Domingo, 22 de julho de 2007 - 08h23
1 A VIDA DE ACM
Quem sabe da vida de Antônio Carlos Magalhães (ACM), o senador baiano falecido nesta sexta-feira (20), aos 79 anos, é o jornalista João Carlos Teixeira Gomes, ou simplesmente "Joca" (como é conhecido na Bahia), igualmente baiano e também professor universitário, poeta, contista e biógrafo de Glauber Rocha, além de autor de primoroso estudo sobre Gregório de Matos. Ex-diretor de redação do "Jornal da Bahia" e um dos raros casos de enfrentamento com aquele que chegou a ser chamado de "Rei da Bahia", Joca é o judicioso autor de "Memórias das Trevas Uma Devassa na Vida de Antônio Carlos Magalhães", cujo título já é para lá de auto-explicativo.
Lançado em janeiro de 2001, o livro mereceu da mídia uma frieza quase que glacial ou, conforme anotou Mino Carta, chamou a atenção o estrepitoso silêncio com que a obra foi recebida na grande imprensa. Possivelmente porque o livro, dentre outras coisas, tratou também dessa relação entre o personagem e a imprensa, marcada quase que invariavelmente pela cumplicidade e conivência. A publicação do livro, entretanto, teve muitos entraves. Pronto para a publicação desde 1999, foi oferecido a várias editoras, sem que nenhuma demonstrasse interesse. Naquele ano ACM presidia o Senado, mandava e desmandava no governo FHC e, como se diz por aí, quem tem esfíncter anal, tem medo. Até que a "Geração Editorial", de Luis Fernando Emediato, decidiu editar "Memórias das Trevas".
Na época, uma resenha sintetizou: "É um registro sobre o uso e o abuso do poder ao longo de mais de 40 anos. Uma mistura de truculência, corrupção, tráfico de influências, uso do estado a serviço de grupos privados, sob a batuta de um estilo arcaico, porém astuto, de um coronel nordestino que coleciona, entre seus orgulhos políticos, a fórmula de eleger um governador baiano, João Durval, em 1982. ACM dá a receita: com o chicote numa mão e um saco de dinheiro na outra". A frase, aliás, foi registrada por Ricardo Noblat, em reportagem memorável do "Jornal do Brasil".
2 FILHO DA DITADURA
Então vereador pelo PT em Salvador, Emiliano José emendou num texto publicado pelo site da Fundação Perseu Abramo: "Em alguns aspectos, o texto de Joca fará justiça a ACM. Demonstrará, por exemplo, que em toda a sua vida pública, iniciada em 1954, quando se elegeu deputado estadual graças a uma eleição suplementar, nunca se afastou da condição de defensor intransigente dos interesses das classes dominantes mais retrógradas do país, particularmente na Bahia, onde os índices de pobreza, de fome e de marginalização do povo são os atestados mais evidentes dessa opção, para além naturalmente de toda a farra publicitária que os meios de comunicação de propriedade dele próprio promovem no Estado, hoje governado por um seu subordinado (na época, César Borges).
Os jornalistas mais jovens deveriam ler o livro. Para não repetir erros costumeiros, como falar inocentemente que ACM foi eleito três vezes governador da Bahia. Diz-se os mais jovens porque os mais velhos, se o fazem, estão cumprindo ordens de cima para não atrapalhar a cumplicidade estabelecida desde há muito. ACM, é preciso insistir, e Joca o faz, é filho dileto da ditadura. Apoiou entusiasticamente o golpe, participou do nascimento de um regime de terror e o sustentou com um entusiasmo digno de louvor.
E graças a isso, foi prefeito biônico de Salvador (1967-71), indicado pelos militares (Castello Branco). Foi governador biônico a primeira vez (1971-75), indicado pelos militares (Garrastazu Médici). E governador biônico uma segunda vez (1979-83), indicado pelos militares (Ernesto Geisel). Só na terceira vez (1991-95), é que ele se elege, e por escassa margem de votos sobre seus adversários. Outra justiça que o livro lhe faz: sempre bajulou os poderosos 'quando quero agradar, sou igual a uma puta' é uma frase que a ele é atribuída, e que corresponde ao seu perfil. Com relação aos militares, então, a subserviência, a bajulação chegavam a extremos, e não por acaso recebeu tantos cargos da ditadura".
3 SEMPRE EM PÉ
Seja como for, o fato é que ACM nunca esteve fora do poder. E sua capacidade de pular do barco no momento em que estava perto de afundar sempre foi conhecida outra justiça que se lhe tem de fazer. Os escândalos, no entanto, sempre estiveram na cola de ACM. Entre os mais cabeludos, destaque-se: em 1975, presidente da Eletrobrás, coordena as obras de construção de Itaipu e emprega na companhia diversos aliados. Há acusações de desvio de verbas e superfaturamento da hidrelétrica.
Em 1985, recém-empossado no Ministério das Comunicações, obtém uma concessão de TV
Em 1992, coloca-se contra o impeachment de Fernando Collor e ordena que a bancada baiana vote contra a cassação do presidente. Entre 1994 e 2002, é acusado de perseguir e mandar matar pelo menos 10 jornalistas que publicaram denúncias contra seu governo e o do sucessor, Paulo Souto. Com a quebra do Banco Econômico, de Ângelo Calmon de Sá, em 1995, descobre-se que o banqueiro fez doações ilegais para a campanha de ACM ao governo baiano, em 1990, no valor de US$ 1,1 milhão. Calmon foi processado, mas o caso foi arquivado em 1996. Em 1997, faz uma manobra política e consegue ser reeleito presidente do Senado - quando a lei permitia apenas uma eleição.
Em 2001, é acusado de ter manipulado o painel de votações do Senado e obtido a lista de senadores que votaram na cassação do senador Luiz Estevão. Para impedir a cassação, renuncia dizendo-se vítima de um complô armado por Jader Barbalho. Em 2002, é acusado de ter pedido à Secretaria de Segurança Pública da Bahia o grampo de pelo menos 200 pessoas, entre políticos e jornalistas, que lhe faziam oposição
Fonte: pqqueiroz@uol.com.br
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