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Montezuma Cruz

Sertão mineiro vai plantar mandioca doce


 
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

ARINOS-MG, Vale do Urucuia – O Sertão de Minas Gerais é atualmente um autêntico laboratório para a Fundação Banco do Brasil, revela o assessor da Gerência de Trabalho e Renda da fundação, Amarildo Carvalho, paranaense de Goioerê. Segundo ele, o banco encontrou  nesta região uma maneira de contribuir com um projeto "socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente correto". Os 11 municípios do Vale ficam a mais de 580 quilômetros de Belo Horizonte e a 180 Km do Distrito Federal.

Carvalho vê a possibilidade de a fundação respeitar vocações locais". Não impomos soluções prontas. Hoje, no Vale do Urucuia, o importante é a instalação das fábricas de ração. Eles não querem casas de farinha", constatou o assessor.

O deputado Fernando Melo (PT-AC), membro da Comissão de Agricultura da Câmara, percebeu essa situação durante visita feita à região, em busca de experiências que pretende ver funcionar também no Vale do Purus, no Estado do Acre.

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Pesquisador Josefino Fialho, da Embrapa Cerrados, e o deputado Fernando Melo /Fotos M.CRUZ


 
Oito toneladas por hectare

Na medida em que se reduziram os recursos para pesquisas, investimentos na cultura e infra-estrutura de produção, os produtores viveram um período de desânimo. A Embrapa Cerrados entrou de cabeça nesse resgate da mandiocultura.

Assim, conforme o melhorista Eduardo Alano, o teste do cultivo da mandiocaba (mandioca açucarada) do Pará feito no campus de Planaltina obteve oito toneladas/ha. "Nossa meta visa transferir os genes de adaptação ao Cerrado", diz Alano.


Teste com DNA apontou diferença de material melhorado. A mandioca açucarada tem chance de chegar a 40 t/ha (a média nacional é 13 t) e competir com a cana-de-açúcar. Produtores do Vale do Urucuia tendem a fazer essa experiência. 

Apoio ao associativismo

"Agora, o acesso ao crédito do BB está democratizado quando se trata de contemplar modelos associativistas ou cooperativistas", garante Carvalho. Ele está satisfeito com o trabalho da fundação. 
  

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Pesquisador Alano prevê 40 toneladas por hectare
A política em vigor se fundamenta no apoio às cadeias produtiva e de distribuição. A fundação aplica o método conhecido por consertação, que prevê muita conversa, articulação e, sobretudo, parcerias.

Para que serve o dinheiro da fundação? Para agregar valor à mandioca com marca, armazenagem e beneficiamento. Agentes de desenvolvimento rural sustentável trabalham nas superintendências do BB com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e um canal de TV fechada completa o trabalho deles.

Há oito anos a Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável Vale do Rio Urucuia trabalha no projeto "Urucuia Grande Sertão", pelo fortalecimento da agricultura familiar, com metas voltadas para a diversificação da produção agropecuária dentro da sustentabilidade econômica, social e ambiental.


Agência debate projeto nas escolas

ARINOS, MG —  As escolas municipais promovem a discussão  do projeto com os alunos. Tudo é enfatizado de maneira a fixar o homem no lugar e evitar o êxodo rural. "É um trabalho que deve durar até 2022, mas estamos evoluindo porque eles serão protagonistas do conhecimento que vai brotar entre os saberes escolares e científicos", comenta o diretor José Idelbrando Ferreira de Souza, que também é vereador pelo PT.

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Idelbrando e Irene trabalham no projeto de agricultura sustentável e inclusão digital

"O projeto nasceu de um contraditório causado pelo baixo índice de desenvolvimento humano na região, e isso nos estimulou a mudar", ele conta. A agência nasceu para diversificar o capital social, independentemente das alternativas de governo e das administrações locais.

Na pequena sede social, na Rua Benevides Borges Carneiro, no Bairro Primavera II, ela ganhou uma estação digital, onde jovens e adultos aprendem informática e usufruem da biblioteca. Diversas vezes o município recebeu recursos de organizações não-governamentais, mas no final da aplicação elas iam embora e os programas não tinham continuidade.

A própria história de Souza revela a realidade da região. De família pobre, ele lembra ter mudado de casa mais de 20 vezes, trabalhou duro e foi picado de cobra, mas enxergou na fixação do homem a consolidação de qualquer projeto social para a região.  

Sob a presidência de Dionete Figueiredo Barbosa, ele coordena os serviços da agência, junto com a secretária-executiva Irene Gomes Guedes e o pedagogo Rafael Pinzón Rueda, colombiano com passagens pelos estados do Acre e do Pará.

"Aqui já vivemos períodos mais difíceis: os veranicos de 2006 e 2007 desafiaram pequenos produtores e grandes fazendeiros. Tudo passou, e agora  temos que olhar para a frente", ele diz. Rueda vive no vale há mais de três década e é apaixonado pelo sertão.

A equipe passa semanas sonhando com o futuro e planejando atividades para escolares e agricultores. Parceria entre a agência, a Prefeitura de Unaí e a Fundação Banco do Brasil permitiu há dois anos o início da construção de 300 barraginhas, capazes de armazenar cerca de 200 mil litros de água das chuvas. O volume é depositado no lençol freático para o aumento das águas das grotas, córregos e nascentes. (M.C.) 


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Fonte: Montezuma - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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