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Gente de Opinião

Renato Gomez

Crônicas da Nova Terra: O sonho



Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem diga nem todas, só as de verão.
Mas no fundo isso não tem muita importância.
O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre.
Em todos os lugares, em todas as épocas do ano,
dormindo ou acordado.

Sonhos de Uma noite de Verão

William Shakespeare

            Toda guerra é permeada em seus bastidores pelo sonho da vitória de ambos os lados do confronto. Do peão branco ao rei preto, todos sonham com a vitória nesse tabuleiro de xadrez. Em nossa busca pela liberdade não é diferente, sonhamos com o dia em que venceremos os Novos Humanos e teremos a liberdade de todos os humanos. A Nova Terra é nosso planeta e queremos acabar com toda forma de dominação extraterrestre presente aqui.

            Existem os sonhos que sonhamos acordados, como o sonho da vitória, e existem os sonhos que sonhamos ao adormecer. Hoje tive um sonho (dormindo) baseado no meu maior anseio durante essa guerra que não é só a vitória, mas também o de ver na Nova Terra um lugar melhor para se viver, ver a natureza se reconstituir, os vestígios da guerra nuclear desaparecerem por completo e, acima de tudo, ver os homens se respeitando. Utopia? Pode ser, mas o fato é que tenho esperanças de que não seja.

            No sonho, eu estava em uma canoa vestido como um Mura e, consequentemente, como um Novo Humano, o que me causou um misto de sensações. Fui desde o susto ao orgulho, passando por alguns sentimentos ruins que tenho pelos ETs colonizadores. Descia o Rio Madeira no trecho abaixo aos escombros das antigas Usinas do Madeira (que foram destruídas por uma bomba durante a Terceira Guerra Mundial). A natureza era bela, o tempo se confundia em minha cabeça, não conseguia definir se estava no futuro ou no passado.

            Ao chegar embaixo da ponte sobre o Rio Madeira vi um boto se achegar próximo de minha canoa. Instintivamente, toquei sua fronte e ele se recolheu à água. Nas margens, em meio à vegetação, avistei macacos e pássaros. Tentei guiar a embarcação que fizera dos meus ancestrais os índios de corso até a beira do rio, pois queria ver de perto os animais, mas não consegui. Abandonei a canoa e tentei nadar até a margem. Também foi em vão. Nadava, nadava e não saía do lugar. Cansado, retornei ao barco. Estava preso à terceira margem do rio de Guimarães Rosa ou Nas águas do tempo de Mia Couto.

            Acordei com um sentimento saudosista por um tempo que nunca foi e talvez nunca seja, mas somarei isso ao meu anseio de liberdade e lutarei contra a colonização alienígena em nosso planeta. O espírito guerreiro da nação indígena mura está em mim...

            Continua...

Renato Gomez

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