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Hiram Reis e Silva

Copa do Mundo no QATAR


Estádios da Copa do Mundo (Qatar) - Gente de Opinião
Estádios da Copa do Mundo (Qatar)

Bagé, 08.12.2022

 

Mais uma vez tenho a honra de repercutir um belo artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo, editado em 29 de novembro de 2022.

 

Copa do Mundo no QATAR

(Por Higino Veiga Macedo)

 

No dia 22 de novembro se deu a abertura da Copa do Mundo de Futebol no QATAR. QATAR ou Catar, com capital em Doha, não é o que se pode chamar, na modernidade, de um país, uma nação.

 

[...] “O Catar é um emirado absolutista e hereditário comandado pela Casa de Thani desde meados do século XIX. As posições mais importantes no país são ocupadas por membros ou grupos próximos da família al-Thani. Em 1995, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani tornou-se emir após depor seu pai, Khalifa bin Hamad al Thani, em um golpe de Estado” [...].

 

Foi um protetorado britânico até ganhar a independência em 1971. Desde então, tornou-se um dos estados mais ricos da região, devido às receitas oriundas do petróleo e do gás natural (possui a terceira maior reserva mundial de gás) [...].

 

Com uma população estimada em 2,8 milhões de habitantes, apenas 313 mil são nativos catarianos. Os demais são trabalhadores estrangeiros [...].

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Catar

 

Por essas informações se vê que jamais poderá ser considerado um país, uma nação. É um pedaço de deserto com um proprietário, dividido entre alguns administradores. Nesse deserto, á beira do mar, no Golfo Pérsico, foram criadas várias cidades luxuosas.

 

Pois bem aí foi escolhido para a primeira Copa do Mundo na parte árabe do mundo. Há confusões monumentais, pois os ditos ocidentais, mais realistas que os kalifas, protestam pela falta de liberdades dos trabalhadores e das mulheres. Segundo as más línguas, a quantidade de morte de trabalhadores para as cons­truções das instalações esportivas foi de deixar a escra­vidão africana dos séculos XVII e XVIII com vergonha. As mulheres são apenas animais domesticados que em tudo dependem da autorização do marido. Tudo está no Alcorão.

 

Essa digressão é apenas para conhecimento de algo inusitado que ainda existe e pouco se sabe em muitas partes do mundo. O fulcro real são os jogos até aqui realizados. No momento da escrita, falta apenas uma rodada para encerrar a fase de jogos entre gru­pos. Tenho ficado bastante irritado com os jogos. Estão muito ruins em termos de arte que o esporte permite.

 

Escrevi em algum lugar que o futebol é o es­porte coletivo com bola mais difícil de ser praticado. O número de pessoas é elevado; se usa o membro mais inapto para trabalho (pernas e pés) e, além disso, co­berto com uma chuteira. Para a ação há que se equili­brar no andar e no correr. Isso corresponderia, nos jogos de: basquete, vôlei, tênis e muitos outros espor­tes, praticados com a mão, a usar a mão com uma Luva de Box...

 

E plantando bananeira durante o equilíbrio nas ações. Portanto, a arte com bola nos pés é uma das mais difíceis quando se trata de esporte.

 

Mas até esta Copa tudo era arte. Dominar uma bola lançada de longe ou pra o alto; dribles; correr com a bola dominada e ainda olhar o campo de jogo para elaborar uma jogada; passar a bola a grande distância dando a força necessária para o companheiro chegar no tempo certo; o cabeceio com olhos abertos; o tempo certo do salto para atingir a bola no cabeceio (tempo de bola); com movimentos da cabeça dar direção na bola são atividades que requerem técnica praticada e aptidão; sem levar em conta ainda os malabarismos com os pés.

 

Houve um jogador brasileiro que dizia: “o drible sempre será mais bonito que o gol”. A velocidade, a corrida, era apenas a necessária para ter alguma vantagem. A arte no domínio da posse da bola, no drible, no passe, requeria trotes em campo.

