própria biografia e não moveu uma palha para modernizar o país, melhorar a gestão pública, mudar a sociedade e, para completar a obra pífia, elegeu uma pessoa sem nenhuma experiência política, que não se elegeria a síndico de seu prédio, para governar o país vendendo a imagem de eficiência gerencial que, como seria de se esperar, foi decepcionante.
O governo de Dilma, por herança e continuidade do populismo barato, levou adiante a farsa de criar desenvolvimento via crédito e consumo, algo insólito na história humana, e acentuou, aliás, acentuou não, potencializou os erros nas políticas relativas aos combustíveis e à energia, área em que, supostamente, Dilma seria uma especialista. As denúncias da Lava Jato, a descoberta do Petrolão, foi a cereja do bolo. Se há um golpe é, sem dúvida, um golpe popular e legítimo. É o golpe do povo que foi às ruas dizer que precisa de um governo que cumpra seu papel. O governo Dilma chegou, e foi um pouco além, do limite suportável. E a classe política, verdade seja dita, foi empurrada, impelida a catapultá-la.
Por esta razão nem mesmo se espera muito do governo Temer, principalmente, porque o Brasil pós-PT é uma terra arrasada. Serão precisos muitos anos somente para recuperar o estrago de dois anos de Produto Interno Bruto-PIB caindo numa média de -4% e para recuperar a destruição das finanças públicas, mas, pelo menos, o Brasil passa a ter esperança em um governo melhor, um governo que, em primeiro lugar, faça o dever de casa para podermos retomar o desenvolvimento. O momento é de buscar reconstruir o país dos escombros de uma política ruinosa para o nosso futuro. Claro que desejaríamos ter políticos melhores, porém, não se pode fugir da realidade de que teremos que trabalhar com as cartas disponíveis e exercer a cidadania da forma como foi feita para limpar o caminho da reconstrução.
(*) É professor da UNIR-Fundação Universidade Federal de Rondônia de Economia Internacional e Professor Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos-NAEA da Universidade Federal do Pará-UFPª.
Desvendando o amanhã: o que Ricardo Amorim nos ensinou
No Fórum de Desenvolvimento Econômico de Rondônia, realizado nesta última terça-feira (29 de abril), o Governo de Rondônia marcou um gol ao encher o
O sucesso do movimento Anti-PC
Há, agora, uma grande reação ao “politicamente correto” que, como não se pode desconhecer, está intimamente associado a um conjunto de normas sociai
A espetacularização nos gramados
O ex-técnico do Grêmio, Gustavo Quinteros, se queixando, com toda razão, que "Se equivocaram no Grêmio em me tirar tão cedo. No Chile e na Argentina
Hoje em dia, com a sensação existente de que a inflação está corroendo o poder aquisitivo do brasileiro, há pesquisas que demonstram 48% dos consumi