Quarta-feira, 24 de outubro de 2007 - 12h09
1 TRÊMULOS TRÓPICOS
Consultor das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Amazônia, o professor Armando Dias Mendes, da Universidade Federal do Pará (UFPA), teria colhido
De acordo com o professor Dias Mendes, para as autoridades do governo brasileiro, o Brasil é o Centro-Sul, o resto é o resto - uma extensão, afortunadamente contígua. Na prática: o Trópico Úmido não existe e esta é a sua primeira tese. Mas a vastidão amazônica insiste em não desaparecer e, como as coisas precisam ser feitas, então que sejam feitas a partir de decisões tomadas fora, por pessoas de fora, ou por instituições sediadas fora da região. Quando muito, já que algumas instituições são aqui sediadas, que extra-amazônicos as tripulem. Conclusão: não há vida inteligente no Trópico Úmido.
Por fim, ainda conforme o acadêmico, circunstâncias de natureza diversa, inclusive de caráter histórico, portanto, por vezes concorrem para o reconhecimento prático, embora relutante, de que a Amazônia, enquanto região geográfica, existe. E que há, aqui, fortes indícios de vida inteligente. Mas sempre permanece uma resistência latente a assegurar a esses seres o exercício real de certos direitos, o uso de sua liberdade de propor. Ou seja, a vida inteligente que há no Trópico Úmido não serve para conduzir os destinos do dito cujo.
2 ANEDOTÁRIO AMAZÔNICO
É quando, lá pelas tantas, Dias Mendes argumenta: Circunstâncias de momento permitiram, no passado, não obstante, que alguns organismos regionais se instalassem na própria região: Sudam, Suframa, Basa, Inpa, dentre outros. Não tem sido infreqüente que seus dirigentes máximos, ou integrantes de Diretorias e Conselhos, sejam buscados fora, nomeando-se pessoas que conhecem a Amazônia, quando muito, a partir das reportagens glamourizadas de Jacques Cousteau e similares. São verdadeiras intervenções brancas, geradoras de equívocos tragicômicos que enriquecem o anedotário amazônico.
Na coletiva dada à imprensa nesta terça-feira (23) o governador Ivo Cassol (afastado do PPS) foi de uma precisão cirúrgica quando disse algo assim: Duvido que uma autoridade comprometida com os interesses locais ou preocupada verdadeiramente com Rondônia fosse autorizar uma operação armada contra sua população. Mas o general Bringel não tem nada a ver com Rondônia, fica dois anos e depois vai para outro local, por isso faz o que faz.
Como o próprio Dias Mendes esclarece, não se exige que os dirigentes dos órgãos federais instalados no Trópico Úmido muito menos de instituições como as Forças Armadas, frisamos nós - sejam, de fato, nativos, mas que, ao menos de vez em quando, se coloquem no lugar destes, procurem enxergar o que se passa ao redor com os olhos do povo, auscultem o clamor do anseio coletivo. Caso o general Bringel ou seu superior imediato, general Heleno Pereira (do Comando Militar da Amazônia) tivessem levado em consideração quaisquer destas preocupações, o Exército Brasileiro não estaria sendo obrigado a pagar esse mico, protagonizando essa papagaiada que vem representando a ocupação da área em que está sendo edificado o teatro estadual por mais de uma centena de fuzileiros armados até os dentes.
Saberiam que há mais de uma década a população espera por esse teatro (o primeiro da Capital) e não é agora - quando um administrador garante que vai terminá-lo que vai desistir dele.
3 HERÓI CULTURAL
O que mais impressiona nesse sarrabulho é a candura com que os comandantes militares explicam, conforme nota oficial, que parte do terreno em que seria edificado o teatro de resto cedido ao governo em regime de comodato foi arbitrariamente dividido e parte dele destinado aos negócios - em fase adiantada de venda ao Ministério Público Federal, informa a nota. Qualquer mestre de obras sabe que outro edifício ali não apenas desfiguraria, mas inviabilizaria completamente o funcionamento do teatro. Mas, e daí? O que interessa aos comandantes militares é faturar uns cobres para financiar a construção de casas para subtenentes da guarnição de Porto Velho, esclarece a nota.
Quer dizer, a população interessada no teatro, de cujo bolso já saíram os recursos do esqueleto da obra, que fique a ver as catraias do Madeira. Só não chega a surpreender porquanto destes desatinos da caserna aqui há precedentes. Num deles, quando foi reformar a casa em que ia morar (hoje memorial), o coronel Jorge Teixeira nomeado governador do Território encantou-se com as árvores da calçada e, como achasse o jardim exíguo, não pensou duas vezes: mandou avançar o muro açambarcando as árvores encantadoras e botou a calçada no meio da rua. Por vários anos, a casa contígua (por sinal, destinada a militares) ficou com a frente recuada. Depois, mandaram alinhar o muro pela invasão governamental. E a marmota ainda está lá.
Chegado a um enfrentamento, o governador Ivo Cassol está adorando. Pudera. Caso a argumentação militar fosse verdadeira a de que o dirigente teria invadido a área (o que não é o caso, porquanto bem ou mal o governo é que detém a posse do terreno) tornando-se necessário a utilização da força -, ainda assim seria fácil dizer quem deve sair com os louros dessa peleja. Afinal, não é todo dia que aparece alguém disposto a enfrentar o Exército em armas para construir pasme! um teatro. Pelo jeitão, a pândega vai longe. Qualquer que seja o resultado, o risco mais sério que se corre é o de ver Cassol ser elevado ao panteão dos heróis da cultura nacional.
Fonte: pqqueiroz@uol.com.br
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