Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

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Gente de Opinião

José Carlos Sá

Entrevista e mensagem de Natal de Dom Moacyr


Ao meio de um depoimento exclusivo de duas horas, o arcebispo Dom Moacyr Grechi deixou sua mensagem de Natal ao povo rondoniense: “Bem, o Natal é uma coisa assombrosa para quem pensa e para quem tem fé. Em oito linhas se narra o acontecimento mais espetacular, estupendo, inesperado que o filho de Deus se faça um entre nós, que dependa do leite materno, que tenha de ser lavado pela mãe, que tenha que ser embalado, que nasça numa manjedoura, que fez o mundo, e depois assume uma vida normal de carpinteiro. Depois humildemente lava os pés dos Apóstolos, morre na cruz, porque quer ser homem até o fim, não faz milagre para escapar. Então, o fato de Deus ter se feito homem é algo que nos deve encher de alegria e ter a nossa dignidade e a dignidade de cada homem, cada mulher, Deus chega ao ponto de mandar seu filho que morreu na cruz para que nós pudéssemos nos tornar filho Seu. No Natal eu aceito que tenha festa mas, meu Deus do Céu, não percamos o central, que é o Filho de Deus que se fez homem e continua homem, e hoje ressuscitado, nós o encontramos em cada pessoa, pobre ou não pobre, a dignidade de todo homem foi elevada a uma altura divina pelo nascimento de Jesus, sua morte e ressurreição”. Acompanhe entrevista exclusiva para o jornal eletrônico gentedeopinião.


GENTEDEOPINIÃO – Dom Moacyr como foi sua infância, o seu início na igreja Católica?

DOM MOACYR – Bem, eu nasci quase dentro da igreja, porque meus pais moravam encostados na igreja, embora meu pai fosse o único homem da cidade que não ia à missa aos domingos. Minha mãe e minhas avós eram a casa paroquial, pois os padres vinham à cidade, não ficavam sempre, se hospedavam na casa dos meus avôs, e eu sempre tive contato com os padres que iam lá, e eram padres muito afáveis com a gente, tratavam bem. Da parte de minha mãe éramos profundamente religiosos. Então desde menino tive aquela caminhada comum a toda criança lá de Santa Catarina, batizado, crismado. Eu fui batizado e crismado com oito dias, naquele tempo quando passava o bispo, crismava, e depois fiz a Primeira Comunhão. Com oito anos saí de minha cidadezinha natal chamada Turvo e fui para uma cidade próxima chamada Araranguá, onde eu fiz - naquele tempo eram cinco anos - o primário, de muito boa qualidade, escola leiga com bons professores e até hoje lembro dos seus nomes com muito carinho, por lá havia alegria e se aprendia. Depois eu tive mais cinco anos de ginásio, naquele tempo também eram cinco anos de ginásio - no Turvo que é uma cidade bem menor que Araranguá, mas Araranguá não tinha ginásio. Turvo tinha seminário eu queria ser padre, então eu voltei para Turvo e fiz cinco anos de ginásio. Nesse ponto agente era transferido para São Paulo para fazer o noviciado e fiz contemporaneamente Filosofia no Seminário Central de São Paulo. Depois de quase três anos fui estudar em Roma com mais dois colegas, fiz quatro anos de Teologia em Roma e fui ordenado, naquele tempo os únicos que não tinham nenhum parente na hora da ordenação eram os brasileiros porque não tínhamos dinheiro, ao contrário dos americanos, irlandeses, italianos, todos tinham seus parentes presentes. Ali eu já tinha 24, 25 anos e o Superior Geral da Ordem, me deu a obrigação de fazer doutorado, isso porque eu passei muito bem em Teologia, mas Dom Giocondo, que depois foi Bispo aqui no estado do Acre, era meu superior e não me deixou, ele disse: “Você vai dar aula e cuidar do Seminário Menor”. O Superior Geral insistia mais Dom Giocondo disse: “Ou o Moacyr fica ou eu renuncio”, aí o superior da Itália disse: “Espero que tu não te arrependas”. Fiquei nove anos no Seminário Menor como reitor e professor, em seguida fui eleito provincial, que é o superior dos Servos de Maria em todo o Brasil, inclusive no Acre. Quando eu estava no segundo ano do exercício de provincial fui eleito Bispo, porque o meu antecessor morreu em um desastre aéreo, ele morreu novinho, com 43 anos, e eu com 36 anos, coisa rara, fui feito Bispo, talvez o Papa não tivesse alternativa, aí eu fiquei 27 anos no estado Acre, e quando eu pensei que ia ser enterrado lá, já tinha até o lugarzinho certo, o Papa me transferiu aqui para Porto Velho.

GENTEDEOPINIÃO - Como foi sua passagem pelo Acre, parece que o senhor marcou Entrevista e mensagem de Natal de Dom Moacyr - Gente de Opiniãouma época lá, inclusive o governador Jorge Viana é uma pessoa que lhe escuta muito e diz que o senhor foi fundamental na formação dele. Como foi essa passagem? O senhor teve muito contato com Chico Mendes e também com a atual ministra Marina Silva? 

