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Abnael Machado

Homenagem da academia guajaramirense de letras a Dom Geraldo Verdier


Dia dois de maio em sessão solene, a Academia Guajaramirense de Letras, presidida pelo Acadêmico Paulo Cordeiro Saldanha deu início as suas atividades programadas para o exercício de 2013. Participaram do evento as autoridades municipais, eclesiásticas, militares, estudantes universitários, professores, o povo em geral e os acadêmicos Yedda Barzacov, Abnael Machado de Lima e Hugo Evangelista da Silva membros da Academia de Letras de Rondônia e o Professor Solano Lopes Convidado Especial, Constituindo esses a Comitiva de Porto Velho.

O evento de maior destaque foi o lançamento em noite de autógrafo, do livro “Paixão pela Amazônia” de autoria de Dom Geraldo Verdier Bispo Emérito de Guajará Mirim, membro da Academia Guajaramirense de Letras. O presidente deste silogeu, o homenageando pronunciou o seguinte discurso:

"Oitenta anos de esforços para fazer recuar a miséria e a injustiça em nossa região é um prazo bem curto. Vivemos ainda no tormento do desmatamento, dos sem-terra constantemente expulsos, dos índios desprezados, da corrupção ganhando terreno, do tráfico de drogas que tudo contamina".

O parágrafo inicial, que pude ler foi extraído do livro ora a ser lançado, sob o nome de "Paixão pela Amazônia", Amazônia tão exuberante e contraditória, tão pródiga, porém negligenciada, mas que será sempre uma das maiores obras do criador.

Desculpem-me meus senhores, mas este livro abre um tempo à denúncia social e representa um culto à história, consolidando a gratidão como uma virtude em que se ensina a fraternidade, como uma forma de se construir um tipo de Eucaristia, através dos exemplos deixados por Cristo, que ofereceu o amor como prática superior, logo divina, como se uma Missa Sagrada no campo físico se celebrasse sempre a elevação da alma, ofertando-se o pão social, que enaltece a vida e promove as conquistas materiais e espirituais de um povo.

Por essa e por outras razões a Academia Guajaramirense de Letras se engalana para agradecer ao autor, um dos mais ínclitos membros de nossa Instituição, pelo lançamento do livro "Paixão pela Amazônia".

Mas, me desculpem, ainda, meus senhores, este livro é um depoimento à vida e à cidadania; como um leito de um rio leva os sedimentos que reciclam a natureza, esta narrativa, que encanta e fascina num instante, noutro momento nos induz à reflexões, umidificando os nossos sentimentos com foco no amor maior, o amor ao irmão, aqui ao lado, ou mais distante.

Por exemplo, quando fala de Dom Francisco Xavier Rey, enaltecendo a sua obra, nos faz refletir sobre o porquê de um jovem idealista, nascido no Primeiro Mundo, representado, já naqueles idos de 1902, pela França renovadora, símbolo de uma cultura que agenciava tantas mudanças no mundo, o porquê desse jovem voluntarioso, repito, abandonar seu lar, a família e o conforto para vir para um país tropical e devotar-se, nesta Amazônia cujos habitantes são tão relegados a um plano secundário, mas que Dom Xavier Rey, transferindo-se para este lugar pôde cuidar de homens, mulheres e crianças, brancos, negros ou índios, oferecendo-lhes o abençoado cálice do catecismo, da educação e da saúde.

A mesma pergunta, o mesmo questionamento se fará-que desígnios encaminharam o sacerdote, depois Bispo Dom Roberto Gomes de Arruda a sair de Cáceres, percorrer os íngremes chapadões rondonienses, adentrar na planície alagada do rio Guaporé, e seus afluentes, percorrer, entre outros, os sinuosos rios Pacaas Novos e Negro Ocaia para devotar-se à causa indígena? Com a força e a intensidade que embalavam o seu acrisolado amor ao irmão mais fraco.

O mesmo questionamento se fará ao Autor desta memorável narrativa, cujo título "Paixão pela Amazônia" eleva Cânticos à historiografia regional, posto que, a exemplo de nosso ídolo Dom Rey, saiu da França, abandonando o conforto e a sempre abençoada convivência com os pais e irmãos, para dedicar-se de corpo e espírito à causa humana, representada pela oferta de sua juventude na intransigente defesa dos direitos dos despossuídos, dos desamparados, dos fragilizados pelo abandono dos poderosos que, vivendo em salas acarpetadas, perfumadas e c1imatizadas nem sempre têm a sensibilidade para olhar com preocupação, desvelo e ânimo cristão, visando a minorar os sofrimentos, amparando com decisões sábias e oportunas os menos favorecidos.

Mais uma vez me valho do Autor, Dom Geraldo Verdier, para citá-lo afirmando que "a nossa Igreja, através da Diocese de Guajará-Mirim, desde 1932, quando ainda era uma Prelazia em implantação, sempre esteve atuando, desde a sua fundação, na defesa dos direitos humanos, dos índios, dos migrantes, dos afro-brasileiros, dos carentes e excluídos da sociedade",

Este rico trabalho literário demonstra com galhardia o quão fecundo tem sido a hercúlea ação missionária, que transpõe a fronteira do religioso e se superpõe como agenciador de transformações sociais e cívicas, que acabaram elevando a cidadania de um povo, que só descobriu os valores da nacionalidade a partir da valorização do catecismo e do Evangelho, ombreado com a educação eficazmente conduzida pelas professorinhas do Guaporé, e pela freiras Calvarianas preparadas pela Igreja católica, através da visão e o descortino de Anjos corporificados aqui na terra, simbolizados pela ação edificante de Dom Rey, cujo exemplo foi seguido por Dom Roberto Arruda, Dom Geraldo Verdier e, agora mais recentemente, por Dom Benedito Araujo.

Que esta Obra Literária sirva de Norte a todos nós, herdeiros da ação missionária de homens da Igreja, que jamais mediram esforços para mitigar o sofrimento, ao tempo em que promoviam e promovem a elevação de seres humanos ao patamar que os inclui na cidadania e os faz entes à imagem e semelhança de Deus, Pai e criador.

Que assim Deus nos ajude!

Paulo Cordeiro Saldanha Presidente da AGL

 

O jornal Alto Madeira congratula-se com a Academia, em especial com Dom Geraldo Verdier augurando pleno êxito á sua produção “Paixão pela Amazônia”.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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