Quinta-feira, 26 de março de 2015 - 08h18

Espécie de camelídeo criado nos Andes adaptou-se a
Porto Velho e atende às pesquisas da Fiocruz /Foto Bruno Corsino
Montezuma Cruz
A prima do camelo deixou o clima normalmente frio da América Andina para se adaptar muito bem ao calor tropical acima de 35 graus em Porto Velho. Cinco lhamas (quatro machos e uma fêmea) têm prestado significativo apoio ao avanço da ciência em Rondônia.
Anticorpos produzidos por esses animais possibilitam testes que auxiliam no diagnóstico ou na terapêutica de doenças negligenciadas na Amazônia Ocidental Brasileira.
O Laboratório de Engenharia de Anticorpos da Fiocruz Rondônia desenvolve pesquisas com esses anticorpos, visando neutralizar os efeitos causados pelo veneno de serpentes peçonhentas. “Elas nos dão anticorpos fora da cadeia de frios”, explica o professor doutor Mauro Tada, diretor-adjunto do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem).
O êxito das pesquisas será compartilhado com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e Agência Estadual de Vigilância Sanitária. A Sesau é parceira do Cepem no âmbito das pesquisas da Fiocruz-RO.
Além de anticorpos convencionais, camelídeos produzem imunoglobulinas funcionais desprovidas de cadeia leve, onde as regiões de reconhecimento antigênico são constituídas de domínios únicos denominados VHH ou nanocorpos. Segundo Mauro Tada, essas estruturas têm cerca de um décimo do peso molecular de anticorpos inteiros, boa capacidade de penetração tecidual, estabilidade a variações de temperatura e pH, além de melhor solubilidade e menor tempo de meia-vida quando comparados a anticorpos humanos ou murinos (similar ou pertencente a ratos).
Os testes auxiliam no diagnóstico de doenças virais, entre as quais a hepatite delta (doença caracterizada por reação inflamatória no fígado) e o hantavírus (doença viral que apresenta elevada letalidade, que se manifesta clinicamente como síndrome cardiopulmonar). Essa doença é transmitida por roedores silvestres.
Graduandos e pós-graduandos circulam pelos corredores e em salas repletas de tubos de ensaio e demais equipamentos distancia-se dos olhos da população, mas já são conhecidos alguns benefícios resultantes das sucessivas experiências científicas ali produzidas.
Supervisionadas por médicos especializados, alunas da Universidade Federal de Rondônia (Unir) trabalham diuturnamente com anticorpos de camelídeos em um dos 12 laboratórios da Fiocruz Rondônia.
Camundongos especiais
No biotério, a equipe exclusiva supervisionada pelo médico veterinário André Aguirre cuida da sala repleta de camundongos swiss e balb/C brancos, engaiolados em temperatura ambiente de 22 graus e totalmente identificados. “Procuro ser o mais invisível possível, para que as experiências deem certo”, diz o veterinário.
Aguirre organizou-os por fichas coloridas em cada “casa”, e dessa maneira sabe o tipo sanguíneo de cada um, desmame, grau de parentesco e para qual pesquisa serve. O acesso ao local é restrito. Até mesmo entre veterinários, biólogos, farmacêuticos, universitários (graduandos ou não), zeladores dos laboratórios e outros profissionais, na sala entra apenas um de cada vez.
Isso, conforme explicou o veterinário, contribui para que potável e ao alimento, esses animais estejam bem, usufruam do livre acesso à água.
“Não se sentindo perturbados, eles são fatores fundamentais para que o pesquisador compreenda aspectos da anatomia, fisiologia e manejo da espécie. Veja como eles se movimentam à vontade”, comenta Aguirre.
Entre outros êxitos da ciência, camundongos já possibilitaram a descoberta de fármacos antidepressivos, interpretação do código genético e seu papel na síntese de proteínas.
Estratégias farmacológicas
A linha de pesquisa propõe a produção de nanocorpos por meio da tecnologia phage display (exibição em fagos, tipo de vírus que infecta apenas bactérias) para uso em diagnóstico, no endereçamento de drogas ou em imunoterapia passiva.
Isso é possível com a união de características dos nanocorpos à necessidade de desenvolvimento de estratégias farmacológicas à neutralização viral ou reversão de alterações fisiológicas locais desencadeadas por envenenamento ofídico – a conhecida picada de cobra venenosa.
“O trabalho multi-institucional iniciado em 2014 teve conquistas também obtidas pela Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicos e Tecnológicas e à Pesquisa em Rondônia (Fapero)”, assinala Mauro Tada.
Se tudo correr bem com a pesquisa da Fiocruz Rondônia, possivelmente a produção de anticorpos de camelídeos também reforce divisas previstas pelo cientista. “Provavelmente, surgirão empresas dispostas a trabalhar em parceria com a Fiocruz Rondônia, para usufruir do resultado dessas pesquisas”, ele comenta.
Tada acredita no êxito das negociações a médio prazo, lembrando que diversos laboratórios continuam de olho nas descobertas científicas na Amazônia Brasileira.
Segundo ele constata, o ânimo entre pesquisadores facilita à Fiocruz dar continuidade aos estudos anteriormente feitos em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade de São Paulo (USP).
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