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Gente de Opinião

Abnael Machado

Cem Anos da Comissão Rondon (1909/2009) - 2


Cem Anos da Comissão Rondon (1909/2009) - 2 - Gente de Opinião

 A comissão foi constituída por duas seções, a do Sul composta por 42 expedicionários sob o comando direto do Coronel Rondon e do Norte comandada pelo capitão de artilharia Manoel Teófilo da Costa Pinheira integrada por 25 expedicionários.

A primeira tendo como principais assessores a seu comandante, os seguintes integrantes: Dr. Alípio de Miranda Ribeiro, Geólogo; Dr. Joaquim Augusto Tanajura, Médico; os tenentes João Salustiano Lira, Emanuel Silvestre do Amarante, Alencarliense Fernandes da Costa e Antonio Pirineu de Souza, encarregados respectivamente dos serviços de observações astronômicas e de vanguarda; levantamentos topográficos; comando de comboio de reforços e do comando de um pelotão. Os Índios Parecis Toloiri incumbido dos serviços de batedor e de caçador e o Zoôlô Uaikiá, interprete do idioma dos Índios Nhambiquaras. No Posto do Juruena juntaram-se a estes, os Drs. Cícero de Campos, Geólogo; Hoene, Botânico; Benedito Canavarro, Farmacêutico; Luiz Leduc Fotógrafo; os Tenentes Vilhena e Melo, o índio Kaloizorecê substituindo Taloiri vitimado de pneumonia.

Tinha por encargo realizar no espaço compreendido entre os rios Juruena e Madeira, no qual seria instalada uma das partes da linha telegráfica interligando a estação do Juruena a de Santo Antonio do rio Madeira, o seu reconhecimento, abrir picadões, mapear, fazer o levantamento topográfico, hidrográfico, geológico, mineralógico, botânico, zoológico, etnográfico, astronômico e coletar amostras da biota para as respectivas instituições.

A segunda tinha como principais auxiliares ao Capitão Manoel Theophilo da Costa Pinheiro, o tenente Amílcar Armando Botelho de Magalhães, o inspetor dos telégrafos Francisco Xavier Junior e o médico Dr. Paulo Fernandes Santos. Tendo por incumbência proceder a exploração do rio Jaci-Paraná desde sua foz até suas nascentes; transportar e armazenar víveres, roupas, medicamentos e equipamentos para prestar auxilio à equipe da seção Sul, provavelmente exaurida após a longa e difícil jornada na selva percorrida. Para tanto devia instalar acampamentos no alto de Jaci e ali aguardá-la.

Epopéia Vivida no Transcurso da Selva Amazônica 

 

Junho de 1909
Dia 02
Os expedicionários da Seção Sul, iniciaram seu trajeto rumo a serra do Norte, saindo do Posto Juruena.
 
 
 
