Quinta-feira, 18 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Lúcio Flávio Pinto

Carta aberta ao senador Jader Barbalho


 Carta aberta ao senador Jader Barbalho - Gente de Opinião


LÚCIO FLÁVIO PINTO
Editor do Jornal Pessoal, colunista do Yahoo e colaborador de Amazônias
Texto publicado no “Observatório da Imprensa”


 

Sr. Senador
 

Tenho diante de mim o tabloide (com 16 páginas) de polícia da edição do dia 6 do seu jornal, o Diário do Pará. A capa tem duas fotos de cadáveres. Em tamanho maior, o corpo de um cidadão morto a tiros, dados na sua cabeça, que está tomada pelo sangue e com as marcas visíveis das perfurações. Dentro, mais oito fotos de cadáveres, os “presuntos” da linguagem policial.
 

A manchete do caderno atesta a gravidade do problema: em quatro dias de carnaval, 57 pessoas foram mortas. A violência existe, é grave e deve ser denunciada. É claro que o jornal a explora ainda mais porque assim pensa responsabilizar o governador do Estado, hoje inimigo do dono, pelo assustador índice de criminalidade do Pará e de Belém. Não é uma atitude editorial correta, mas é a usual.
 

O destaque não tem motivação apenas política: é também um instrumento de marketing, o setor que mais se desenvolve na imprensa do Pará, sobrepujando a redação. Cadáver vende jornal, especialmente entre a faixa do público com menor renda e instrução. Mesmo os jornais que usam esse apelo, porém, contêm o imediatismo da relação. Acho que nenhum jornal no Brasil expõe mais cadáveres do que o seu jornal. Talvez no mundo.
 

Graças ao sensacionalismo e a oferecer ao público dito da classe C, aquele que entrou no circuito da mídia nos últimos anos, como a novidade do mercado, o que ele quer, o Diário desbancou seu concorrente do primeiro lugar em venda avulsa. Mas há limites comerciais quando o negócio envolve a imprensa, a informação, o jornalismo. É o limite da veracidade, da credibilidade e do respeito ao público. Jornal não é quitanda, embora seja assim considerado por boa parte dos seus donos.
 

Leia o texto completo

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 18 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

O enclave de Ludwig na Amazônia no tempo da ditadura

O enclave de Ludwig na Amazônia no tempo da ditadura

Lendo o seu artigo Carajás:  enclave no Pará, me veio em mente uma experiência que fiz com a Jari, quando trabalhava como economista, no fim dos anos

Por que não proteger as castanheiras?

Por que não proteger as castanheiras?

A PA-230, rodovia estadual paraense que liga os municípios de Uruará, na Transamazônica, a Santarém, situada no local de convergência do rio Tapajós c

Amazônia na pauta do mundo

Amazônia na pauta do mundo

Publico a seguir a entrevista que Edyr Augusto Proença (foto) concedeu à revista digital Amazônia Latitude, iniciando uma série de entrevistas com esc

Amazônida, produto da consciência

Amazônida, produto da consciência

O Dicionário Houaiss, o mais erudito da língua portuguesa, abriga 15 verbetes relativos à Amazônia, de Amazon (o primeiro) a amazonólogo (o últi

Gente de Opinião Quinta-feira, 18 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)