DOM MOACYR – Bem, num certo momento eu tinha uma mentalidade ainda de sacristia, eu achava que a minha função era pregar o Evangelho, dar os Sacramentos, tentar manter o pessoal unido. Eu não queria entrar nesse aspecto, digamos, política com “P” maiúsculo, isto é, busca do bem comum com da justiça, eu praticamente fui forçado pelo povo. O povo confiava em mim, então eu fui tendo contato com as injustiças bárbaras, arbítrios de autoridades, e acabei me envolvendo. Também naqueles anos eu fui eleito presidente Nacional da Comissão Pastoral da Terra. Então a problemática era terra para o Brasil inteiro, e eu fui muito bem assessorado, seja por pessoas competentes, e no Acre por pessoas muito próximas. Depois de alguns anos quando eu discursava ou conversava, eu tinha certeza que estava falando em nome dos católicos, ou seja, eu tinha sido aceito. E o pessoal que trabalhava nas comunidades, nas associações, nos sindicatos, naquele tempo não tinha alternativa, os partidos eram ARENA e MDB. Para as pessoas que trabalhavam comigo eles achavam que estes dois partidos não ofereciam oportunidades nenhuma aos pobres e sindicalistas, então surgiu a idéia de fundar um partido. Aí então diziam que a Igreja do Acre era do PT. Não é. É que todo mundo que trabalhava acabou fundando o PT e ficou muito marcado por esse aspecto. Então a formação de muitos deles que hoje estão na liderança, você falou Marina, Jorge Viana, Chico Mendes (nem se fala), o presidente do Senado hoje Tião Viana, o Nilson Mourão, uma série de pessoas ligadas a sindicado, terras, a lutas internas de ocupação de áreas na cidade, então houve todo um trabalho de conscientização e politização e consciência política, e eu nunca admiti que eu ou a Igreja como tal tivesse uma opção política. Agora em muitas opções havia uma convergência e dava essa impressão, o pessoal foi crescendo e o PT do Acre foi um PT sadio, porque a massa, a população, gente da Igreja Católica, alguns até das igrejas evangélicas e pessoal de sindicato, era um pessoal que visava o bem comum, e tenho a impressão que mesmo com todas as mudanças que houve, permanece um clima bom, com visão de povo, não quero fazer ninguém santo, mas me parece que ainda mantém certa solidez. 

GENTEDEOPINIÃO – No caso do ex-deputado Hildebrando Pascoal, o senhor sofreu muita pressão?

DOM MOACYR – Não, da parte dele quase nenhuma, no começo ele era segurança do Vanderlei Dantas, depois eu ouvi dizer que ele foi crescendo ilegalmente e pouco a pouco ele foi aparecendo em muitos atos de violência. Ele era bem visto por uma multidão porque ele protegia também, alguém não queria pagar uma conta, ele mandava dizer pague a conta por que se não... Mas ele também estava envolvido com traficante. Mas o nosso relacionamento era praticamente: Bom Dia, Boa Tarde. Eu até soube, por parte de uma pessoa amiga dele, que ele não conseguia ter raiva de mim, pois ele sabia que quem podia prejudicá-lo era eu e o juiz Corregedor e naquele tempo ele era só Desembargador e Presidente do Tribunal. Então, quando ele cometeu aquele crime hediondo em cima de alguém que estava no carro sem 

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Hildebrando Pascoal Foto: Antônio Cruz ABr
nenhuma culpa, onde mataram o parente dele, aí ele foi atrás até pegar, massacrou esse homem de toda maneira, e finalmente serrou, mandou serrar os quatro membros e jogou na frente da TV. Aí eu achei que isso já estava passando dos limites, eu fui falar com o coronel do Exército e ele me disse: “Dom Moacyr, por lei eu não posso fazer nada, e depois os meus soldados não são treinados, têm armas que só servem para treinamento, a polícia tem mais homens do que eu”. E a polícia estava na mão de um primo do Hildebrando, aí eu soube que o Secretário de Segurança, o presidente e o futuro presidente do Tribunal, a Polícia Federal, todas as autoridades de segurança se reuniram e o Hildebrando chegou, deu um chute na porta, entrou e disse: “Eu vou matar o assassino do meu irmão e se alguém tentar impedir eu mato também”. E ninguém disse nada, aí o Arquilau - naquele tempo ele era Desembargador - ele me disse: “Dom Moacyr, nós somos reféns de bandidos”. Foi aí que comecei a mexer. Eu já estava aqui e o Dr. Luiz Francisco pediu que eu participasse de um inquérito sobre narcotráfico, então eu falei com a CNBB, eles disseram que era arriscado, mas que eu poderia ir, então eu fui, mas antes de ir a TV GLOBO quis fazer uma entrevista para o FANTÁSTICO que me deu oito minutos. Eu não vi, mas dizem que ficou muito bem feito. Fui para essa entrevista, levei três cartas assinadas sobre o que ele fazia, de pessoas de confiança absoluta (só que eu não dei os nomes, mas assinadas). Então isso tudo pesou, mas não para condená-lo, para a opinião pública sim, porque era um fato concreto. É até interessante, pois na época uma irmã, que era advogada, negra, de voz macia, de uma certa idade, ela elencou 42 crimes, com parentes e a hora em que o Hildebrando estaria envolvido, e mandou para o Luis Francisco, ele leu e disse, “é muito bom esse material, o senhor seria capaz de ler aqui?”. Aí eu disse: Por quê? Ele respondeu: “Porque é muito perigoso.” Então eu disse então porque é perigoso é pra mim? Ele disse: “É porque o senhor é pastor”. Eu nunca recebi ameaça de morte dele ou de parente dele, só mágoa. Eles dizem que não imaginavam que eu, um homem de Deus, fizesse isso.