 

Em geral os sul-americanos e os brasileiros em particular eram mestres nessa arte. Os europeus usa­vam a velocidade, no limite do atleta, e assim eram fa­cilmente driblados. Não precisavam de grande estatura e nem vigor físico. O esporte era para homens hábeis, rápidos. Sem a habilidade e sem a técnica os outros povos usavam a força física, o jogo de bola alçada para o uso das estaturas e a corrida no limite de cada um. Na virada dos anos 2000, alguns países europeus logra­ram ser campões do mundo. E a síndrome de vira-lata contida em nossa gente veio á tona. Passaram a copiar os europeus que há muito nos copiava.

 

Um maluco de um espanhol, copiando as habilidades brasileiras, passou a cultuar a POSSE DE BOLA. Assim obrigaria o adversário a se esgotar para tentar a posse, o que abriria a possibilidade de contra atacar e chegar ao gol. Por falta de habilidade, pra ter a posse de bola, tudo era marcado no campo. O jogador era proibido “sair do seu quadrado”. Treino até a exaustão para mecanizar. Pavlov ficaria com inveja.

 

E nessa Copa de 2022 conseguiram enfear mais ainda a arte do futebol. Juntaram a posse de bola com a correria antiga dos europeus. Para ter a posse ou retomar a posse todos vão até a exaustão. Chegam correr quinze km por partida. E a tentativa de retomar a bola vale tudo: capoeira, judô, MMA, Jiu Jitsu... O adversário aborda o jogador com a bola em alta velocidade. Como não consegue administrar sua velo­cidade, atropela, empurra, puxa, se joga sobre a bola e quase sempre chuta os pés do adversário, pisa nos pés ou, caindo, faz o que as crianças brasileiras chamam de “trança pé” e que na gíria futebolística é “carrinho”. Para os nossos repórteres esportivos isso é o máximo de modernidade. Até o goleiro precisa jogar mais com os pés que defender com as mãos. A exaustão é tanta que mudaram as regras de substituição: nessa Copa admite-se cinco substituição. Antes eram três.

 

Copiaram do futebol de salão, o toque curto de bola. Fazem isso até dentro da pequena área. Ninguém sabe chutar de fora da área grande. Jogadores que conheci e estão vivos devem chorar de tristeza: Pepe e Rivelino, canhotos, e Éder destro. Num jogo da Espanha vi o maior ridículo da Copa: Alguém, de frente para a meia lua da área grande, recuou para o seu goleiro do outro lado do campo.

 

Falam em antijogo. Falam em “fair play” cuja tradução deveria ser jogo honesto, sem dissimulação, sem “descaracter” (p’ra ser escriba moderno). Mas aceitam a simulações de faltas e os “gritos lacerantes” de empurrões e “carrinhos” onde não há contato; e o atingido sai correndo imediatamente comprovando que nada houve de contato. Vergonhoso!!! Ninguém sabe usar apenas o toque de ombro. Descaradamente em­purram com as duas mãos e os árbitros consideram certo.

 

As equipes são estruturadas assim: zagueiros acima de um metro e noventa... isso evita gol de bola parada; meio de campo com biotipo de maratonista pra correr o tempo todo, tentando posse de bola e raros dribles; atacantes de altura média, corredores de cem metros, troncudos para atuarem como carros de combate para derrubarem os zagueiros adversários e atropelares os meios campistas. As bolas são alçadas no chutão e os blindados saem correndo tentando ganhar na força. Quando tem o domínio da bola tentam entrar na área grande na tentativa de cavar um pênalti e ou chegar à área pequena e finalizar. Mais distantes, não possuem habilidade e a velocidade os impede de praticar a arte.

 

Em nenhuma copa, ao que assisto desde 1958, vi tantos chutes longe do gol. Ou a bola é inadequada, ou o gramado é impraticável... ou os jogadores são incompetentes, ao que mais acredito.

 

Acho que o mundo evoluiu muito... até no futebol.

 

Que enorme decepção!!!

 


 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: [email protected].

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