Quarta-feira, 11 de dezembro de 2013 - 16h00
HELDER CALDEIRA*
Escritor e Jornalista Político
www.heldercaldeira.com.br – helder@heldercaldeira.com.br
*Autor dos livros “ÁGUAS TURVAS” e “A 1ª PRESIDENTA”.
Desde que perdeu as eleições, em 2002, o PSDB parece confortável com a personagem que lhe restou: posar de Rapunzel da política brasileira, encastelada numa torre fria e distante, esperando um príncipe-eleitor chegar num cavalo azul-e-amarelo, subir por suas infindáveis tranças internas e, enfim, salvá-la do latino exílio.
Os tucanos, como que constrangidos, renegaram o papel de oposição, tão fundamental naquilo que se espera de uma democracia. Sucumbiram à elegância de Fernando Henrique Cardoso, num país que prefere crer que a inteligência é um instrumento de culpa e que, sistematicamente, cria — além de legitimar e idolatrar — outra espécie de seres a ocupar o papel dos “pensantes”, oníricos e chapados.
Escusas pelo parêntese. No Brasil, o “CDF” é cafona; ser inteligente é ser malandro; qualificação é um crime contra a tal justiça social apregoada na cartilha da “Esquerda Caviar” tupiniquim; não há mérito à inovação e à produção; intelectualidade é viés da vagabundagem; por aqui, o “Q.I.” responde ao léxico extrativista de “quem você conhece” nas esferas de poder e que possa indicá-lo aos seletos grupos de privilegiados, indiferente ao “quanto você conhece”. Fecho parêntese, lamentando a conclusão.
Ademais, as duas maiores figuras do PSDB atual são verdadeiras flâmulas da cacicagem tucana. O ex-senador, ex-ministro, ex-prefeito e ex-governador José Serra não se conforma com o próprio legado, como se diminuto fosse. Teme que as últimas derrotas sejam os capítulos principais de sua biografia política. Sob esse signo, comanda com mãos de ferro uma ala gigante do partido, tornando-a doente pelo anacronismo.
Noutra ponta, Aécio Neves quer vestir a fantasia jovem, calça jeans, papo relax, coisas que não lhe pertencem mais. Seu famigerado sobrenome não alcança as três últimas gerações — aquelas que foram às ruas em busca do tal “discurso da mudança” — e lhe rende apenas algum quinhão na fazenda mineira de São João del-Rei. “Do Rei”, fique claro. “O príncipe é mestiço”, como diria a extraordinária escritora britânica J. K. Rowling.
Para chancelar sua falta de habilidade com os novos tempos num país esquizoide, Aécio Neves tem a cara de pau de convidar os brasileiros para uma “conversa”. Conversa fiada. Infelizmente, a “Bananeira-Jeitinho” é miserável. A grande maioria é famélica e está viciada na doutrina do Estado servido num prato. Sem esforço. Sem responsabilidade. Sem mérito. O grosso caldo eleitoral brasileiro não quer “bater-papo”. Quer merenda!
Na esteira do “bate-cabeça” de outros megalomaníacos que acreditam ser detentores de setores inteiros da sociedade, Aécio caiu na armadilha de lamber o pé de uma turma de “ideólogos” que usam a sustentabilidade apenas em discursos pedestres. Não apagam luzes, não desligam carros, não reduzem tempo de banho, nem deixam de jogar videogame. Uma gente que se acha muito inteligente por sambar esverdeados num país de falso-carmim, sustentados, de fato, pelo Agronegócio que demonizam.
Com a “presidenta” Dilma Rousseff (PT) voando em céu de brigadeiro com seu coeficiente eleitoral ultrapassando 40% em tempos de companheiros-mensaleiros no xilindró e uma Marina Silva (quase Rede) transformada, mergulhada e atolada no socialismo — tão tergiverso, quanto burlesco — do presidenciável governador Eduardo Campos (PSB), o PSDB de Serra e Aécio insiste nos mesmos equívocos de um passado recente. Recentíssimo.
Oposição pífia e adestrada, jamais voltará a ser uma “Situação” digna. Será que eles não conseguem perceber isso? Ou querem persistir no erro para que lhes reste um discurso menos humilhante ante a derrota? Porque o que vejo, desde 2002 e sucessivamente, é um PSDB escrevendo o discurso da “derrota-consagradora” — ainda ousam chamar isso de “recall”... faz-me rir! —, em detrimento à realidade que lhes rende cada vez menos poderio, menos prestígio e, moral da história, menos representatividade.
Numa legenda de caciques cuja renovação é igual a zero, o caminho leva à lápide fria disposta num elegante gramado de saudosismos. O epitáfio diz: “Errar é humano. Persistir no erro é burrice”. Acorda, Rapunzel!
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