GENTEDEOPINIÃO – Ainda sobre o Acre, qual a sua participação na caminhada do Jorge Viana? O senhor teve alguma influência? O senhor pediu voto pra ele? 

DOM MOACYR - Eu nuca pedi voto pra ninguém, até pessoas que vinham no confessionário e perguntavam: “Em quem devo votar Dom Moacyr?”. Eu respondia, se você participa das reuniões da igreja, o catecismo tem seus critérios. Agora a minha pessoa dava confiança, porque o povo não acredita em político. Eles percebiam qual era a minha posição do ponto de vista da justiça, da transparência, tinham os encontros e cursos. O povo da comunidade era bem conscientizado e politizado, podia votar em quem a consciência mandava. Eu nunca indiquei a uma pessoa que votasse em Jorge Viana, na Marina Silva, agora eles vinham pedir conselhos e eu os aconselhava como Pastor. 

GENTEDEOPINIÃO – Ainda há chance do ex-governador do Acre Jorge Viana ser ministro do governo Lula? 

DOM MOACYR - Ele só não foi porque não aceitou. 

GENTEDEOPINIÃO – O senhor veio para Rondônia e encontrou uma realidade mais ou menos parecida, nós temos aqui problemas diversos na política. O senhor acha que aqui a gente ainda tem futuro? 

DOM MOACYR – Futuro tem, porque o povo é maior do que qualquer governo. Agora, no momento, eu tenho a sensação de que nós estamos muito debaixo do Executivo, sem querer ofender ninguém, eu tenho a impressão que a Assembléia está fechada com o governador. A Assembléia vota o orçamento do Ministério Público, do Judiciário, e olhe, aqui não vai julgamento de ordem moral, mas o fato concreto é que fica muito perigoso, se pudesse dizer, seria uma faca de três gumes, isso me preocupa. E me parece que o trabalho de conscientização e cidadania, a Igreja não pegou firme como deveria, sem fazer opção partidária, mas dizendo que o voto é coisa séria, não se pode brincar, a gente paga as conseqüências de eleições que prevalece o interesse próprio. Agora, tem futuro tem, mas com o tempo. 

GENTEDEOPINIÃO – A OAB acabou de lançar uma campanha Entrevista e mensagem de Natal de Dom Moacyr - Gente de Opinião(VOTO NÃO TEM PREÇO TEM CONSEQUÊNCIA – baseado na Lei 9.840) e que a própria Igreja já tinha participado em outras eleições juntamente com o Transparência Brasil, Transparência Rondônia e a própria OAB. A Igreja vai apoiar mais essa campanha? 

DOM MOACYR – Não tenha dúvida, eu ainda não conheço o texto, mas em geral a OAB é apartidária e nós também vamos tomar posição. Agora eu tenho a convicção de que se não há um trabalho constante de conscientização, de organização constante, só com slogan - frase tem efeito muito pequeno - e ainda infelizmente, o dinheiro pesa muito em uma eleição. 

GENTEDEOPINIÃO – Dom Moacyr, nós estamos às vésperas do leilão das Usinas do Rio Madeira, o que o senhor pensa sobre essa questão? Quais os aspectos negativos e positivos? A socióloga Marijane Lisboa, que está visitando Porto Velho, disse que o povo vai sofrer a maior conseqüência. Qual sua opinião sobre isso? 

DOM MOACYR – Bem, eu vou dizer a minha opinião, não é a opinião de Igreja, porque tem alguns aspectos técnicos nos quais eu não quero entrar porque não sou competente. Se agente olha nas outras hidrelétricas, os benefícios foram poucos e muito prejudiciais à população circundante. Balbina, uma calamidade total, nunca deveria ter sito feita. Em geral os benefícios não ficam com o povo da região. Mais uma vez fizeram um projeto, dizem que não vai prejudicar, mas nunca foi feito um projeto desses num rio das dimensões do Madeira, eu tenho preocupação. Agora os ribeirinhos não são muitos, a maioria não tem documentação, eles serão ressarcidos? Veja Itapuã, qualquer chuva alaga, para enterrar um morto tem que botar um peso em cima. Então eu não sei se os estudos dos impactos ambientais foram suficientemente profundos. E dizem - não sei se é verdade, eu não tenho dados confiáveis - que a energia praticamente não será para Rondônia, eu não sou daqueles que acreditam que por hora a energia do vento, do sol resolva. Mas será que não seria melhor represas menores, aproveitar as quedas que existem? Eu ainda tenho muitas dúvidas e medo, no que diz respeito ao prejuízo da população pobre.

