Terça-feira, 15 de março de 2022 - 10h53
Após ter estudado no início de 1960, primeiro
em Paty do Alferes, depois na cidade do Rio de Janeiro, no colégio Santo
Agostinho, e tendo retornado a Guajará-Mirim, em 1962, após a morte de minha
mãe, parti, de novo em 1968 no rumo de Goiânia, por dever profissional, viagem
que continha o sonho de buscar o curso superior, intuito de muitos jovens da
minha geração neste pedaço de chão, carente de ensino superior.
E,
qual cigano naveguei por outras terras como Barra do Garças, Guiratinga e
Cuiabá, no Mato Grosso, em cuja capital iniciei o bacharelato em Direito.
Depois na capital manauara celebrei no Teatro Amazonas, numa emocionante
solenidade, a conclusão do curso superior.
Antes,
em 1979, lá conheci o então Prefeito Jorge Teixeira, que, sabendo que eu era
guajaramirense lascou:
–Que
é que tu estás fazendo aqui e não na tua terra, ajudando-a?
–Coronel,
acabei de ser transferido para Manaus e ainda estou cursando o sétimo período
de direito. Mas, concluindo quem sabe se não serei seu subordinado lá no nosso
território...
Alguém
gravou na pedra do universo esse nosso diálogo, quando fui apresentar-me ao
Prefeito como o novo gerente da Agência do BASA na cidade de Manaus.
Em
1982, na residência do então Prefeito Isaac Bennesby recebi o convite para
integrar a primeira diretoria do BERON. Presentes além do anfitrião, o Teixeirão,
o José Renato e dois dos seus pilotos.
No
ano seguinte, em 1983 conheci o César Augusto Ribeiro de Souza, já nomeado
Procurador Geral do Estado de Rondônia, mais novo que eu, é possível que tivesse
pouco mais 30 anos.
Profissional idealista, sério, lúcido,
defendia os interesses da terra com acrisolado fervor, granjeando simpatias de
homens e mulheres apaixonados pela terra, de um lado, e antipatias, noutra
ponta, quando alguns aproveitadores sofriam reveses, em face da sua ação
protetora nos direitos rondonienses.
O
César Augusto Ribeiro de Souza tornou-se um amigo de fé, um irmão, camarada,
seja em função das suas atitudes sempre comprometidas com os reais interesses
do Estado, inspiradores dos mesmos propósitos e princípios que eu também
defendia.
Tendo
sucedido o ínclito doutor Fouad Darwich Zacharias na PGE, iniciou ou concluiu
todas as etapas de organização do TJ, ALE, CMR, BERON, COHAB, enfim não teve um
órgão que não tenha passado por suas mãos, da Márcia Regina Pini, e de toda a
briosa equipe de abnegados da Instituição que ele comandava com denodo,
eficiência, eficácia e efetividade.
Pareceres
brilhantes, contundentes, bem fundamentados, objetivos, fossem jurídicos ou
administrativos, visando a orientar o Governador na tomada de decisões, seja na
vertente cientifica e/ou técnica jamais prescindiram da característica
impessoal com que colocava, de forma inequívoca, clara e cristalina a sua posição.
Sua
vida pública fora construída com altivez, zelo, independência e
responsabilidade, detalhes que o fizeram receber o respeito maior de Sua Excelência
o Governador Jorge Teixeira de Oliveira.
Como
passei a acompanhar a sua trajetória vi o quanto era reverenciado pelo nosso líder,
que sempre valorizava a lealdade e o bom caráter!
O “Cesinha”, apesar da
juventude já detinha um amadurecimento invejável e suas orientações inteligentes
e sábias eram seguidas pelo governante, em função da confiança que aquela
autoridade acalentava em relação ao seu assessor maior.
Esse
César Ribeiro de quem eu falo, é lembrança recorrente nos espaços de minhas
saudades, já eternizadas na minha memória. Os governantes são outros, que
substituíram outros e esses outros por outros.
Perdi
o contato com esse meu “brother”. Eu soube que
hoje vive em Natal-RN.
Seus filhos devem sentir muito orgulho desse pai
que tem história altamente positiva aqui na geografia que nos serviu de berço!
Todavia,
eu lembro que quem não cultiva a gratidão não terá outras virtudes, em razão
dessa afirmação eu, para constar, embora sem poderes para cravar com tintas
fortes ouso dizer:
–César Augusto Ribeiro de
Souza, Rondônia lhe deve tanto– e muito– só falta reconhecer...
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