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Matias Mendes

CAITITUS: A Urina na Palha


Por MATIAS MENDES

Nos tempos em que a caça era permitida e o comércio de peles de animais silvestres era corrente no Brasil, a caça predatória de algumas espécies de animais desenvolveu métodos de matança dos mais cruéis possíveis. Os alvos principais de tais métodos predatórios eram os animais de hábitos gregários, que viviam em grupos, como as lontras, as ariranhas e os caititus. Os caçadores menos capitalizados, por economia de munições e para evitar a danificação das peles, que eram classificadas como de primeira ou de segunda de conformidade com as perfurações produzidas pelos bagos de chumbo, descobriram um antigo método empregado pelos indígenas para fazer os animais saírem da furna escavada na terra. As vítimas de tais métodos foram principalmente as lontras, ariranhas e caititus, já que os queixadas, embora formando grandes varas, não se escondiam em tocas e eram perigosos demais para serem executados em massa.

Esse método consistia em acender um fogo na entrada principal das furnas e produzir bastante fumaça, usando grandes abanos para direcionar a fumaça para o interior do buraco, sufocando os animais que estavam dentro. Se algum tentasse sair, era abatido a cacetadas na boca do buraco. As lontras e ariranhas eram eliminadas na totalidade das colônias com o método da fumaça, mas os caititus resistiam a isso porque suas tocas tinham meandros tortuosos que evitavam a penetração da fumaça. Foi então que alguém, em alguma época, descobriu um método antigo praticado pelos ameríndios, que consistia em urinar em uma palha e introduzi-la na furna. O método indígena era altamente científico, embora elaborado empiricamente. Não era qualquer galho de mato que servia para isso, era exatamente uma palha, que provavelmente produzia alguma forma de reação química com a ureia contida na urina humana, cujo efeito era devastador no sentido do olfato muito apurado dos caititus. Por tal método cruel era possível matar os animais a cacetadas quando tentavam desesperadamente sair da furna.

Esse antigo método de caça deixou como herança uma expressão ribeirinha muito corrente na região do Guaporé: mijar na palha. A expressão tem como significado fazer alguém sair de onde se oculta, deixar a tocaia, sair das sombras, mostrar a cara. É mijando na palha que se tira o caititu do buraco...

Mutatis mutandis, foi exatamente com o recurso do antigo método indígena, transmudado em conceito filosófico, que fiz sair das sombras uma legião de desafetos atocaiados. E eles saíram disparando a esmo, dizendo todas as sandices imagináveis, blaterando impropérios, vociferando asnices de toda natureza, alguns até pretendendo ensinar-me rudimentos da língua pátria, outros buscando a via da ridicularização sem se aperceberem do papel ridículo que fazem. Como antas baleadas no interior de uma loja de cristais, os detratores desatinados saíram às cegas pelos meandros dos assuntos que não conhecem e com os quais nunca se importaram antes em suas vidas cômodas de reles argentários. Tonterías!  Sottises! Tromperies! Não vou dizer o nome de ninguém para não ensejar que movam ações judiciais cretinas. De agora em diante é assim que as coisas vão funcionar...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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