Dia 09
Seguiam por uma trilha tendo Rondon distanciando-se à frente, surpreendeu um grupo de uns dez índios guerreiros Nhambiquaras, hostis à Comissão, caminhando distraídos em sentido contrario, em sua direção, ficaram frente a frente. Os índios pararam por um instante, afastando-se lentamente para a lateral do caminho penetrando na floresta. A tropa ficou alarmada, visto na expedição do ano de 1907, terem sido atacados por esses índios.
Dia 11
Acamparam na margem do rio Nhambiquara, neste chegaram dois soldados trazendo correspondências do Posto de Juruena, das noticias recebidas, havia o triste comunicado da morte do índio Toloiri, prestimoso e eficiente guia das expedições de 1907 e 1908, amigo distinguido por Rondon.
Dia 12
Continuando a marcha avistaram a serra do Norte, alcançando Campos Novos, ultimo acampamento da 2ª expedição de 1908. Encontraram os suprimentos de viveres constituídos de conservas enlatadas e outras não perecíveis que haviam deixado enterrados, assim como os sete bois esqueléticos e exaustos que ai ficaram, apareceram restabelecidos, gordos e bem nutridos, mediante o que Rondon resolveu instalar uma fazenda, escolhendo uma elevação rodeada de nascentes com fartas águas. Sobre esta construiu um barracão para a sua sede, batizando o local com o nome de Veado Branco, designado seu administrador, o inspetor Severino Godofredo de Albuquerque auxiliado por dez trabalhadores para o manejo do gado (40 bois, 21 burros, 3 cavalos) e mais os mandando vir de Cuiabá e fazerem plantio de cereais, legumes e mandioca, com a recomendação de conquistarem a amizade dos indígenas.
Dia 20
Reiniciaram a marcha atravessando a densa floresta abrindo caminho a terçado. A longa caminhada de intenso trabalho e estafante cansaço durou nove dias.
Dia 29
Chegaram ao cimo da serra do Norte, acamparam na cabeceira de um rio dando-lhe o nome de Comemoração de Floriano e ao topo do chapado no qual se desdobravam para satisfação de todos, imensos campos, sendo-lhes denominado “Vilhena” em homenagem a Álvaro Coutinho de Vilhena, engenheiro chefe da Carta Telegráfica da Republica e Diretor Geral dos Telégrafos (1900/1902), faleceu em 1904, na cidade de Fortaleza/CE. A expedição chegava no atual espaço físico limitado pelo estado de Rondônia. Local exuberante, muito freqüentado pelos índios Parecis em suas caçadas. No imenso campo de gramíneas forrageiras, soltaram os cansados bois depauperados quase sem condições de se locomoverem.
Dia 30
Receberam noticias do Posto Juruena comunicando os falecimentos dos engenheiros Cícero de Campos e Antonio Lins Vitimados por beri-beri, e a do Presidente da Republica, Dr. Afonso Pena, protetor da Comissão de Linhas Telegráficas.
Neste mesmo dia, encontraram pela frente a densa floresta, explorando-a em três direções. O tenente Lira, ruma a Oeste; o índio Kaluizorceê, rumo ao Sul; e o Coronel Rondon, rumo ao Norte em busca de encontrarem seu térmico, seguido de vegetação campestre, exploração em vão, a floresta era continua, sem fim. Desistiram retornando ao acampamento, ao qual a noite chegou um estafeta do Veado Branco, trazendo uma carta do fotografo Leduc comunicando que o soldado Rosendo havia sido gravemente ferido por uma flecha dos Nhambiquaras.
 
Julho de 1909
 
Dia 01
Dr. Tanajura acompanhado por três soldados seguiam para Veado Branco, a fim de socorrer o soldado Rosendo, o qual apesar do grave ferimento aberto em seu peito pela flecha, por pouco não atingido o pulmão. A competência e dedicação do Medico lhe salvaram da morte.
Dia 02
Continuaram a exploração da floresta exigindo estafante trabalho acampando a noite no local alcançado. O tenente Lira atingiu 14 quilômetros de reconhecimento e o tenente Amarante 50 quilômetros chegando a um rio desconhecido, o denominando Piroculuina. Encontravam muitos vestígios de índios.
Dia 08
O tenente Lira mandava informar ao comandante que se encontrava a 30 quilômetros do acampamento dentro de densa e interminável floresta constituída por arvores gigantescas e os trabalhadores esgotados. Rondon concluiu que não encontrariam novos chapadões de campos gerais no rumo do Oeste, que a floresta se estenderia até o declivel da vertente principal do vale do rio Guaporé, se intercalando com os campos alagadiços situados entre os rios Corumbiara e Cabixis.
Dia 19
Em exploração rumo a Noroeste, saíram do acampamneto de Comemoração Rondon, Leduc e Dr. Miranda Ribeiro, avistaram nitidamente o divisor de águas entre o rio Guaporé e o rio que na carta geográfica constava com o nome de Jamarí, coberto pela densa floresta. Sendo decidido mandar suspender a abertura de picadões naquela direção.
Dia 27
Esses três e mais cabo Lucio penetraram na floresta seguindo por uma trilha de 51 quilômetros aberta pelo tenente Lira e Amarante. Acamparam na margem de um rio dando-lhe o nome de Veado Preto.
Dia 28
Atravessaram os rios Alataguiri-Suê e o Zolôzôlô-Suê.
Dia 30
Chegaram na pousada do tenente Amarante seguindo todos em busca do tenente Lira.
Dia 31
Ao encontrá-lo fizeram a avaliação das explorações realizadas as quais abrangiam um grande circulo fechado que atravessava duas vezes o rio Piroculuina e chegava a vertente Oeste da serra dos Parecis, no rio Branco afluente do Guaporé.
 