GENTEDEOPINIÃO – Falando ainda sobre o meio ambiente, outra medida polêmica 
Entrevista e mensagem de Natal de Dom Moacyr - Gente de Opinião
É uma festa de caminhões saindo com madeiras...
adotada pelo governo é o loteamento e aproveitamento da madeira em reservas nacionais. 

DOM MOACYR – Quer dizer, teoricamente, como me explicou a Marina, a lei é boa, tira só uma árvore dentre tantas. Agora eu quero ver é controlar, é isso que me preocupa, o controle. De outra parte é necessário uma medida. Cada vez que eu vou por essas estradas de Cujubim, Machadinho D’Oeste, aos sábados e domingos é uma festa de caminhões saindo com madeiras. As reservas extrativistas perto de Machadinho D’Oeste estão sendo desfalcadas.

GENTEDEOPINIÃO – O Senhor acabou de falar das suas viagens. Como o senhor tem visto a pobreza das pessoas vivendo em Porto Velho e em Rondônia? 

DOM MOACYR - Bem, aqui em Porto Velho a pobreza é maior, nas periferias acredito que até certo ponto temos casas inabitáveis, saúde com muitos problemas. Um dia desses fui ao Hospital João Paulo II e estava atopetada a sala. Um senhor que me conheceu e eu perguntei para ele: meu Deus é sempre assim? Ele me respondeu: “Hoje não tem ninguém, Dom Moacyr”. Então, pobre realmente têm dificuldades de se tratar. Se vierem pra cá os 65 mil habitantes a mais com a construção das Usinas do Madeira, como é que nós vamos conseguir solucionar? Existem problemas sérios. No interior eu noto o seguinte, as crianças bem nutridas, quase em todo lugar onde eu Crismo, não vejo ninguém assim que dê impressão que passam fome, eu acho que eles têm galinha, tem leite, tem porco, tem verdura, então no interior por enquanto estão ainda cultivando, eu tenho a impressão que miséria mesmo eu não vi. Ela acontece nas periferias também das cidades menores. 

GENTEDEOPINIÃO – Mudando agora de assunto, para um tema que o senhor é especialista: Como está a igreja na Amazônia, a Igreja em Rondônia, está faltando padre, tem uma crise de vocação? 

DOM MOACYR – Bem, crise de vocação nunca houve na Amazônia, porque ela nunca teve padre. Tirando Belém e Manaus, que tinham um certo número de clérigos diocesanos, todas as chamadas “Prelazias” eram servidas por padres estrangeiros - italianos, alemães, franceses, holandeses, belgas, - então eram todas servidas por estes padres em número diminuto, e que durante a guerra diminuiu ainda mais. Faz pouco mais de 30 anos que nós começamos um trabalho de formação, e tinha um único seminário para toda nossa Amazônia, que tem três milhões de quilômetros quadrados e tinha só um seminário em Manaus. Como é que eu ia mandar de barco pessoas para estudar em Manaus em um seminário precário? Então até 30 anos atrás Dom João não ordenou nenhum padre. Cuiabá não tinha nenhum padre Diocesano, Campo Grande também não tinha, eu creio que 86% do clero eram estrangeiros. Agora nesses últimos 30/35 anos, houve um trabalho de promoção vocacional, os padres ainda são muito poucos, mas desde que estou aqui já devo ter ordenado mais de dez, e creio que ainda não demos passos mais decisivos por falta de formadores, pois para o clero precisa de uma qualificação, e então agora conseguimos isso também. Eu diria que a Igreja da Amazônia - eu conheço quase todas - é muita viva por causa de suas comunidades, as Comunidades Eclesiais de Base, quase todas dirigidas por leigos, centradas na Palavra de Deus, com atendimento regular de padre, esse ‘regular’ significa duas a três visitas ao ano, com formação e encontros. Ela dá impressão a qualquer pessoa que venha de fora, uma igreja de muita vitalidade, muita vitalidade que impressiona quem vem de fora, e sempre dizem que a Igreja Católica está vazia, eu não consigo encontrar uma igreja vazia, agora mesmo eu estava em Ariquemes e uma boa parte população em pé. Agora há um avanço muito grande das Igrejas Pentecostais, algumas sérias que, eu acredito, queiram conversão, embora tendam um pouco ao proselitismo, agora, com meios inaceitáveis e tem essas igrejas eletrônicas, que eu acho que não se enquadram dentro das exigências mínimas do Evangelho. 

GENTEDEOPINIÃO – Como o senhor vê o avanço das seitas nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rondônia, conforme dados do IBGE. É falta de evangelização da Igreja Católica ou é realmente um crescimento eletrônico por força da comunicação? 

