Sábado, 20 de setembro de 2025 - 08h05

Adoro
notícias, e, claro, especialmente as boas notícias. Mas há muitas que me deixam
encafifada quando confrontadas com a realidade das ruas e, enfim, da vida. Uma
delas é a da queda brutal do desemprego. Fora a gente estar tropeçando em
pessoas vendendo de um tudo, ainda há as novas apresentações como profissões,
entre elas, a de influenciadores. Meu medo é que pelo andar da carruagem vire
profissão também ser “membro de organização criminosa”.
Peraí, os nomes mudaram
mesmo? Ninguém mais é camelô? Agora é tudo empreendedor? Bonito. De verdade.
Porque as pessoas que estão pelas ruas, em barracas ou não, vendendo coisas,
estão lutando para levar o pão para casa, e muitos o fazem com as habilidades
que têm e que se descobriram na crise, por conta da maléfica pandemia, ou
melhor até, das nossas sucessivas crises, que tempos de equilíbrio mais longos
são raros.
É o bolo ou o salgado
que sempre fez sucesso. A habilidade em criar bijuterias. Os que mudaram para o
campo e começaram a produzir queijos, mel, doces, pimentas, geleias e,
criativos, deram bons nomes, criaram embalagens e formatos diferentes,
presentes em feiras e eventos que se multiplicaram. Outros aprenderam a fazer
pães. Há quem crie roupas, inclusive com retalhos reciclados, transformados. Os
mais habilidosos têm criado até luminárias e móveis. Aplausos, tem muita coisa
boa aparecendo. Uma cultura alternativa que tem valor e deve mesmo ser
aplaudida, incentivada, apoiada; e daí tantos conseguiram ser mesmo empreendedores,
com tudo que lhes é de direito, inclusive cursos e educação financeira
oferecidos por instituições de renome. Assim, também há um grande número que
largou seus empregos pelo sonho de se tornar independentes, sem chefes. Também
saíram do índice de pessoas à procura do trabalho.
Nesse meio ainda estão
os nem-nem, que nem trabalham, nem estudam - um número que oscila nas pesquisas
oficiais.
Entretanto tem
aparecido uma penca de pessoas que por qualquer coisa agora se identifica como
influenciador. Certamente repararam como isso virou uma “profissão” que ouvimos
toda hora. O cara pode até ser formado em mil coisas, mas agora vira só
influenciador, ao invés de apresentados, quando se enrolam, como deveriam –
criminosos, o que infelizmente vêm sendo muito comum, especialmente ao se
tratar de jogos ilegais e demonstrações absurdas de riqueza e ostentação para
atrair incautos. Citados assim também em violências e outros abusos, inclusive
como vítimas, especialmente as mulheres.
Estranho, porque no
fundo todo mundo pode influenciar alguém, para o bem e para o mal, e em
qualquer coisa. O sentido é amplo. Creio que todos já ouviram: “Cuidado com as
más influências”, em geral de aflitas mães ao perceberam mudanças estranhas de
comportamento.
Entendam que vejo sim,
claramente, a rápida mudança dos tempos com a aceleração da vida digital que
propiciou o desenvolvimento de importantes mercados de trabalho. O que invoco
mesmo é com a facilidade da apresentação de quase qualquer um como
“influenciador”, ou pior ainda, "influencer", mais pedante ainda.
Assim como as tais celebridades, subcelebridades, ex realities, ex BBBs, ex
qualquer coisa. Tenho ou não razão em temer a ocupação de “membro de
organização criminosa”? Qual seria o registro oficial dessas atividades?
Se bem que essas
organizações cada vez mais fortalecidas estão mesmo infiltradas em tudo e até
no Parlamento. Aliás, “político” é profissão? Nananinanão.
______________________________________________________
MARLI GONÇALVES –
Jornalista, cronista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo,
autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também,
pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo.
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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