Agosto de 1909
 
Dia 1º a 11
Decidiram estabelecer outro acampamento no local ao qual denominaram Uruçu, para base das excursões de reconhecimento. Em uma destas descobriram no paralelo 12°39’1” um módulo com nascentes de vários cursos d’águas divergindo em diferentes direções, o denominaram cabeceira de Uru. Sendo decidido descobrir a qual bacia pertencia cada um dos rios encontrados, se a dos tapajós, a do Guaporé, a do suposto Jamari.
OBS: Rios com nascentes em Uru são: O Iquê, sub-afluente dos Tapajós; Tenente Marques, subafluente do Roosevelt; Comemoração de Floriano e Pimenta Bueno, formadores de Ji-Paraná; Barão de Melgaço, afluente do Ji-Paraná; Branco; Corumbiara e Cabixi, afluentes do Guaporé; Roosevelt, afluente do Madeira.
Elaborar o mapeamento e definir a rota que conviria a expedição a seguir.
Dia 12
Os trabalhos de exploração foram divididos por três turmas: Uma comandada pelo Tenente Lira procederia na direção Leste; a segunda sob o comando do Tenente Amarante na direção Norte; a terceira comandada por Rondon encarregada de fazer o levantamento do vão encerrado pelas florestas que descreviam grandes curvas do Sul pra Norte e para o Nordesde.
Dia 16
Encontraram um rio com 12 metros de largura, opinando o tenente Lira, que era afluente do Guaporé, do que discordava Rondon, achando ser um dos formadores do rio Jamarí na posição que se encontrava nos mapas que utilizavam. Não havendo consenso, o denominaram rio da Dúvida. Concluídas essas explorações foi definido que a rota a seguir seria pelo divisor de águas Comemoração de Floriano/Dúvida, atravessando o vale deste ultimo, seguindo o rumo Noroeste, até o meridiano de 26°, no paralelo 11°, deste tomando a direção do Oeste, descendo pelo vale do rio Jaci-Paraná, até encontrar a expedição da Seção Norte do Capitão Costa Pinheiro, juntando-se o pessoal das duas seções, prosseguiram descendo o tio Jaci-Paraná até a sua foz na margem direita do rio Madeira.
Dia 18 a 27
Estabelecido um roteiro rumo ao Norte, os expedicionários deixaram os acampamentos do Comemoração e de Uruçu, após 50 dias de trabalho preparatórios para a definição a seguir. Além do levantamento geográfico, concluíram que aí terminavam os Campos Gerais do Parecis (Vilhena), e começava uma exuberante floresta abundante em seringueiras, variadas palmeiras, gigantescas árvores de madeira de lei. A fauna rica em pássaros coloridos, onças, veados, porcos, macacos, pacas, cotias, tamanduás, quatis e outros animais de pequeno porte. Os bois cargueiros estavam exaustos e desnutridos, obrigando os expedicionários a abandonar os apetrechos menos essenciais.
Dia 21
Retomaram a marcha rumo ao Norte, encontravam-se a 178 km de Juruena.
Dia 28
Encontraram uma área alagadiça na qual se originavam vários cursos d’água, ai se detiveram até o dia 30.
Dia 31
O tenente Lira que seguia na dianteira descobriu um vastíssimo campo,no qual os expedicionários acamparam, sendo lhe dado o nome de Campo dos Palmares de Maria Molina, aí soltaram os bois cargueiros já quase sem terem condições de se locomoverem. Daí em diante o que lhes eram essencial conduziam nas costas em suas mochilas.
 
