Quarta-feira, 12 de setembro de 2007 - 09h27
1 DECORO ÀS FAVAS
Quando, no Senado, na sessão (secreta) desta quarta-feira (12) que vai deliberar sobre a decisão do Conselho de Ética da Casa propondo a cassação do mandato do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), começar - após as manifestações das partes (acusação e defesa) - o escrutínio propriamente dito, os senadores presentes estarão, por intermédio do voto (secreto), se manifestando sobre qualquer coisa, menos acerca daquilo de que o réu é acusado, ou seja, qualquer coisa menos sobre se o parlamentar alagoano quebrou ou deixou de quebrar o decoro parlamentar. Salvo, naturalmente, exceções de praxe para confirmar o enunciado. Uns estarão votando para satisfazer o governo, outros a interesses partidários, uns tantos premidos por questões regionais, muitos para atender ao apelo corporativo, grupo equivalente coagido pelas pressões da imprensa (opinião pública) e não poucos numa reação contra as pressões da mídia. Às favas com o decoro.
Até porque se, naquela Casa, essa questão for levada às derradeiras conseqüências, na hora em que alguém gritar "pega o indecoroso!", não fica um. A observação, como chega a ulular, vale para a Câmara, ressalvadas as confirmações da regra nos dois casos. Aliás, como está lavrado que mentir é falta de decoro, vale também para o edifício vizinho, o que serve ao Poder Executivo, principalmente para o fulano instalado lá no gabinete principal. Para ficar em apenas um exemplo, é só lembrar que dia desses o cara garantiu que o sistema de saúde do país estava próximo de atingir a perfeição. Alguém é capaz de citar mentira mais indecorosa? E, no entanto, na hora do pega para capar, o falastrão embarca rumo a Finlândia. Não à estação, onde desembarcou Lênin em triunfo. Esse de Lula é outro trem, de onde só sai desilusão.
Divagações à parte e voltando à real, não por acaso para lá de triste, caso tudo ocorra como o planejado pelo presidente Lula e sequazes, o companheiro (deles) Renan Calheiros deverá ser absolvido por um escore lambendo os 50 votos.
2 VOTOS ENSABOADOS
Como sabe o leitor, Renan pode perder o mandato se 41 dos 81 senadores votarem pela cassação. O que, nem de longe, está fora de cogitação. Não há, no entanto, quem se arrisque a fazer um prognóstico. No levantamento divulgado pela edição desta terça-feira (11) do jornal "Folha de S. Paulo", 33 senadores declararam que votam pela cassação do presidente do Senado. Apenas nove saíram abertamente em defesa de Renan e afirmaram que votarão pela absolvição. A "Folha" informou ter ouvido 67 senadores, dos quais 25 não quiseram revelar o voto e 13 não foram localizados. Como a votação é secreta, são esperadas traições dos dois lados.
As circunstâncias presentes nos processos que vão comandar as decisões dos sufragistas são para lá de diversificadas, não bastassem complexas. Senadores que até pouco tempo se manifestavam contra a cassação de Renan têm hesitado e, em alguns casos, anunciado que votarão contra o peemedebista para não ficar em lado oposto de adversários estaduais e arcar com desgaste diante da opinião pública. Da mesma forma, outros que partidariamente deveriam votar contra Renan podem ser impelidos a ficar a seu lado por contingências da política local. E, por incrível que pareça, há quem esteja enquadrado nos dois casos.
Uma amostra da influência dos arranjos locais ocorreu na última sessão do Conselho de Ética, na qual Renan foi derrotado por 11 votos a 4. O senador João Pedro (PT-AM), que havia ficado ao lado de Renan na semana anterior, como o voto foi aberto optou pela cassação para não ficar na contramão dos conterrâneos Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Jefferson Péres (PDT-AM), ambos presentes à reunião e dispostos a tirar proveito da situação até à exaustão, jogando o eleitorado amazonense contra o petista. Ocorre que João Pedro vem a ser o suplente do ministro Alfredo Nascimento, dos Transportes, que ainda por cima é do PR, partido cuja direção é a favor de Renan. Nesta quarta-feira, o voto do petista é tido como fava contada a favor do alagoano.
3 VOTOS DE RO
Dos três senadores de Rondônia, apenas Expedito Júnior (PR) declarou que votará pela cassação do presidente do Senado. Faz sentido. Primeiro, porque o parlamentar rondoniense está de armas e bagagens prontas para engrossar as fileiras do PSDB, cuja bancada na Casa fechou questão para votar pela degola. Depois porque poderia significar infligir uma derrota ao partido dos seus principais adversários da base eleitoral, ao PMDB como um todo e, em particular, ao de Rondônia, sem falar ao próprio Valdir Raupp, que na condição de líder da bancada tem por dever tentar salvar o mandato do partidário. Não obstante essa peculiaridade, o próprio Valdir Raupp não declarou voto e, conforme edição desta terça-feira da "Folha de S. Paulo", disse que "o voto é secreto e tem que ser anulado caso seja revelado".
Quanto à senadora Fátima Cleide, ela está entre os oito petistas da Casa que preferiram não declarar voto os demais são Aloizio Mercadante (SP), Delcídio Amaral (MS), Serys Slhessarenko (MS), Sibá Machado (AC) e Ideli Salvatti (SC). Esta, por seu turno, está na mesmíssima situação de Raupp, na condição de líder da bancada e orientada pelo Planalto para tentar salvar o mandato de Renan. Nesse caso, vale informar que, em condições normais de temperatura e pressão, a representante rondoniense joga fechada com a petista catarinense, até porque cultivam uma amizade pessoal que já transcende a identificação partidária.
O temor de Lula é o de que a cassação de Renan abra espaço para a eleição de um oposicionista ou de um governista independente demais para a presidência do Senado. Teme-se ainda que a guerra política prejudique a aprovação, na virada de outubro para novembro, da prorrogação da CPMF, o chamado imposto maldito. Uma vez garantida a vitória de Renan, o governo avalia que ele poderia pedir uma licença. Essa manobra deixaria o comando da Casa com o 1º vice-presidente, o petista Tião Viana (AC). Assim, o Senado ficaria nas mãos de alguém da estrita confiança do lulo-petismo.
Fonte: pqqueiroz@uol.com.br
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