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Hiram Reis e Silva

A Terceira Margem – Parte CLXXX - Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LVI - Aportando em Manaus


Rio Negro - Aportando no CECMA - Gente de Opinião
Rio Negro - Aportando no CECMA

Bagé, 25.03.2021

 

Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LVI

 

Aportando em Manaus

 

Partimos de Iranduba, depois das 06h00, e chegamos ao Furo Paracuúba por volta da 09h00. O Paracuúba ([1]) serve de atalho às pequenas embarcações que descem o Rio Solimões, com destino a Manaus, permitindo adentrar ao Rio Negro.

 

No Negro, paramos em uma pequena praia para fazer a manutenção das embarcações, preparando-as para o lance final e depois aproamos para um dos lances intermediários da bela ponte do Rio Negro. Como chegamos muito antes da hora prevista, estacionamos embaixo de um dos imensos pilares, aguardando o momento adequando para aproar para o porto do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA). Como as ondas castigavam as embarcações e empurravam-nas perigosamente de encontro aos enormes tubulões de ferro, decidi deixá-las à deriva e aguardar o comando do Coronel Lister para realizar a aproximação. A correnteza do Negro praticamente não existia e fomos sendo empurrados lentamente pelos ventos Rio acima em direção ao nosso destino.

 

O Coronel Lister comunicou-se conosco pelo telefone celular e acertamos com ele o momento mais apropriado para a abordagem.

 

Depois de os repórteres embarcarem em uma embarcação do Comando Militar da Amazônia (CMA) e uma escolta fluvial vir ao nosso encontro, fomos autorizados a realizar a aproximação. Remamos vigorosamente, pela última vez nesta missão.

 

As ondas vinham pela alheta de bombordo e desorientavam a embarcação do Marçal, que não possui leme, prejudicando sua progressão enquanto o Cabo Horn, da Opium Fiberglass, surfava levemente sem tomar conhecimento do banzeiro.

 

Os repórteres, depois de nos escoltarem embarcados até aportarmos, nos acompanharam até uma confortável instalação do Centro de Embarcações que o Coronel Barros, E/5 do CMA, preparara para as entrevistas.

 

Foi com muita satisfação que ali encontrei meus ex-Cadetes, o General Antônio Leite dos Santos Filho, atual Comandante do 2° Grupamento de Engenharia e o Coronel Tavares, que foi Chefe do Estado Maior do 2° Grupamento. Lá estavam, também, o Cmt Túlio da PM, representando seus pares que nos deram apoio fundamental no Estado do Amazonas, o meu caro parceiro do CMPA, Tenente-Coronel Pestana, hoje Subcomandante do CECMA e o Paulino, um velho amigo da FUNAI que tive o privilégio de conhecer quando comandei a 1ª Cia Eng Cnst, do 6° BEC, sediada no Abonari, BR-174. O grande destaque da recepção em Manaus foi proporcionado pelos meus fiéis amigos pessoais e pelos repórteres. Senti muito a ausência do autor intelectual de minha missão, o TCel Pastor que, por problemas de saúde, não pode estar presente.

 

Como a missão se tratava de um reconhecimento de engenharia, executado por um oficial e duas praças da nobre arma de Cabrita, numa Expedição que levava o nome do Engenheiro Militar General Bellarmino Mendonça, nada mais justo que a maior autoridade presente por ocasião de nossa chegada fosse um digno camarada oriundo da arma do castelo lendário. Agradeço, sensibilizado, a todos aqueles, militares e repórteres que, abrindo mão de suas merecidas horas de lazer, em um domingo ensolarado às margens do majestoso Rio Negro, participaram de nossa vibração pelo cumprimento de uma missão em que as qualidades que mais cultuamos na vida castrense foram postas à prova e materializadas dia a dia, sobejamente, pelos expedicionários. Foi uma jornada de 83 dias, sendo 46 destes de árdua navegação pelos Rios Juruá e Solimões, uma média de 86 km/dia, enfrentando nestes 3.950 km, as mais duras provas de resistência, intempéries, desconforto, insalubridade, falta de apoio sem que jamais descurássemos de nosso objetivo. Mantivemos sempre, a todo preço, o “foco na missão”.

 

10 a 13.03.2013 – Manaus, AM

 

Além do apoio prestado, em Manaus, mais uma vez, pelos nossos caros amigos Paulino e Beto Moreno tivemos, desta feita, a oportunidade de conhecer um grande parceiro, até então virtual, chamado Walter Rezende. Um contabilista, advogado, compositor e poeta que foi, em 2012, Vice-Campeão da Terceira edição do Festival Amazonas de Música. Walter Rezende escreveu, em 2010, um livro de poemas chamado “Poesias Livres, de Versos Brancos e de Pés Quebrados”, que foi adaptado para ser inscrito no Festival sob o título “Amor e Silêncio”.

 

Fui convidado pelo General Santos Filho para fazer um breve relato da Expedição pelo Rio Juruá no auditório do 2° Grupamento. Fiquei emocionado com as gentis palavras que proferiu meu ex-Cadete e senti a arritmia tomar conta do coração e as lágrimas teimarem em brotar dos olhos deste velho canoeiro ao lembrar de como foram bons aqueles momentos passados na Academia Militar das Agulhas Negras, em que tive a honra e o privilégio ímpar de participar da formação de nossos jovens oficiais de engenharia.

 

Obrigado, General, é sempre bom ter nosso trabalho reconhecido e saber que as sementes lançadas por aquele instrutor caíram em seara fértil, fecundaram e hoje estendem generosamente seus frutos a este idealista incorrigível que sempre colocou a Pátria e o Exército acima dos interesses pessoais sacrificando com isso, não raras vezes, a saúde e o conforto seu e de seus familiares. Abracei esta carreira, seguindo os passos de meu Venerável e inesquecível pai, como um verdadeiro sacerdócio e, por isso, posso olhar para trás e sentir orgulho de cada ato, de cada atitude tomada sempre em nome da honra e do dever, procurando cumprir sempre minhas tarefas da melhor e mais digna maneira possível.

 

Solicito Publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

·     Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·     Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);

·     Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·     Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·     Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

·     Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·     Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·     Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·     Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

·     Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·     Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

·     Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

·     Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

·     E-mail: [email protected].



[1]   Paracuúba (Dimorphandra macrostachya): árvore amazônica de ramos grossos e muitas flores. Também é conhecida pelo nome de ataná.

Galeria de Imagens

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  • Boca do Furo Paracuúba
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