Setembro de 1909
 
Dia 1° a 13
No percurso realizado nestas duas semanas encontraram muitos vestígios de índios e malocas recém abandonadas. O tenente Lira por acaso fez o primeiro contato com os parecis, encontrou-se com uma índia conduzindo uma criança, tentaram se falar, mas não conseguiam se entender, visto que o índio interprete não conseguia traduzir o que ela falava. Continuaram a marcha e começava a faltar alimentos, Juruena local de abastecimento já se encontrava a centenas de quilômetros de distância.
Dia 14
Passaram por uma aldeia de índios que estava desabitada. O que chamou a atenção foi o formato cônico das construções cujo estéio central com ponta terminal em forquilha ultrapassando a cobertura, destoava inteiramente dos formatos das habitações dos indígenas da América do Sul, se assemelhando as palhoças africanas, conjeturando Rondon, que esses índios tenham imitado o formato de habitações do quilombo do rio Quaritezê (Piolho), dos negros fugidos das minas de ouro do Guaporé, na segunda metade do século XVII (1795).
Dia 17
Reencontraram o rio Comemoração no seu baixo curso.
Dia 21
Encontraram um volumoso rio, dando-lhe o nome de 21 de Setembro.
Dia 28
Descobriram mais um rio, o qual denominaram Barão de Melgaço. O leito destes dois rios apresentavam grandes camadas de cascalhos auríferos, sinal da existência de abundantes jazidas de ouro. Rondon deduziu ser este sitio das celebradas Minas de Urucumacuã.
 
Outubro de 1909
 
Dia 11
Estavam a 354 quilômetros distante de Juruena a 18°7’00” de longitude Ocidental e 11°49’15” de latitude Sul, descobriram um rio, o denominando Pimenta Bueno, constataram que era o rio com nascente no nódulo de Uru, que haviam denominado Piroculuino.
Dia 12
Foi construída uma canoa de 10 metros de comprimento e 1,50 metros de boca, para descer e explorar o Pimenta Buneo, sendo destacados 14 dos expedicionários para esta missão, iniciada dia 13, ficando com Rondon os 28 restantes, o que facilitaria se alimentarem com recursos fornecidos pela floresta, e os primeiro pelos obtidos do rio.
Dia 23
Chegou o Tenente Alencarliense com o que restou dos víveres conduzidos pelo comboio de socorro aos expedicionários, cuja mais da metade da carga foi sendo abandonada pelo caminho, conforme os animais cargueiros iam caindo de cansaço e fome no percurso de Juruena a Pimenta Bueno, onde chegaram os soldados e seu comandante, carregando os fardos restantes nas costas. A expedição foi dividida em três coluna, a primeira comandada pelo Tenente Alencarliense auxiliado pelos doutores Miranda Ribeiro e Augusto Tanajura, para fazer o levantamento do rio Jamari o qual configurava nas cartas geográficas como afluente do Pimenta Bueno. A segunda dirigida pelo Sargento Idalécio Rondon para regressar ao Retiro do Veado Brando e ao Juruena recolhendo os animais, víveres e materiais abandonados ao longo da picada e a terceira sob o comando do Coronel Rondon, para prosseguir o reconhecimento rumo o Norte/Oeste. Esta foi dividida em três seções, uma comandada pelo tenente lira, encarregada da abertura de picadas, outra dirigida pelo tente Amarante, encarregada de fazer o levantamento e a última comandada pelo tenente Pirineus, para fazer os serviços de intendência de carregadores. Esta coluna avançando penosamente para o Madeira, sempre em meio à floresta, no período de 23 de Outubro a 12 de Novembro, descobriram vários cursos d’água dando aos de maiores destaques os nomes de Luis de Albuquerque, Antonio João de Moura, Lacerda e Almeida, Luis D’Alincourt e Ricardo Franco julgando todos serem afluentes do Jamarí, devido erros das cartas geográficas. Na realidade eram todos afluentes da margem esquerda do Ji-Paraná.
 
