Clube empresa

O que é um clube empresa? Artigos acadêmicos dos mais variados calibres apresentam seus conceitos sobre o tema. É fácil compreender do que se trata e mais fácil ainda perceber que não é uma obrigatoriedade. O clube migrar de uma realidade associativa para tornar-se uma sociedade com fins lucrativos é complicado e exige, além de muito profissionalismo, um estudo aprofundado sobre o assunto. Nem todos tem condições de se adequar e nem todos precisam aderir à essa exigência.

Na Inglaterra, por exemplo, o conceito de limited companies existe desde o início do século passado. Ou seja, está no DNA do futebol britânico. As mudanças no esporte e a modernidade acabaram forçando outros países a pensar o futebol com outra mentalidade. Permitir, por exemplo, que o clube receba aporte de investidores. Financiamentos que mudam e melhoram os cofres da entidade, abrindo as portas para contratações, construção de obras, melhorias para funcionários e torcedores, ou acionistas, como no caso de Manchester United, por exemplo.

Na Espanha o Barcelona e o Real Madrid permanecem como associações e conseguem obter lucro e alcançar sucesso. Tem em seus sócios a grande força investidora. Mas a percepção dos dirigentes é de empresários com foco em resultados. Tem um clube para gerenciar e um negócio para manter. Em Portugal existem os clubes híbridos: sociedades anônimas desportivas. Nesse modelo eles permanecem como associações mas uma nova empresa é criada para administrar o futebol. Estilo que aos poucos passa a ser adotado no Brasil.

Infelizmente por aqui a Lei Pelé não trouxe uma luz sobre a questão. Muito pelo contrário. Aquilo que poderia melhorar a vida dos clubes, facilitando seu acesso aos investimentos e à modernidade, enredou agremiações em confusões jurídicas e interpretações, acabando por não transformá-los nem em uma coisa nem em outra.Isso para a realidade histórica de regiões onde a maioria dos clubes tem vínculo com seus sócios, sua sede, patrimônio, tradição, histórias, cores e bandeira.

Em alguns casos está se abrindo o espaço para marcas da iniciativa privada que aos poucos abraçam o futebol como forma de melhorar a imagem, criar programas de responsabilidade social e ao mesmo tempo ganhar dinheiro, como o Pão de Açucar ou a Red Bull.

Em Rondônia ainda não temos nenhuma das três realidades acima citadas. Não há o clube empresa, o híbrido e nem mesmo o clube. Os seis integrantes do futebol profissional ainda dão os primeiros passos da jornada. Existe uma diretoria, forma-se um time para o Estadual, mas ainda carecem de sedes patrimoniais, modalidades esportivas diárias no clube para associados, sócios pagando as prestações mensais para manutenção do trabalho e tudo o que conhecemos como  realidade em outras praças. Nada mais natural, para um futebol que ainda está engatinhando.

O que se pode esperar é que os modelos que deram certo possam ser seguidos. Sejam eles com característica de empresa, de associação ou um pouco de cada. E boa dose de humildade. Aprendendo com quem sabe, num passo de cada vez. Um dirigente de time disse dia desses numa emissora de rádio que o pessoal do Tá Na Rede não sabe nada de clube empresa. Pode até ser verdade. Mas como ainda não temos por aqui nem uma coisa nem outra, talvez o caminho seja aprender junto. Fazendo!



Fonte: Domingues Jr
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