DOM MOACYR – As igrejas eletrônicas não têm comunidade, tem fregueses. Agora tem um estudo, uma tese de um escritor do Rio de Janeiro, que mostrou recentemente que a Igreja, numericamente, nunca foi tão grande como agora. Vejam quais são os critérios que ele usa: para ser Igreja é preciso ter um conhecimento mínimo de sua doutrina, tem que ter uma participação mínima na sua liturgia e tem que ter uma coerência mínima na sua vida. E ele disse: “A igreja católica nunca teve tanta gente que conhecesse, até bastante bem, a sua doutrina, que participasse de suas celebrações eucarísticas e com tanta coerência inclusive na política”, então tem que ter também essa visão bastante positiva. Agora no Rio de Janeiro e Espírito Santo eu creio, como dizia o Evangelho, “eu não abandonei a Igreja, foi a Igreja que me abandonou”, a Igreja não teve flexibilidade de atender. Veja Rondônia, há 30 anos tinha oitenta mil habitantes, hoje tem 1.400.000 e o número de padres não aumentou tanto assim, proporcionalmente, então fica uma população religiosa à mercê de quem chegar. Eu conheço famílias católicas apostólicas romanas que freqüentam regularmente a Assembléia de Deus. Aí eu pergunto: você é da Assembléia? “Não, mas os padres não vão lá, não tem missa, e eu vou na igreja Assembléia de Deus para escutar o Evangelho”. E têm um amor muito grande à Nossa Senhora. Um especialista chamado Alberto Antoniase, disse que aqui em Rondônia, até pouco tempo, a desproporção entre clero e população era escandalosa, ou seja, pouco demais na proporção do crescimento do povo. Também um grande sociólogo do estado de São Paulo, José Martin, disse que o governo naquele período migratório selecionou as pessoas que vinham para cá - só 20% podiam ser católico - pois incomodavam, criavam sindicato, associações. Já os evangélicos eram mais acomodados. Então se explica a falta de clero, com a superpopulação e depois essa política direcionada, além do lugar que tem mais ateu, tem uma população grande aqui em Rondônia, que é a segunda do Brasil.

GENTEDEOPINIÃO – Entre os trabalhos pastorais que o senhor tem implantado aqui em Rondônia um dos que tem se destacado é a Universidade Católica. Como amadureceu essa idéia? 

DOM MOACYR – Bem, Dom Antônio Possamai, há mais de 20 anos me dizia: ‘Moacyr, nós precisamos de ensino superior católico, para passar os valores, princípios, a dignidade humana, o sentido do bem comum, a prioridade nos pobres, a seriedade da política, nós precisamos de uma escola superior’. Então a finalidade é essa, trazer o humanismo cristão para nossos futuros dirigentes e a inclusão social. Hoje já temos dez cursinhos pré-vestibulares gratuitos, depois nós temos um convênio com os Claretianos, que é considerado, também, referência nacional. Eu assumi um risco muito grande que é de começar, porque a região é pobre, mas vimos que é necessário também esse aspecto, porque nós temos uma grande proximidade - talvez menos aqui que no Acre - com o povo pobre e trabalhador, mas com classe intelectual não houve uma aproximação séria de ambas as partes. 

GENTEDEOPINIÃO – Dom Moacyr, a vinda do Papa Bento XVI ao Brasil reduziu a distância da igreja brasileira com o Vaticano ou nunca houve nenhuma ruptura ou distanciamento? 

DOM MOACYR – A Igreja de Roma sempre teve certa dificuldade em aceitar o Brasil. Agora a gente sempre diz o que vem de lá já foi daqui. Tinha um grupo que informava a coisa numa tal maneira que preocupava Roma, mas acho que não era tão sério. Mas o fato de o Papa ter vindo aqui e visto com os próprios olhos como é a igreja, eu creio que tenha derrubado barreiras, inclusive eu tenho relacionamento pessoal com Papa, estarei lá em breve, e sei que ele fará algumas perguntas. O discurso do Papa Bento XVI na abertura da Conferência foi excelente, ele entrou no aspecto social de cheio, foi muito bom. 

GENTEDEOPINIÃO – Aproveitando o tema religioso, a polêmica sobre o Leonardo Boff é coisa ultrapassada? Quem amadureceu a igreja ou Leonardo Boff? E o papel das CEBs hoje? 

DOM MOACYR – Eu conheço o texto que ele escreveu. De heresia tem pouco, só que por outras razões ele foi advertido. Eu creio que não houve grandes mudanças, os tempos mudaram, a globalização econômica tomou conta, a pobreza cresce, hoje não tem mais os marginalizados, hoje têm os descartáveis. Então eu acredito que na substância, Leonardo ficou o mesmo e as Comunidades Eclesiais de Base têm que responder aos desafios de hoje, e ela dá muito certo no interior e na periferia. Na cidade nós tempos que achar caminhos de vida comunitária, porque sem comunidade não há Igreja, nós talvez tenhamos que achar, com ajuda do Espírito Santo e da nossa criatividade, saídas melhores. Agora, sobre isso, interessante, lá em Aparecida eu era um dos delegados do episcopado brasileiro, então o texto sobre Comunidades de Base foi muito bom, mas na penúltima versão tiraram uma parte, aí foi pedido um destaque e voltou. Lá em Roma, segundo informações, antes de entregarem para o Papa, tiraram tudo que falava de Comunidades de Base, e quando foram apresentar para o Papa, ele disse, não precisa me apresentar, isso é magistério episcopal se eles já aprovaram. Aí o Papa ficou sabendo que tinham tirado as Comunidades e mandou colocar tudo de novo. 

