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Matias Mendes

FAMÍLIA MENDES: Patrimônio de Honra


Por MATIAS MENDES

O meu confrade da Academia de Letras de Rondônia William Martins, baiano de ascendência indiana, que aportou em Rondônia ainda na década de setenta do século passado para exercer por aqui atividades empresariais, tendo chegado a ser dono de razoável fortuna, publicou recentemente um interessante artigo intitulado Quem é Quem aqui no Estado de Rondônia, enfocando algumas das mais proeminentes figuras políticas do pedaço envolvidas com as mais diversas maracutaias, tais como Escândalo das Passagens Aéreas, Escândalo da Folha Paralela, Escândalo dos Sangue-Suga das Ambulâncias, Escândalo da Operação Dominó, Escândalo da Operação Termópilas, Escândalo da Operação Vórtice, enfim, toda uma série de escândalos envolvendo diversos nomes de políticos em diferentes épocas. Em que pese algumas omissões, que podem haver sido involuntárias ou intencionais, o seu enfoque está corretíssimo, todos os casos lembrados têm assentamentos no meu Centro de Informações. No entanto, talvez por desconhecimento da História regional, ele termina por empanar o seu arrazoado com um grave deslize, sem haver feito qualquer ressalva.

Acontece que na hora de appeler un chat un chat, dar nome aos bois como se diz em português, ele inclui, na forma plural, entre os políticos delinquentes e famílias de delinquentes os Mendes, quando sabidamente o político envolvido com falcatruas que ostenta por acaso tal patronímico é um só, ainda com mandato na Câmara dos Deputados, de origem mineira e ligado familiarmente aqui em Rondônia aos Erse. Compete-me esclarecer ao meu confrade William Martins que aqui em Rondônia existe uma tradicionalíssima família MENDES, oriunda do Vale do Guaporé, sem fortuna financeira, mas detentora de um patrimônio de honra e probidade muito pouco encontradiço hoje em Rondônia. E a Família Mendes daqui de Rondônia, presente na região do Vale do Guaporé desde o século XIX, com pelo menos uns cinco mil integrantes, já teve até representantes com mandato eletivo, daí que é preciso ter muito cuidado com a forma de dizer determinadas coisas, porque eu sei a qual Mendes ele se refere, mas há milhões de brasileiros por aí afora que podem ter acesso ao seu texto e confundir alhos com bugalhos.

Como a liberdade de pensamento e expressão garantida pelo artigo 5º da Constituição Federal não tem amplidão indefinida, o meu confrade William Martins pode muito bem vir a ser processado por qualquer membro da minha família Mendes que eventualmente se sinta atingido pela bala perdida da sua metralhadora verbal mal manejada, com o agravante de que ele é um professor de língua portuguesa, não pode alegar falta de conhecimento no manejo da linguagem. Da forma como escreveu, não há como interpretar que o indigitado é um só indivíduo, qualquer leitor que não conheça o caso vai pensar que os Mendes são como os Donadon e outros cujas famílias estão todas envolvidas com a corrupção.

Sob o aspecto da corrupção, ocorre-me aqui lembrar outra vez o episódio de Jesus Cristo salvando Maria de Magdala do apedrejamento. Acontece que o meu confrade William Martins foi no passado um empresário próspero que manteve vultuosas transações comerciais com o Governo, conhece por dentro o processo de uma época em que os órgãos de fiscalização eram ainda pouco atuantes, a Polícia Federal ainda não investigava os desvios de conduta de servidores e empresários, não havia de fato o rigor que está havendo agora. A pergunta que se impõe é exatamente esta: será que as empresas do próspero empresário William Martins se portaram sempre com a mais absoluta correção em todos os negócios milionários mantidos no passado com o Governo, sem propinas, sem superfaturamento, sem nenhuma forma de vício? É aí que a porca torce o rabo... Será que o meu confrade sente-se absolutamente apto a atirar a primeira pedra na cambada de corruptos??? Je ne le croit pas... J’ai avec moi mes doutes...

De resto, não lobriguei no seu arrazoado a mais tênue inverdade, nem meia-verdade alguma, com a lamentável exceção do equívoco sobre os Mendes, que deveria haver sido convenientemente explicado em aposto específico, já que existe sabidamente em Rondônia família honrada com tal patronímico e o político corrupto é forasteiro e um só. A aleivosia solta no contexto deixa margem para outras interpretações. Os Mendes do Guaporé não são exatamente bonzinhos, mas são honestos, não são santos, com certeza vez por outra deixaram algum cadáver de gente safada pelos barrancos, mas nunca chafurdaram na lama da corrupção e merecem ter o nome respeitado.

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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