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Hiram Reis e Silva

Terceira Margem – Parte DXC - Jornada Pantaneira - Francisco Solano López (Biografia) Parte V


Terceira Margem – Parte DXC - Jornada Pantaneira - Francisco Solano López (Biografia) Parte V - Gente de Opinião

Bagé, 24.05.2023

V

Penetrando no alojamento do Marechal, Diaz veio interromper uma profunda meditação que já durava horas. Depois da entrevista em que se malograram todas as suas perspectivas, López tinha inexoravelmente tomado a resolução desesperada de lutar até o último instante e sucumbir por fim, mas depois de aniquilados completamente os seus Exércitos, morto o último soldado, postas em ruína todas as cidades e aldeias de sua pobre terra, refugiado com todos os habitantes que lhe restassem, mulheres e crianças, nos mais longínquos páramos ([1]) desertos onde não houvesse ainda pisado a planta humana.

Com Diaz conversou por longo tempo e sobre tudo lastimava que Mitre houvesse entrado em acordo com o Imperador em relação à política internacional.

Nada mais pois, havia a se esperar dele, a cujo respeito, verificava agora, quanto se tinha iludido. Sentia profundamente que o General argentino o privasse da glória de levar a termo o grande ideal do Libertador Simão Bolívar, expelindo para o outro lado do Atlântico a única testa coroada que maculava a democracia americana e o que o General Alvear não tinha conseguido fazer na memorável ação de Ituzaingó.

Por fim, López referiu a Diaz que Mitre lhe havia anunciado para antes do fim da semana como ele já havia previsto ([2]), um ataque decisivo por terra combinado com as Forças Navais, e o encarregou de ativar e dirigir pessoalmente as fortificações de Curupaití.

Não se havia enganado López. As Forças Aliadas, a 22 de setembro, dez dias após a conferência do Yataity-Corá, ofereceram a formidável Batalha a que as fortificações do Diaz conseguiram opor uma resistência invencível.

Foi uma ação sanguinolenta desastrada em que o estoico heroísmo das nossas Forças valorosamente sucumbiu nas muralhas de Curupaití que vomitavam fogo incessante.

As valentes hostes aliadas chegavam por entre a metralha mortífera até os fossos principais das Fortificações para serem exterminadas pela intensa linha de fuzilaria das trincheiras, e era horrível de se ver a loucura sagrada dos oficiais e simples soldados disputando à porfia os postos de maior perigo com ostentação sublime de valor inexcedível e de desprezo pela vida.

Se no espírito do Marechal houvesse a compreensão perfeita do patriotismo, após a vitória que suas Forças tinham alcançado a 22 de setembro, ele, por certo, iria tentar a Paz, talvez possível dentro dos termos esboçados por Mitre. Mas López proferia o extermínio da Pátria, o sacrifício infecundo de todos os seus concidadãos, a despir-se do poder absoluto que usurpava à nação, abandonando o governo e retirando-se para o estrangeiro como um simples mortal.

Continuou a luta desesperada e sangrenta até que a morte o alcançou também nos areais inóspitos de Aquidaban. (LANGGAARD MENESES) (Continua...)

Bibliografia

 

LANGGAARD MENESES, Rodrigo Octavio de. Homens e Coisas do Paraguai – Solano López e José Diaz – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Revista Brasileira – Sociedade Revista Brasileira – Segundo Ano – Tomo VI, 1896.

 

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: [email protected].



[1]    Páramos: campo situado nas terras altas dos Andes, na América do Sul, não queria se referir, certamente, ao local onde habitam os espí­ritos puros. (Hiram Reis)

[2]    Sabemos que o Sr. General Mitre contestou esse tópico do livro do Sr. Dr. Godoy, pela Imprensa platina. (LANGGAARD MENESES)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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