GENTEDEOPINIÃO – O que mudou para a Igreja da Amazônia, depois da Conferência de Aparecida? 

DOM MOACYR – Olha, a Igreja da Amazônia foi posta em destaque inclusive no texto. A necessidade de um desenvolvimento sustentável, o respeito pela natureza, evitar a depredação, ela entrou no texto duas vezes, há toda uma preocupação que não existia antes sobre o meio ambiente. 

GENTEDEOPINIÃO – Quais os ensinamentos que a Campanha da Fraternidade de 2007 deixou para a Amazônia? 

DOM MOACYR - Eu achei que não ia dar em nada, mas deu muito certo. O Brasil não conhece a Amazônia, inclusive os Bispos - eles ficam imaginando um índio com a flecha, a vitória régia, a casinha na beira do rio - e esquecem que tem duas cidades com, pelo menos, dois milhões de habitantes, que a Amazônia é urbana e que 72% da sua população vivem em cidades, algumas até 80%. Depois todos os outros problemas que temos aqui: a droga, a violência, a fragilidade política. Mas agora eles conhecem. O fato é que o Brasil sempre viu a Amazônia como colônia, é a borracha, a cassiterita, o ouro e agora a madeira e assim por diante, não saem projetos para o povo daqui, que tem 25 milhões de habitantes. Então temos que respeitar a floresta, pelo menos em grande parte, evitar a soja, a criação de gado extensiva. A Amazônia é água e floresta. Eu não sou fanático de deixar tudo como está. Nós temos 25 milhões de habitantes que precisam viver e viver bem, mas temos que ter projetos que levem em conta a nossa natureza.

GENTEDEOPINIÃO – A ministra Marina Silva tem pesado a mão para a Amazônia, no  
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Marina Silva - Foto ABr

sentido da proteção, ou ela não é compreendida, qual é a sua visão? 

DOM MOACYR – Para mim ela tem uma visão boa, eu tenho pena é que ela não tenha suficiente poder no governo, você sabe que a parte econômica pesa. Agora a visão que ela tem é correta e que não excluí o econômico, mas não prioriza, ou seja, não está em primeiro lugar o dinheiro. Para alguns madeireiros o Deus supremo é o lucro. Um dia eu estava no avião e dois madeireiros conversavam, não me conheciam, um dizia para o outro: ‘Rapaz, passei 18 ‘carradas’ de madeira com uma nota só’. 

GENTEDEOPINIÃO – Agora mudando um pouco de assunto, Dom Moacyr qual sua visão pessoal e da Igreja nas questões que pautam a mídia - hoje de forma até desencontrada -, droga, família, aborto, homossexualismo? 

DOM MOACYR – Família - O Papa João Paulo II dizia que o futuro passa pela família, então eu acho que mesmo a família imperfeita é um dom de Deus, e se muita gente não morre aleijado, deficiente, e velha, é porque ainda restam muitas famílias estruturadas e mesmo aquelas que ainda não são tão estruturadas ainda são a única salvação. Ela (família) esta passando por momento difícil, os jovens às vezes não querem se casar, o sexo banalizou, falta política pública a favor da família que está passando por crise, mas com o empenho de todos, evangélicos e até os sem fé, todos percebem o valor e a importância da família. Concordo plenamente com João Paulo II, o nosso futuro passa pela família. 

O Aborto – A Igreja desde o começo, sempre considerou o aborto um crime. Agora temos que levar em conta, uma coisa é o aborto feito por uma pessoa livre e o aborto realizado por uma menina apavorada, diante do pai, com medo de morrer. Então, do ponto de vista do julgamento em si, a Igreja considera um pecado muito grave. Agora no caso de julgar uma pessoa temos que ter extrema misericórdia e compreensão em examinar caso a caso, e olha que eu tenho 46 anos (36 de Bispo e 10 de padre) é uma tragédia para muitas mulheres o fato de cometer um aborto e sob pressão - namorado safado que não assume, marido que força, medo do pai - mesmo assim parece que a mulher tem um instinto de vida para superar. 

Homossexualismo – Tem um escritor que diz que não existe o homossexualismo, existe o homossexual, então tem muita diferença entre um caso e outro, tem os ativos, tem outros compulsivos, têm outros que sentem atração, mas sabe viver de uma maneira serena e tranqüila, outros de nascimento, outros são induzidos pela educação e pelo ambiente que se cria. Agora do ponto de vista da Bíblia, objetivamente, eu não julgo a pessoa, o homossexualismo é condenado veementemente pela Bíblia, agora o homossexual nós temos que ver caso a caso. A Igreja considera pecado. 

