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Paulo Queiroz

Política em Três Tempos – DILEMA PALACIANO


1 – DILEMA PALACIANO
Claro que, para um temperamento altamente competitivo como o dele, a decisão da Justiça Federal obrigando-o a suspender retomada das obras do teatro e a manutenção da área sob a responsabilidade do Exército – aparentando uma derrota ante a demonstração de forçaPolítica em Três Tempos – DILEMA PALACIANO - Gente de Opinião e desafio à sua autoridade por parte dos comandantes militares da região -, deixou o governador Ivo Cassol (afastado do PPS) algo baqueado. Mas não o suficiente para embaraçar o foco dos seus majestosos planos de poder. Agora anda às voltas com um dilema que, embora mitigado pelo caráter algo hipotético a que está associado, não deixa de ser pertinente: não sabe o que vai fazer, caso resulte lavrada a tese do terceiro mandato do presidente Lula da Silva (PT) – se tenta permanecer no Palácio Presidente Vagas ou se disputa o Senado para, em caso da vitória de que não duvida, deflagrar o projeto que prevê sua escalada ä Presidência da República.
É até possível que o leitor não esteja atento, mas ao menos no que diz respeito à primeira alternativa a factibilidade está batendo à porta. Todas as propostas naquele sentido prevêem a possibilidade de reeleição para os atuais detentores de mandatos executivos – prefeitos, governadores e, obviamente, Presidente da República. Pior: cresce a quantidade de analistas convictos de que a única razão pela qual o protagonista principal tem dado seguidas declarações de que a manobra não lhe interessa diz respeito à tramitação da prorrogação da CPMF no Congresso. Admitir concordar com a tese seria condenar a matéria. Mas na hora em que o parlamento aprovar a manutenção do imposto na forma como o governo está propondo, aposta-se que Lula deixará de comentar o assunto e liberará os aliados para avançar na questão. 
Quem acompanha o noticiário perceberá fácil que faz todo sentido. Sem preocupação em disfarçar os seus propósitos, um grupo de deputados até já se movimenta nos bastidores da Câmara para articular a possibilidade do terceiro mandato ao presidente Lula da Silva.
2 – TERCEIRO MANDATO
Sabe-se que os parlamentares pretendem apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permite aos atuais detentores de mandato no Executivo a prerrogativa de disputar a reeleição - mesmo que já estejam pela segunda vez no cargo.
Entre os que não escondem simpatia pela idéia, ao menos dois já não fazem questão de se apresentar como os maiores entusiastas: os deputados federais Carlos Willian (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo do presidente. Ambos se dizem dispostos a levar a proposta adiante no Congresso, mas há dúvidas sobre o melhor formato para viabilizá-la. Willian pretende apresentar a PEC, como revelou ao "Correio Braziliense”. Devanir vislumbra outro caminho. Política em Três Tempos – DILEMA PALACIANO - Gente de Opinião
Ele pretende incluir um plebiscito simultâneo às eleições de 2008. Apesar da amizade de longa data com Lula, Devanir nega que já tenha tratado do assunto com ele: "O presidente é muito meu amigo, mas não o consultei". O terceiro percurso - mais difícil - é o sugerido pelo vice-presidente José de Alencar, de eleger uma Constituinte em 2008 para fazer a reforma política, a reforma tributária, mais uma pá de coisas entre as quais, naturalmente, instituir o terceiro mandato.
Seja como for, o mundo todo e uma banda da lua concordam que, assegurada a CPMF até 2011, não será por falta de motivos que Lula deixará de se apresentar como candidato ao terceiro mandato. Dentre os mais poderosos poder-se-ia enumerar: primeiro, o PT não tem candidato competitivo e, até onde a vista alcança, não dá a mínima indicação de que apoiará um candidato de outro partido. Até porque, nos partidos aliados, também não há nenhum nome forte para a disputa. Ademais, mesmo que fosse eleito um aliado de Lula, é para lá de certo que ele fizesse de tudo para superar a administração petista de modo a tentar a sua própria reeleição, em 2014. Desse modo, afastaria, definitivamente, o sonho de Lula de voltar à presidência naquele ano, pois como ele mesmo admite, em 2018 estará muito velho, “se estiver vivo”, como diz.
3 – LOUCOS POR PODER
Depois, até os adversários são obrigados a reconhecer que Lula é praticamente uma unanimidade interna – que o digam os portentosos índices de aprovação do seu governo. Pudera! Os ricos nunca ganharam tanto dinheiro e, segundo o governo e o assentimento do grosso da opinião publica, os pobres nunca estiveram tão bem. O único setor descontente é uma parte da classe média, de resto, hoje sem nenhum poder de barganha – vide o retumbante fracasso do movimento “Cansei” . Não bastasse tanto, Lula tem apoio de todos os movimentos sociais, dos sindicalistas e das ONGs. Lula é, também, uma quase unanimidade externa, seja porque deu estabilidade e visibilidade ao Brasil, seja porque satisfaz aos interesses dos Estados Unidos e do chamado primeiro mundo (o G-Oito) ao servir de contraponto a Hugo Chavez, desenvolvendo uma política de “esquerda positiva”, como chamava Santiago Dantas o se referir ao colaboracionismo do antigo Partidão.
Em terceiro lugar Lula, inegavelmente, faz um governo melhor do que seu antecessor, como demonstrou no recente episódio das concessões das rodovias federais quando, praticamente, deu um xeque mate nos tucanos expondo de maneira chã e irretocável as negociatas que foram as concessões nos governos do PSDB. Não sem razões congita-se que, no vazio de liderança estabelecido, um eventual substituto de Lula possivelmente poria em risco o frágil equilíbrio da situação brasileira, trazendo a instabilidade cuja memória provoca urticárias.
Por fim, até os bagres ameaçados do Madeira sabem que Lula deseja muito o terceiro mandato porque - num aspecto em que assombrosamente fica nada a dever a Cassol - adora o poder e se acha predestinado para exercê-lo. Além disso, de novo como o dirigente local, já deu sobejas provas de que não é trouxa para deixar o cavalo passar arreado à sua frente sem tentar se aboletar no lombo do animal. O dilema de Cassol, portanto, pode parecer bastante, mas, para o tamanho da pretensão, não chega a ser um delírio. A ver.
Fonte: pqqueiroz@uol.com.br

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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