Sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014 - 13h31
No no passado, 30 caminhões com madeira extraída ilegalmente foram doados
a uma prefeitura, porém, isso não cura o mal da devastação /JURANDIR COSTA
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
Há cinco anos, num fórum ambiental em Manaus (AM), o escritor Márcio Souza (“Mad Maria” e “Galvez, Imperador do Acre”, entre outros livros) advertia: “Se jogarmos uma agulha para o alto” – mencionando o historiador João Daniel, do século 17 – "ela cairá na cabeça de um índio.” “Mas onde está o relato desse tempo, dessa vivência, de sua resistência à ocupação, dos caminhos pelos quais influenciou a possível identidade amazônica e a preservação da floresta? Como aprender com essa cultura a não destruir o meio ambiente? Sem essa cultura não haverá Amazônia, só restará folclore, que é o que resta da cultura popular depois que a polícia passa".
Entre julho e agosto de 2013, a Operação Hileia Pátria, feita pelo Ibama, apreendeu em Rondônia 5,3 mil metros cúbicos de madeira ilegalmente extraída. Ao mesmo tempo, aplicou cerca de R$ 10 milhões em multas a empresas receptadoras na região da Ponta do Abunã, Buritis e Espigão do Oeste, onde há exploração irregular.
Esses dados recentes deixam clara a antevisão do caos ecológico que seria inevitável, se não houver conscientização e, sobretudo, conciliação entre o que é atividade madeireira e o que não passa de roubo da Floresta Amazônia.
Vive-se em alguns lugares o clássico choro do leite derramado. Ainda em 2013, depois da devastação, o Ibama destinou à Prefeitura Municipal de Ouro Preto do Oeste 30 caminhões de madeira apreendida, sob o compromisso de utilizar os 352 metros cúbicos de tábuas e troncos na melhoria de 247 pontes de madeira danificadas.
Em janeiro de 2014, o presidente da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, deputado Padre Ton (PT-RO), denunciou em Bruxelas (Bélgica), os “riscos e perigos que afetam os indígenas Awá-Guajá, do Maranhão”. Na Conferência “Awá: à Beira da Extinção”, organizada pelo Parlamento Europeu, Padre Ton lembrou que o governo federal despejou invasores da reserva desse povo. A organização Survival International considera os Guajá “os mais ameaçados do planeta”.
Vista Alegre do Abunã: derrubada de madeira de lei e comercialização irregular
impõem um desafio cada vez maior ao comércio e às autoridades /JURANDIR COSTA
Já em Mato Grosso, segundo relato de Andreia Fanzeres, o povo indígena Manoki aguarda angustiado que a Funai, Polícia Federal, Ibama e Ministério Público Federal consigam deter o desmatamento em seu território tradicional, demarcado desde 2008. Fiscalizada apenas em 2012, a área foi reduzida em 20% do total de 206 mil hectares. Isso ocorreu devido ao corte raso da floresta. De lá para cá, aumentaram as estradas clandestinas para roubo de madeira, comprometendo-se o patrimônio ambiental e cultural da terra indígena.
Naquele fórum ambiental de 2008, ao analisar os riscos do desmatamento amazônico, o professor Niro Higuchi, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa) considerava complicada a concessão de crédito público “a quem desmata uma floresta que existe há pelo menos 1.500 anos”. Seu colega professor Charles R. Clement, também do Inpa, escrevia especialmente para a ocasião: “Manter a floresta em pé e garantir crescimento sustentável é uma equação que nós, Homo sapiens agrícola, não sabemos decifrar. Isso nunca foi necessário ao longo da expansão de nossa subespécie. Não evoluímos para isto. (...) Chegamos ao século XXI convencidos de que podemos tudo. Mas, se continuarmos a ser apenas modernos, não temos futuro”
Para Clement, “a solução não é ser pós-moderno”: “(...) O futuro da Amazônia e da nossa espécie depende de uma evolução sociocultural nova: a transformação de Homo sapiens agrícola em Homo sapiens sustentabilis, em menos de uma década" (o tempo que a ciência nos dá para enfrentar as mudanças climáticas e o consumo insustentável)”.
O jornalista Washington Novaes alertava: “É um desafio imenso, que não se resolverá na Amazônia sem incorporar a visão da sociedade, e não apenas a visão econômica e tecnológica”.
Ditadura deu cadeia a militar que governou Rondônia duas vezes, operando milagres
A história do tenente-coronel paraquedista Abelardo e Alvarenga Mafra, ex-governador do extinto Território Federal do Guaporé não aparece em livros, t
Bacellar agrada no 1º ano de governo
Em 1º de janeiro de 1918, passados 107 anos, a edição nº 65 do jornal Alto Madeira via "tudo azul", ou seja, o Estado do Amazonas estava bem em sua gi
O agrônomo William Curi teve efêmera passagem pela Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, onde ensaiou seus passos políticos, sem obter o mes
Gênese rondoniense (3) – No xadrez sucessório, a continuidade de Cury espremeu Teixeirão
Depois da exoneração de William Cury e do êxito do Polonoroeste, o INCRA daria conta de titular 3,4 milhões de hectares de terras em Rondônia, somando