Sábado, 20 de outubro de 2012 - 18h09
No mês de agosto do ano em curso, o professor Abnael Machado de Lima completou 80 anos de idade. Abnael é uma personalidade importante em Rondônia e, ao longo de sua rica vida, vem participando ativamente de várias instituições culturais no Estado e até fora dele: Fundador da Academia de Letras de Rondônia, Comendador da Ordem do Mérito Marechal Rondon, Membro do Instituto Histórico e Geográfico e outros títulos. Para mim, contudo, será sempre o Bibico (era assim que nós, as crianças da família Castiel o chamávamos, carinhosamente); querido amigo, diariamente frequentava a casa dos meus pais em minha infância.
A imagem mais remota que guardo de Abnael Machado de Lima é a de um professor que dava os primeiros passos no magistério, um dos três jovens promissores muito ligados à minha mãe, sua antiga mestra: Lourival Chagas, Abnael Machado de Lima e Herbert de Alencar.
Porte atlético, sorriso franco, posso vê-lo ainda sentado na varanda de nossa casa do Caiari, onde manifestava, com a franqueza que lhe é peculiar, suas opiniões firmes e bem fundamentadas.
Terras de Rondônia: este é o título do primeiro livro de autoria de Abnael Machado de Lima, lançado numa época em que escrever um livro e conseguir publicá-lo era uma tarefa muito difícil; seu livro encheu de orgulho todos nós, seus amigos.
Além da personalidade cativante e da inteligência aguçada, outro motivo nos aproximava mais ainda de Abnael, e este motivo emanava uma doçura que encantava a todos: sua esposa, Nazareth.
Nazareth era uma das amigas mais próximas de minha mãe (apesar da diferença de idade entre elas) e pessoa dotada de rara prudência, sabedoria e sensibilidade; Nazareth e Abnael constituíram bela família, família que, certamente, ajudou Abnael a tornar-se o homem que é; neste quesito, hei que acrescentar a lembrança de D. Raimunda, sua mãe, senhora distinta e de grande personalidade; espírita, vivia a fazer caridade ao próximo.
Quem busca informação de qualquer natureza sobre Rondônia (de qualquer época) e não encontra o que procura nas instituições (aliás, fato corriqueiro) recebe, de algum lugar, a indicação do nosso Google humano e confiável: Abnael Machado de Lima.
Dotado de uma memória prodigiosa, pesquisador metódico e exemplar, Abnael Machado de Lima dedica-se a atender aos amigos (como eu, por exemplo), debruçando-se com o maior prazer sobre pastas de quarenta, cinquenta anos, selecionando portarias que guarda cuidadosamente.
Traça gráficos, como poucos; computador? Não sente falta! Também, com a mente privilegiada que tem e com uma letra manuscrita que parece digitada de tão perfeita, computador pra quê?
E assim segue a vida de Abnael Machado de Lima, o semeador das terras de Rondônia, vida alegrada pelo netinho Cauã, que de vez em quando interrompe o avô, para mostrar o boto que acabou de desenhar, ou a frase que escreveu sobre a natureza de Rondônia.
Nosso guardião da memória rondoniense troca figurinhas com outra colecionadora de relíquias: Yêdda Pinheiro Borzacov.
Lembro-me de Yêdda, senhorita (era assim que chamavam as moças, antigamente); moradora do Caiari, filha do excepcional contador de história, Dr. Ary Pinheiro, Yêdda parecia uma princesa saída dos clássicos contos de fadas: pele muito clara, loirinha, delicada e elegante.
A jovenzinha de aparência delicada tornou-se professora, e foi como sua aluna, no curso pedagógico da Escola Normal Carmela Dutra, que eu e os outros jovens da época nos demos conta de que com aquela professora não havia outra coisa a fazer a não ser estudar, e estudar muito. A professora Yêdda Pinheiro (como então era conhecida) levava seu alunado a debruçar-se com afinco sobre a história do Território; cabe aqui ressaltar que naquele tempo não havia livros sobre o tema, apostilas ou coisa parecida. Ela ia falando sobre a história e a gente anotando tudo.
Yêdda, que teve o privilégio de crescer ouvindo as histórias fantásticas de seu pai sobre a selva amazônica, sobre Rondônia, sobre os índios da região e sobre a Madeira-Mamoré, com sua sensibilidade e inteligência cultivou todo esse manancial de conhecimentos e tratou de expandi-lo e compartilhá-lo com seus leitores: poucos em Rondônia sabem tanto sobre a Madeira- Mamoré e sua saga como a Historiadora Yêdda Pinheiro Borzacov. Aliás, o amor de Yêdda pela ferrovia é algo comovente, como comovente é também o seu amor pela memória de Rondônia, sua terra, sua natureza, sua gente e sua história; Yêdda é uma escritora que está sempre envolvida na produção de algum trabalho que envolve esses temas.
Hoje, sábado, dia 20 de outubro, Yêdda lançou um livro didático para crianças (Fotos AQUI): Histórias do Vale do Madeira; o livro de Yêdda levou-me às lágrimas e despertou em mim a garotinha cabocla que fui um dia. Ao descrever para as crianças a vida dos animais que habitam o vale do Madeira, Yêdda abre-lhes um baú de conhecimentos raros, relíquias de quem ali viveu e ama profundamente a natureza desta terra.
Vida longa para Abnael Machado de Lima e para Yêdda Pinheiro Borzacov; afinal de contas, guardam a memória de Rondônia e de sua gente.
Vai daqui meu sentimento de gratidão (rondoniense) a esses dois grandes professores amazônidas.
Brava gente brasileira/ Longe vá, temor servil/ Ou ficar a Pátria livre/ Ou morrer pelo Brasil/ Ou ficar a Pátria livre/ Ou morrer pelo Brasil/ !!!!
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