Entrevista e mensagem de Natal de Dom Moacyr - Gente de OpiniãoGENTEDEOPINIÃO – Sempre, nas vésperas do carnaval, se levanta uma polêmica: O senhor pessoalmente é incomodado pela festa do Carnaval de Rua de Porto Velho? 

DOM MOACYR – Xixi e cocô por todo lado e um barulho infernal. Mas você sabe o carnaval nasceu na Igreja, na Itália. Você vê padres, irmãs, famílias. Aqui tomou um aspecto muito sensual e infelizmente, com droga, bebida e aí acontecem os abusos. Eu creio que a segurança deva prevalecer. Então o carnaval em si, se for vivido decentemente com a consciência cristã é uma festa, agora hoje não é fácil devido à droga e a bebida e o barulho, e olhe que aqui no centro tem três hospitais. 

GENTEDEOPINIÃO – Há algum tempo o senhor participou da CPI da Terra com dois depoimentos. Houve redução de violência no campo? 

DOM MOACYR – Parece que em questão de violência houve um crescimento, só que hoje você pode falar tudo, hoje você pode denunciar, fazer uma passeata. No tempo da CPI, você tinha que arriscar um pouco a pele, um dos meus depoimentos durou quatro horas e os jornais publicaram tudo. 

GENTEDEOPINIÃO – Sobre a ditadura, qual foi a sua experiência? 

DOM MOACYR – O problema da segurança era quando prendiam uma pessoa. Até soltar, dialogar, depois a calúnia, quando eles discordavam da linha dura, por exemplo, para Dom Paulo Evaristo, para mim e Aldo Mojane eles faziam gibis imorais, padre correndo atrás de mulher pelada. Eu sou chamado Calígula do Acre, Dom Paulo e Dom Ivo foram caluniados. Eu salvei muita gente (não vou dizer o nome) mandando para uma companhia que aceitava transportar passageiros clandestinamente para salvar vidas. Gravações de reuniões e uma série de fatores assim, a tortura era cruel. 

GENTEDEOPINIÃO - O Chico Mendes, como o senhor viu a morte dele? Foi 
Entrevista e mensagem de Natal de Dom Moacyr - Gente de Opinião
Chico Mendes pagou com a vida a defesa pela preservação da Amazônia / Agência Amazônia
relacionada a uma morte ambiental ou foi um crime comum? 

DOM MOACYR - Naquele tempo era posse. A floresta era dele, ele estava lá há 50 anos e queria ficar ali, depois não queria que destruíssem a floresta porque era o sustento dele. Havia muitos fazendeiros favoráveis à eliminação do Chico. O Chico Mendes incomodava, porque ele começou a ter uma dimensão mundial. No segundo período do Chico entra o aspecto do meio ambiente, da não destruição da floresta. Agora o Chico sempre foi de diálogo com todos, com o Exército, comigo, ele nunca ofendia ninguém. Muitas vezes com medo da morte ele se hospedou na casa paroquial por uns seis meses. Então foi um crime não simplesmente de bandidos, mais de pessoas que queriam destruir a floresta, criar gado. Inclusive, um irmão do Padre Geraldo que se chamava Ivair Siqueira, foi assassinado pelo mesmo pessoal. O Ivair era animador de uma comunidade, sindicalista e candidato a político, isso era ameaça para os bandidos, ele morreu cantando um canto materno. 

GENTEDEOPINIÃO – Rondônia tem mais de 1.500.000 habitantes. Dom Moacyr, é possível explicar sociologicamente essa violência em Porto Velho, que chega a ter mais 2.200 mandados de prisão, fora os que já estão presos e sem vagas disponíveis nos presídios? 

DOM MOACYR – Bom, primeiro nós não temos um sistema prisional adequado. No Urso Branco, o espaço é para 400 e hoje tem mais de mil presos. Eu não vejo que Rondônia seja mais violento que o Acre ou o Amazonas, certo que a pobreza e a droga podem afetar, porque a droga faz ganhar dinheiro rápido. Inclusive me dizia um policial, “...eu ganho tanto por mês, meu filho me disse na cara: pai eu numa noite, ganho o que o senhor ganha num mês, não se meta na minha vida...”. Quer dizer, a droga é uma tentação e então se mata com facilidade. A pobreza, a falta de emprego, a falta de escola, a família desestruturada, eu creio que tudo isso pesa também, mas eu não tenho uma resposta mais completa. 

GENTEDEOPINIÃO – Dom Moacyr, qual sua mensagem para a família, diante das dificuldades do mundo moderno e suas facilidades? 

