Sexta-feira, 9 de novembro de 2007 - 09h16
1 O 3º MANDATO
O apressado - não tem jeito - come cru. Seja porque pretendeu abocanhar a prerrogativa de "pai da criança" antes que "outro aventureiro" lançasse mão dela, seja porque enxergou na iniciativa a chance de emergir do baixo clero, ou ainda porque quis ser mais realista do que o rei, enfim, ao ejetar-se para a fama pautando toda a imprensa do país há mais de uma semana com a tese do terceiro mandato presidencial em meio à tramitação da proposta de prorrogação da CPMF no Senado, o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) pode ter atrelado o carro na frente dos bois e claro entortado o comboio para a direção do brejo.
Nesta terça-feira (06), depois de dias negociando com o governo o apoio ao imposto do cheque, o PSDB veio público para dizer que a proposta oficial era insuficiente, ridícula até, razão pela qual o partido fecharia questão contra a aprovação da emenda. Não se iluda, no entanto, o leitor. Nessa conversa toda, o que menos importa é o interesse do contribuinte. Ou seja, ninguém seja tucano, petista, democrata ou o que for está ligando se o considerado vai pagar ou deixar de pagar mais ou menos imposto. O que está em jogo é o poder.
Não por acaso Rousseau advertiu que a inclinação natural de todo aquele que detém o poder executivo por delegação popular é de se apropriar desse poder, cujo exercício lhe foi confiado. O filósofo não hesita em afirmar que, em todos os países, o governo age e conspira contra a soberania popular, da mesma forma que a vontade particular age e conspira incessantemente contra a "volonté générale". Pelo que, como adiante se verá, além de não ser novidade entre nossos tapuias, a tentação do terceiro mandato andou rondando morubixabas insuspeitos.
O certo é que, em vez de CPMF, o que rola hoje no Senado é o destino do terceiro mandato postulado pelo lulo-petismo - embora nem Lula nem os petistas o admitam. Mas, se aprovada, estarão criadas as condições ideais de temperatura e pressão para construir a segunda reeleição.
2 ESTRAGO FEITO
Foi para esta evidência que o PSDB atinou. Por conta do açodamento de Devanir Ribeiro, um deputado federal em segundo mandato originário das raízes lulistas (ex-metalúrgico, sindicalista e dirigente partidário), há dias a grande imprensa tem reservado generosos espaços para especular sobre o assunto, a ponto de ter sido matéria de destaque em nada menos do que as edições de três revistas semanais de informações que estão nas bancas "Veja", 'Época" e "IstoÉ". Bem que o Palácio do Planalto tentou estancar a incontinência aliada.
Na terça-feira (06), logo depois de uma reunião a portas fechadas no gabinete de Lula a que estavam presentes o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) o deputado Ricardo Berzoini (SP), presidente do PT, e, naturalmente Devanir a idéia do terceiro mandato foi classificada de "pauta artificial", "extemporânea", "inventada". E, segundo eles, levantada por dois setores: a oposição e, para variar, a imprensa ó indigitada depositária de todas as culpas. O estrago, no entanto, já estava feito.
Nesta quarta-feira (07), por exemplo, a seção "Tendências e Debates" do jornal "Folha de S. Paulo" publicou um artigo incontrastável sobre a questão, não obstante assinado por quem, por coerência, não devia o ex-senador e ex-presidente do PFL (atual DEM) Jorge Bornhausen (SC). "Embora seja uma ação legislativa absurda (emendar a Constituição para criar um tributo provisório que se extingue no dia 31/12/2007), a tramitação da CPMF foi escolhida como biombo para aprovar a segunda reeleição do presidente da República", escreveu a velha raposa num texto intitulado "Depois da CPMF, o Queremismo", trazendo como cabeçalho: "A aprovação da prorrogação da CPMF será a partida para o país começar a descer o plano inclinado do chamado 'golpe institucional'".
"Queremismo" como explica Bornhausen - deriva de "Queremos Getúlio!", que por sua vez sintetizava a pregação de "Constituinte com Getúlio", que equivalia a "democracia com um ditador".
3 O MUNDO GIRA
Em 1945, Getúlio já havia se rendido à exigência dos oficiais da FEB que, voltando vitoriosos da II Guerra, não aceitavam que o Brasil vivesse a opressão política fascista que acabavam de derrotar na Europa. Desesperados, burocratas do Estado Novo tentaram uma reação. Não desejavam perder seus cargos e se mobilizaram para conciliar o inconciliável, que era associar o Estado democrático de Direito com a ditadura que estava caindo. Não colou.
Bornhausen é impiedoso com os "queremistas" do PT. "Sem nenhum obstáculo, a implantação de um governo absolutista satisfaz a preocupação natural do grande grupo de incompetentes e desqualificados que, graças ao uso da "estrelinha" partidária, e só por isso, ocupam as dezenas de milhares de cargos públicos de confiança. E não terão o que fazer se perdê-los". É o maior!
Essa Internet, no entanto, é uma desgraça. Pesquisando-se nela, fica-se sabendo que, em maio de 2002, o PFL concluíra que não teria, num eventual governo Serra (José, então virtual candidato situacionista à Presidência), espaço igual ao que tinha no de FHC, onde era parceiro de fato. E Serra já proclamara que não se aliaria ao PFL apenas por razões eleitorais, uma vez que não pretendia governar, se por acaso fosse eleito, pela cartilha pefelista como vinha fazendo FHC. E o que fez o PFL? Mandou ver na tese de um terceiro mandato para FHC. E o presidente do PFL, quem era? Ele mesmo, a raposa catarinense. A marmota não foi para frente, não por falta de empenho de Bornhausen, mas porque a eleição seria daí a meses. As voltas que o mundo dá.
"Como tudo no governo Lula - um jogo político em que pouco importam os meios -, tudo é feito apenas para manter e ampliar o poder" escreve Bornhausen. Nada de novo sob o sol. A experiência eterna, de que nos fala Montesquieu, mostra que todo titular de uma posição de poder procura fazer de tudo para se eternizar nela, afastando e neutralizando os rivais a fim de se tornar cada vez mais poderoso. Lula não foge à regra.
Fonte: pqqueiroz@uol.com.br
Dado como morto, Manelão é reanimado, mas na UTI ainda não reage ao coma
Sem reagir desde o primeiro ataque, segue em coma, após sofres três paradas cardíacas, o “General da Banda”, empresário Manoel Mendonca, o “Manelão”
Raupp: minuta da Transposição é a mesma de dezembro
De Natal (RN), por telefone, o senador Valdir Raupp (PMDB) disse, ao tomar conhecimento de que a nova minuta do Decreto da Transposição atende a todos
Senador Jorge Viana ministrará aula na Faculdade Católica
Serão nesta sexta-feira (25), a partir das 19h, e no sábado (26), das 8h às 12h, no auditório do Centro Arquidiocesano de Pastoral (Av. Carlos Gomes),