Novembro de 1909
 
Dia 13
Os expedicionários submetidos a ingentes sacrifícios, chegaram ao ponto no qual o paralelo de 11° de latitude Sul é cortado pelo meridiano de 20° de longitude Oeste, que pelas cartas geográficas deveriam se encontrarem próximas das cabeceiras do rio Jaci-Paraná, aonde encontrariam o acampamentos da Seção Norte lhes prestando apoio. Encontraram um igarapé, julgando fazer parte das aludidas cabeceiras, decidiram descer acompanhando o longo do seu curso, embora este seguisse a direção Norte/Leste, contrária da posição das tais nascentes, no sentido Norte/Oeste.
Dia 25
Encontraram em sua margem duas árvores marcadas com inscrições e as uns 8 km mais baixo, latas vazias de conservas de leite condensado, uma tigela de louça colorida e outros objetos, pareciam confirmar a suposição de se acharem próximos as nascentes do rio Jaci-Paraná.
Dia 26
O tenente Lira com sua turma na vanguarda da expedição, ouviram alguém gritar do interior da floresta “Estou perdido nesta mata!” O tenente correu na direção da voz, prevendo encontrar algum dos homens da Seção Norte. Deparou-se com um jovem branco, alto de olhos azuis, cabelos loiros compridos, no ultimo estado da miséria física, conseqüente de longuíssimos padecimentos e privações.Sob forte emoção, chorando disse se chamar Miguel Sanka, com 24 anos de idade, seringueiro empregado nos seringais do Urupá, no rio Gi-Paraná, doente com malaria, resolveu penetrar na floresta caminhando sempre na direção Oeste para chegar à Bolívia. Perambulando a mais de um mês pela floresta, sentindo-se muito fraco decidiu construir um tapirí e neste aguardar a morte certa por inanição. Os expedicionários acharam que o rapaz estava com a mente afetada pela loucura, visto que, ele saindo de Gi-Paraná caminhando sempre no rumo do Oeste, não poderia estar ali, sem cruzar o rio Jamarí. Para ser verídica a trajetória por ele descrita, era de supor que as cartas geográficas estavam incorretas em relação aos posicionamentos dos rios Jamarí, Jaci-Paraná e Gi-Paraná.
Dia 27
Procederam um reconhecimento do curso d’água que vinham margeando, concluindo não ser afluente do Jaci-Paraná, decidindo abandoná-lo e continuar a caminharem na direção do Norte/Oeste.Antes, porém, construíram uma canoa para sob o comando do Tenente Pirineu conduzir  os treze doentes, Miguel Sanka, os objetos restantes e os instrumentos de engenharia, descendo por esse rio, que descobriram ser o Jaru, afluente da margem esquerda do Gi-Paraná, por este chegar ao Madeira em Calama, juntando-se aos expedicionários que ai deveriam ter chegado descendo o Pimenta Bueno e o Gi-Paraná.
 