DOM MOACYR - Olha, isso é daquelas coisas que todo pai e toda mãe preocupados com os filhos me fazem. Eu tenho uma mensagem muito bonita do Bispo de Milão - agora é Emérito - ele diz que os pais se queixam que os filhos são refratários a todo e qualquer conselho e não querem receber orientação de ninguém. Então ele diz o seguinte: primeiro de tudo, lembrar que Deus acompanha o trabalho de educação dos filhos, eles não estão sós, Deus é o principal interessado, então que eles confiem em Deus. Depois que plantem, porque plantando, diz ele, pode ser que não nasça, agora não plantando certamente não nascerá. Em alguns momentos os pais têm que ser severos, aqui não tem negociação, outras vezes tem que ter condescendência, certas coisas não vamos fazer tragédia, é dar exemplo, o exemplo de vida reta, de fidelidade conjugal, participação na vida da Igreja, sentido social, o interesse pelo bem comum, o exemplo pesa muito. E lembrar que não estamos sós, se um casal casou é Sacramento, Deus está com ele e não nos abandona nesta missão delicada e única, agora lembrando sempre que, se agente não planta é certa que os frutos não vêem, se planta pode não vir, mas pode vir também ao seu tempo.

GENTEDEOPINIÃO – Guerras no mundo, revolta da natureza demonstrada no clima, exemplo agora de Bangladesh onde morreram milhares em razão dos efeitos de um furacão. Com tanta violência, o amor ao próximo não está mais sendo praticado? 

DOM MOACYR - Olha quando eu vi na televisão um guarda se atirando em cima de uma bomba para não prejudicar os outros, ali precisa ter sentido de altruísmo. E olha no meio da população pobre quanta generosidade para com os doentes, para com os que passam fome, com as crianças, acho que ainda há muito amor, graças a Deus. Tem uma frase poética que diz: ”quando a gente no mato, corta uma árvore parece todo o mundo vem abaixo, agora toda a floresta crescendo não faz barulho”. Então, quanta coisa boa eu encontro a cada dia, que me comove. É que ninguém coloca coisa boa na televisão, agora qualquer crime aparece com mais evidência. 

GENTEDEOPINIÃO – A questão do idoso, Ele está tendo assistência ou continua abandonado? 

DOM MOACYR - Eu diria que uma espécie de revolução, mesmo aqui em Rondônia, quase todas as paróquias tem cursos para idosos, o SESC favorece com bastante atividade e ainda tem o direito do Idoso. Eu acredito que há uma sensibilidade maior e vamos crescer ainda mais, porque eles têm a experiência, às vezes a gente não escuta os velhos e é uma pena, nos povos antigos os velhos eram venerados, porque eles tinham a experiência a passar, hoje nós vemos filhos com crimes brutais sem nenhuma gratidão, mas me parece que está havendo uma revolução para melhor. 

GENTEDEOPINIÃO – O presidente Lula decepcionou o senhor? O Lula para Amazônia Entrevista e mensagem de Natal de Dom Moacyr - Gente de Opiniãoera o que o senhor esperava? 

DOM MOACYR – Bom, eu nunca esperei milagre, agora eu sou suspeito, eu sou muito amigo do Lula, desde os tempos antigos (falou com muita alegria). Antes de ser presidente, nunca pedi nem um favor, mas eu acho que entre os presidentes que nós tivemos é o melhor, pelo menos podemos falar com ele, ele recebe. Falam do Programa Bolsa Família, que é paternalismo, é dependência etc., acaba com a organização popular. Quando é rico ninguém fala que é paternalismo, os filhos dos deputados e dos ricos vão estudar em São Paulo, Rio de Janeiro, com dinheiro do povo e ninguém diz que é dinheiro do povo, ninguém diz que é paternalismo, agora quando se dá uma Bolsa Família é paternalismo. Tem risco, tem, mas é melhor do que passar fome. Então eu acho que o governo Lula ainda é o melhor dos que eu conheci.

GENTEDEOPINIÃO – Para encerrar, qual a sua mensagem de Natal para o povo de Porto Velho e de Rondônia 

DOM MOACYR - Bem, o Natal é uma coisa assombrosa para quem pensa e para quem tem fé. Em oito linhas se narra o acontecimento mais espetacular, estupendo, inesperado que o filho de Deus se faça um entre nós, que dependa do leite materno, que tenha de ser lavado pela mãe, que tenha que ser embalado, que nasça numa manjedoura, que fez o mundo, e depois assume uma vida normal de carpinteiro. Depois humildemente lava os pés dos apóstolos, morre na cruz, porque quer ser homem até o fim, não faz milagre para escapar. Então, o fato de Deus ter Se feito homem é algo que nos deve encher de alegria e ter a nossa dignidade e a dignidade de cada homem, cada mulher, Deus chega ao ponto de mandar seu filho que morreu na cruz para que nós pudéssemos nos tornar filho Seu. No Natal, eu aceito que tenha festa, mas, meu Deus do Céu, não percamos o central, que é o Filho de Deus que Se fez homem e continua homem, e hoje ressuscitado, nós O encontramos em cada pessoa, pobre ou não pobre, a dignidade de todo homem foi elevada a uma altura divina pelo nascimento de Jesus, sua morte e ressurreição. 

Fonte: Gentedeopinião – Por José Carlos Sá e Chico Lemos

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