Segunda-feira, 2 de setembro de 2013 - 09h36
Eu andava tenso e preocupado. É que aquele ipê amarelo, que nos anos anteriores exaltava a vida e abençoava a natureza do entorno, não ressurgia. E agosto findava. Até que no dia 31...
Dormiu verde, mas amanheceu cor de ouro! E eu, que já me acostumara a vê-lo todos os anos, um pouco mais cedo, nessa época, tentando interpretar seu refulgir acabei me surpreendendo com tanta beleza!
E, quando setembro chegou, ele continuava ali impávido, colossal, esplendidamente risonho, resplandecente e altaneiro!
Indescritível! Belo como expressão maior de Deus, o Criador. Não canso de olhá-lo da janela e admirá-lo pela intensidade da cor como se apresenta, encantando e comovendo.
E, hoje, dois de setembro ainda está ali presente, como a me dizer:
–Sou a árvore, o esteio dessas peças florais, aproveita e limpa a tua vista, pois a minha eternidade estará acabando dentro de mais dois ou três dias, quando espalharei minhas pétalas no generoso chão que fixa as minhas raízes e onde elas, as pétalas, se agasalharão, esperando ser varridas pelo vento audacioso e insensível.
Acontece que também hoje, num descuido da noite, mediante a chegada da lua nova, o ipê branco por mim plantado em 1998, eis que se me surgiu bem cedo, contente e garboso; ao olhar em derredor abriu um sorriso amplificado, por que se sentia claro, bonito e alvo... Mas foi se contraindo e, contraindo os músculos dos seus galhos que sustentavam suas pétalas, foi recolhendo-se, diminuindo-se, dissimulando uma decepção tão profunda que me magoou bastante.
E olhando ora para um, ora para o outro, por ter plantado o branco, uma ponta de inveja brotou no meu coração, incendiando os meus sentidos, inveja passageira, que se transformou em admiração quando comparei e vi a desproporcionalidade entre as cores, afinal a mão do Criador será sempre mais talentosa...
É que o ipê amarelo reinava absoluto no pedaço! Bem vestido com um tecido que me lembrava a gema do ovo caipira, sem querer, tripudiava em cima dos demais matizes em sua volta, ainda que fosse aquele branco da paz que desejávamos ver reinar de forma retumbante, mas que acabou humilhado, esmaecido, pois o seu brilho, que o fez amanhecer tão pretensioso, ficou tão pálido ante o vigor, intensidade e opulência do ipê amarelo.
Lá mais distante o ipê roxo, num contraste com os raios solares, brilhava soberbo, não se sentindo tão inferior só porque, afastado, não se viu ameaçado, inferiorizado, nem ofuscado pela exuberância do amarelo soberanamente aberto, tendo se transformado numa cabeleira cheia, bem cheia de arranjos dourados.
E as copas verde claro ou verde escuro, das demais árvores da região, nem se sentiam pressionadas pelos olhares que não lhes iam sendo dirigidos. Para elas, bastava ser coadjuvantes de uma encenação ao ar livre, num palco montado por Ele, para engalanar a natureza.
E setembro chegou! trazendo-nos cores multicoloridas, simbolizadas pela festa convocada no reino divino, através dos atores que se apresentam no verão tropical, também nesta fronteira, com as suas embalagens brancas, violetas e amarelas, que ficam tremulando, sustentadas nos vigorosos troncos meio acinzentados até que um novo ciclo, no ano seguinte nos abençoe com idêntica visão, como a que pude ver a partir do dia 31 de agosto, antes que setembro chegasse.
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