Dezembro de 1909
 
Dia 08
O Tenente Piríneu iniciou a decida do rio Jaru desconhecido.
Dia 10
Rondon, os tenentes Lira e Amarante acompanhados por seis soldado e seis trabalhadores civis, reiniciaram a exploração rumo ao Norte/Oeste em demanda ao rio Jaci-Paraná.
Dia 13
Descobriram mais um rio, julgaram ser afluente do Jaci-Paraná, em duas árvores fizeram uma inscrição assinada por Rondon e pelos dois tenentes: “C.L.T.E.M.G.A.* Expedição Exploradora da Linha Tronco (Comissão de Linha Telegráfica Estratégica Mato Grosso/Amazonas) - Ponto de chegada – km 1.297 – a partir de Cuiabá – 13 de dezembro de 1909”. Prosseguiram margeando o rio, ao encontrarem um casal de seringueiros, foram informados que aquele rio era o Pardo afluente do Canaã, na margem da qual haviam muitos seringais. Hospedaram os exploradores em uma barraca próxima a sua morada. Os abasteceram com farinha de mandioca, sal, gordura, carne salgada de caça e macaxeira, não aceitaram pagamento em dinheiro e nenhuma retribuição.
Dia 14
Seguiram para o barracão do proprietário do seringal do rio Pardo, no trajeto passaram por varias barracas de seringueiros. Foram reabastecidos pelo seringueiro José Raimundo do Nascimento (apelidado por Aracati), lhes obsequiando com feijão, farinha de mandioca, banha e açúcar. Tiveram caloroso acolhimento no barracão do senhor Frota proprietário do rio Pardo, obtendo vestuário novos substituindo os farrapos que já não os conseguiam cobrir. Daí se dirigiram para a foz do rio Pardo no Canaã, embarcaram num batelão que os levou rio abaixo até o barracão do seringal Escalvado. Deste por terra, chegaram ao seringal Bom Futuro na margem direita do rio Jamari, pouco acima da confluência do Canaã, a 10°2’00” de latitude Sul e 28°18’00” de longitude Oeste. O encontro com o casal de seringueiros no rio Pardo, confirmou ser correta a narrativa do perdido Miguel Sanka, e de estarem erradas a arquitetura geográfica do espaço geográfico entre os meridianos 17° e 20° de longitude Oeste. Os rios que constatavam nos mapas como formadores do Jamari, na realidade eram formadores do rio Gi-Paraná. O erro das cartas havia inutilizado os cálculos e roteiros do projeto inicial, exigindo sua reformulação. A linha telegráfica projetada, partindo de Vilhena rumo ao Norte seguindo pelo vale do Jamari até o curso médio deste rio e daí seguindo na direção do Oeste até alcançar as cabeceiras do rio Jaci-Paraná, por este descendo até sua foz no rio Madeira, foi modificado para do médio Jamari prosseguir rumo ao Noroeste até o povoado de Santo Antonio na margem direita do rio Madeira com ramais para Abunã, Rio Branco/AC e Experidião Marques (Guajará Mirim).
Dia 20
Em Bom Futuro embarcaram numa pequena lancha movida a querosene iniciando a descida do rio Jamarí.
Dia 25
Chegaram à tarde na foz do rio Jamarí na margem esquerda do rio Madeira. O corneiro emitiu o toque “5° Batalhão de Engenharia – Vitória”.Haviam percorridos as florestas do noroeste da Amazônia compreendidas entre os rios Juruena e Madeira.
Dia 31
Chegaram ao povoado de Santo Antonio subindo o rio Madeira, após oito meses de exploração da selva do Noroeste de Mato Grosso e percorridos 2.850 quilômetros executando trabalhos de abertura de picadões o principal e 200 quilômetros de variantes, de levantamento topográfico de 1.211 quilômetros do percurso; levantamento de 354 quilômetros do rio Jamari entre a confluência com o rio Canaã e sua foz no rio madeira; de levantamento dos rios: Gi-Paraná pelo tenente Alencarliense e o zoólogo Miranda Ribeiro; Jaru pelo tenente Pirineus; e Jaci-Paraná pelo Capitão Pinheiro. De determinação de 24 posições geográficas. Os trabalhos de levantamentos totalizaram 2.232 quilômetros.
 
Janeiro de 1910
 
Dia 01
Rondon por intermédio do extrativista boliviano Dom Fidelis, proprietário de seringais nas proximidades da foz do rio Jaci-Paraná, enviou um despacho autorizando o Capitão Pinehiro a deixar o acampamento de Campo Grande na cabeceira deste rio, retornando para o Rio de Janeiro desfazendo a Seção Norte.
Dia 06
Com destino à Manaus, Belém e Rio de Janeiro, embarcaram em um navio em Santo Antonio. O Coronel Rondon e os Tenentes Lira e Amarante ao passarem por Calam encontraram o pessoal das turmas trazidas via fluvial pelos rios Pimenta Bueno/Gi-Paraná e Jaru/Gi-Paraná, instalados em barracões, hóspedes da empresa extrativista Ascencia & Cia., patrões do Miguel Sanka, dos quais obteve o compromisso de lhe restituir a liberdade perdida em decorrência das dividas feitas relativa ao contrato de trabalho como seringueiro, permitindo-lhe retornar a São Paulo, de onde viera para a Amazônia. Tendo se agravado o estado de saúde em conseqüência os acessos febris da malaria, o Coronel Rondon desembarcou em Salvador/BA, seus acompanhantes prosseguiram viajem para o Rio de Janeiro.
 
Fevereiro de 1910
 
Dia 06
Desembarca no Rio de Janeiro o coronel Rondon, declarando concluídos os trabalhos de exploração e levantamentos do espaço geográfico compreendido entre a bacia fluviais dos rios Juruena e Madeira, para a construção da linha Telegráfica Mato Grosso/Amazonas,

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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